Associação se reinventa para matar a saudade dos alunos durante a pandemia
A rotina de grande parte da população foi completamente alterada em virtude da pandemia do novo coronavírus. Muitas pessoas não saem de casa há praticamente seis meses. O momento é complicado, mas vai passar. Neste período, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Montenegro está se reinventando para matar a saudade e se aproximar ao máximo – mesmo de longe – das 180 pessoas atendidas pela instituição.
Nos últimos meses, a Apae da cidade vem se adaptando ao “novo normal”. Os atendimentos clínicos seguem normalmente na entidade. No entanto, o intervalo de tempo entre cada atendimento tem sido maior, para evitar aglomerações. Os jovens que fazem parte do grupo de risco estão recebendo teleatendimento. Já as aulas presenciais da associação foram suspensas e as atividades estão sendo realizadas de forma remota.
As famílias que não têm acesso à internet retiram as tarefas diretamente na sede da Apae. Os professores estão na entidade duas vezes por semana para efetuar a entrega das atividades. Além disso, a Apae possui espaço para atividades individuais, como a academia ao ar livre, que tem seus aparelhos higienizados após cada aluno fazer uso. O único atendimento que foi completamente suspenso neste período foi o de equoterapia (método de terapia com cavalos).
Na última semana, o Governo do Estado efetuou o repasse de recursos para 60 Apaes do Rio Grande do Sul para o combate à Covid-19 e atendimento de pessoas com autismo. A instituição de Montenegro recebeu R$ 20 mil, com investimento já direcionado. “Podemos utilizar 60% do valor para a compra de equipamentos de proteção individual (EPIs) e 40% para investirmos em capacitação e/ou livros”, explica a diretora da Apae da cidade, Naia Sehn.
Ela salienta que a equipe optou por realizar, com os 40% do valor repassado pelo Estado, uma capacitação de 80 horas sobre o autismo. O curso será online e terá início no dia 18 de setembro. Atualmente, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Montenegro conta com 44 profissionais de diversas áreas. “Estamos nos reinventando para atender as demandas. Formamos um time e somos muito unidos. É uma equipe extremamente afetiva. Não tem como trabalhar em Apae sem afetividade”, ressalta a diretora.
Ajudar as famílias e matar a saudade
Durante a pandemia, a Apae Montenegro tem buscado auxiliar as famílias. Mais de 500 cestas básicas, que chegaram à entidade através de entidades parceiras, foram destinadas às famílias dos alunos. A associação também recebe doações de roupas, que posteriormente são repassadas. “Existem ações que não custam nada, mas ajudam muito a instituição, como fazer o cadastro na Nota Fiscal Gaúcha, por exemplo”, frisa a diretora Naia.
A psicóloga e coordenadora clínica da associação na cidade, Daiane Silveira Moutinho, exerce papel fundamental neste período de distanciamento. “As famílias relatam que muitas crianças estão deprimidas. Eles sentem falta dessa proximidade com os colegas, do ambiente de sala de aula. Todos estão se sentindo assim”, declara.
No dia 21 de agosto, a Apae Montenegro publicou em sua página oficial no Facebook um vídeo da equipe com o tema Saudades. “Tentamos demonstrar um pouco no vídeo sobre o nosso sentimento neste momento”, enfatiza Naia.
Nos corredores e nas salas de aula da instituição, fotos e mensagens ilustram esse sentimento recíproco de saudade entre os profissionais e os alunos. “Temos que ser otimistas e torcer para que a situação se normalize o quanto antes. Não existe ser humano que não esteja carente”, completa a diretora.