Após abrir caminho para mulheres na BM, coronel Cristine se despede da corporação

A coronel Cristine Rasbold foi recebida com honrarias para sua despedida como chefe do Estado-Maior da Brigada Militar, nessa segunda-feira, dia 9. Emocionada pela recepção no Quartel do Comando Geral, após 35 anos de instituição, a coronel encerrou um ciclo iniciado em 1986.

A oficial deixou um importante legado na instituição. Além de integrar a primeira turma feminina da Brigada Militar, foi a primeira mulher em uma função do alto escalão da instituição.

No início da tarde, coronel Cristine participou de uma reunião virtual de despedida com todas oficiais femininas da BM. O descerramento da foto da então chefe do Estado-Maior, instalada na galeria dos ex chefes do cargo, marcaram o ato de despedida da oficial.

Em seu discurso a oficial frisou emocionada o marco da sua caminhada na Brigada Militar. “Minha história na instituição, que encerra hoje, faz parte de uma geração pioneira que abriu o caminho profissional para as mulheres na Brigada Militar “.

 

Os desafios da carreira

Quando ingressou na carreira militar, em 1986, um dos maiores desafios era ser mulher em uma instituição que até então tinha apenas homens em suas fileiras. Coronel Cristine fez parte da primeira turma, com apenas 10 mulheres que construíram o referencial da mulher na polícia gaúcha. Mais de 30 anos depois, assumia a função de Chefe do Estado-Maior, sendo a primeira mulher a assumir a posição. A oficial relembra os sentimentos que a motivaram a aceitar o desafio. “Pensei na minha turma, a pioneira, aquelas primeiras mulheres na BM, nas oficiais, sargentos e soldados que conquistaram seu espaço na instituição, em tudo que nós tivemos que mostrar valor, na identificação, na aceitação e na quebra de paradigmas”.

Para a oficial, o caminho dentro da Brigada Militar foi longo, mas não foi pesado. Coronel Cristine conquistou muitos amigos e desempenhou com excelência os serviços nas mais diversas seções e batalhões que serviu. E não foram poucos: atuou em unidades operacionais e de ensino da Capital, comandou o 1º Batalhão de Polícia Militar (1º BPM), em Porto Alegre e do 36º BPM em Farroupilha. Antes de assumir a atual função, coronel Cristine era diretora do Departamento Administrativo onde recebeu, do próprio comandante-geral, coronel Rodrigo Mohr Picon, o convite para compor o comando da instituição.

Ao falar sobre a carreira da colega coronel Cristine o comandante-geral citou o momento em que a conheceu. “Eu conheci a Cristine em 1987, e a nossa turma foi a primeira, de alguma forma, a acompanhar o trabalho feminino e o ingresso das mulheres na Brigada Militar, e todos os desafios que elas tiveram. Vivíamos uma época que se a mulher sorrisse para um brigadiano, acreditava-se que estava com segundas intenções, a mulher não podia ser simpática. A coronel Cristine fez parte desta turma pioneira e, por seus méritos e seu empenho, chegou ao alto escalão da Brigada Militar”, lembra o coronel Mohr.

Pela última vez, a coronel Cristine vestiu sua farda, calçou os coturnos, arrumou o coque no cabelo e vestiu o cinto com arma e carregadores. Optou por não passar esmalte colorido nas unhas, mas esta foi uma das conquistas para o efetivo feminino que a chefe do Estado-Maior ajudou a conquistar. Prestou sua última continência depois de 12.775 dias de tirar o primeiro serviço como oficial da BM. Entrando para reserva da Instituição fechando pela última vez a porta de sua sala, cheia de flores recebidas em homenagens pela despedida, mas deixando uma porta de oportunidades aberta para tantas outras mulheres da Instituição.

 

Fonte: Ascom/SSP

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