Para as populações que vivem nas áreas mais periféricas da cidade, afastadas do Centro, não faltam necessidades. Da rua de difícil acesso até a falta de emprego e passando pela mínima oferta de atividades culturais, quem vive em bairros como o montenegrino Senai tem uma série de dificuldades. Na mesma medida dos problemas, não falta vontade da população local para mudar isso. Na manhã de sábado, 29, uma atividade do coletivo Embolamento Cultural de Montenegro reuniu integrantes do bairro e a Deputada Estadual Luciana Genro (PSOL), numa troca de ideias para que das demandas nasçam soluções.
Pedro da Silva, conhecido como MC Pedrão, lembrou das carências da população do Senai e, também, de outros bairros. Ações para melhor são tentativas constantes, mas costumam esbarrar na falta de apoio. “Precisamos nos unir, juntar a todos para fazer a diferença”, destacou. Lembrando que aquele encontro era político, porém, de política social e não partidária, Pedrão salientou a intenção de melhorar e não distribuir culpas. “Tem que unir todas as pessoas ou partidos, buscamos apoio e convidamos a todos para poder mostrar as nossas dificuldades. Não é criticar um que deixou de fazer, mas chamar a todos para contribuir”, defendeu o líder comunitário. “E não é só o pessoal do rap, é pra todo mundo. Só assim vamos conseguir descentralizar e trazer ações para as nossas comunidades”, concluiu MC Pedrão.
Muitos temas foram levantados à deputada que salientou não ter a possibilidade de agir como o Poder Executivo. “Nós deputados não temos a caneta do Executivo para decidir por determinadas ações. O que podemos é fazer propostas para melhorar a vida das pessoas”, disse Luciana.
Questões de preconceito racial, contra a mulher e aos LGBT também foram citadas. Luciana Genro citou que, sendo uma mulher branca, heterossexual e de classe média, além de deputada, sabe que é privilegiada, não sofrendo das mesmas dificuldades das pessoas que a cercavam. “Precisamos do fortalecimento das políticas públicas para quem está mais vulnerável. Vejam os feminicídios. Claro que uma mulher rica, mesmo que com uma fragilidade emocional, conseguirá mais facilmente sair de uma relação abusiva, porque terá mais estrutura. A pobre tem a dependência financeira”, destacou a deputada, criticando o enfraquecimento das políticas públicas a esses grupos da população. “A mulher não aceitará mais se submeter, o negro não voltará à senzala e o LGBT não voltará pro armário”, finalizou Luciana.