FOGO CRUZADO? Sinistros ocorreram no Santo Antônio e TV Cap. Porfírio
Dois incêndios ocorridos na manhã desse domingo, dia 31, em Montenegro, são investigados pela Polícia Civil. Um dos casos ocorreu no bairro Santo Antônio. Já o segundo, seria uma manifestação de vingança ao primeiro, dizem moradores. No meio do “fogo cruzado”, um homem acabou sendo encaminhado em estado grave para atendimento hospitalar em Porto Alegre e outras 11 pessoas estão desalojadas.
A Polícia Civil apura se os dois incêndios foram criminosos. “Estamos trabalhando com essa suspeita, foi chamada a perícia para os locais, então estamos investigando se houve uma relação, se foi criminoso, qual desses incêndios foi criminoso ou se ambos foram criminosos”, destaca o delegado André Roese.
O primeiro sinistro ocorreu por volta das 5h30min em uma residência localizada no prolongamento da rua Ramiro Barcelos, no bairro Santo Antônio. O Corpo de Bombeiros foi acionado para conter as chamas, mas a casa foi totalmente devastada pelo fogo. No local residia Luciana Aparecida da Silva, de 42 anos, e seus três filhos. O filho mais velho, Henry Gabriel Ferreira, de 22 anos, era o único que estava em casa na hora do acontecido.
“Eu acordei no desespero e a casa já estava pegando fogo na parte da frente, então eu desci pela parte de trás e vi que já estava tomada pelo fogo, não tive como salvar nada”, conta Henry. Segundo ele, a suspeita da família é que o incêndio tenha sido provocado pelo ex-namorado da mãe. “Eu estava com o celular da minha mãe e ele ligou a noite toda pra ela”, relata o jovem.
A família está abrigada na casa de parentes e agora conta com a solidariedade da comunidade para tentar recomeçar. Uma vaquinha online está arrecadando doações em dinheiro e também foram doados um fogão, uma geladeira e um colchão. Quem quiser realizar alguma doação pode entrar em contato nos telefones 980341920 ou 99968 5385.
O segundo caso de incêndio foi registrado por volta das 6h30min – na casa onde morava o suspeito pelo sinistro no bairro Santo Antônio – na Travessa Capitão Porfírio, no Centro. O fogo que teve início na residência também acabou atingindo oito apartamentos de um prédio ao lado, onde fica localizada uma pensão.
“Trabalhei minha vida inteira para ter esse cantinho”
Dona Margarete Silva, de 60 anos, e o marido Élio Ganzer, 55, são os proprietários da pensão atingida pelo incêndio provocado na casa do vizinho. As chamas destruíram todo o andar superior do prédio, gerando prejuízo de cerca de R$100 mil ao casal. “Eu gastei mais de R$66 mil pra reformar, faz uns nove meses que terminei a reforma. Agora que terminei de pagar as prestações do material de construção”, conta seu Élio. Não houve tempo para retirar nada de dentro dos cômodos.
Dona Margarete diz que ouviu muito barulho na casa ao lado antes do fogo começar. “Entraram ali e quebraram tudo que tinha lá dentro. Acho que estavam procurando o morador”, conta. Para ela, pessoas relacionadas a família da ex-namorada do suspeito atearam fogo na casa como forma de vingança. Imagens da câmera de segurança da pensão foram entregues para a Polícia, com o intuito de auxiliar na investigação.
Henry, filho de Luciana, diz que foi até a casa por que achou que a mãe estivesse “presa” lá. Ao arrombar a porta, percebeu que o suspeito estava sozinho em uma peça. O jovem nega que alguém de sua família tenha provocado o incêndio. “Foi ele mesmo que colocou fogo”, afirma.
O jovem diz que o suspeito já havia tentado incendiar a casa de sua mãe. “Ele viva ameaçando”.
Morador está no HPS em Porto Alegre
Um jovem de 20 anos que residia na pensão inalou fumaça e precisou ser retirado do local nos braços de outro morador. Waldemar Pontes Júnior, de 39 anos, foi quem socorreu o rapaz.
“Acordei com a batida na porta e os gritos da vizinha dizendo pra descer que estava pegando fogo. Tinha muita fumaça no quarto. Quando saí de dentro vi o vizinho tonto, quase desmaiando”, conta Waldemar. “Peguei ele e a fumaça se transformou em chamas, queimando nossas costas. Pulei para o telhado da casa ao lado e um morador colocou uma escada e nós conseguimos descer”, lembra.
O rapaz socorrido teve queimaduras na garganta, provocadas pela inalação da fumaça, contam os donos da pensão, e foi encaminhado para o HPS de Porto Alegre. Já Waldemar não se feriu, mas perdeu tudo, tendo agora somente a roupa do corpo. “Aconteceu, não tem o que fazer. O importante é a vida da gente, o resto a gente corre atrás”, consola-se o trabalhador.
Solidariedade na necessidade
O primeiro gesto de solidariedade dessa história é protagonizado por Estéfani Azevedo, 20 anos. A moça foi uma das primeiras a acordar e ajudou a evitar transtornos ainda maiores. “Fiquei apavorada. Chutei as portas gritando pra que acordassem”, conta.
Depois do susto, o desespero de não ter para onde ir começou a assombrar os inquilinos. Mas os donos da pensão tomaram uma atitude solidária. “Acolhemos todos eles aqui junto com a gente. São ótimas pessoas, sempre pagaram o aluguel direitinho, a gente não pode deixar eles na mão”, diz dona Margarete.
Além de dar abrigo, ela e o esposo estão compartilhando os próprios alimentos com os “convidados”. O problema é que o casal não sabe até quando conseguirá arcar com as despesas, pois o sustento vinha dos alugueis.
Doações são fundamentais
Os inquilinos da pensão estão dormindo de forma improvisada, onde funcionava um antigo bar dos proprietários da pensão. Eles precisam de todos os tipos de doação, desde mantimentos, lençóis, travesseiros, colchões, roupas femininas e masculinas.
Além disso, seu Élio Ganzer espera contar com a boa vontade da comunidade na doação de materiais de construção para conseguir reerguer as instalações queimadas. Os números para contato com o casal são 51 9 9703 1276 e 51 9 9695 9531.