Amortecedores: mitos e verdades desvendados

Mecânica. Conceitos equivocados podem comprometer a segurança e o conforto

Quando o veículo dá aqueles solavancos ‘secos’, todos a bordo lembram-se dos amortecedores. Todavia, mais do que conforto, este equipamento representa segurança, por isso necessita de atenção especial. Dentro do sistema de componentes, são responsáveis por controlar a movimentação das molas da suspensão e manter os pneus em contato permanente com o solo. Assim, asseguram estabilidade, boa dirigibilidade e – finalmente – conforto. Por isso, é preciso saber como cuidar da suspensão, afastando mitos que justamente levam a ações que afetam as peças. A verdade é que a vida útil depende da forma como é uso e das condições das vias trafegadas.

Fotos: Imagens ilustrativas/ Internet

Deve-se passar por lombadas na diagonal
Mito – Embora a recomendação seja comum, ao passar por lombadas ou valetas na diagonal, esse deslocamento gera forças laterais na movimentação dos componentes. A posição pode acarretar folgas excessivas, ruídos, empenamentos e, em situações mais graves, o travamento total das peças. Para preservar os amortecedores e a suspensão, o correto é passar com o veículo em linha reta.

Foto: Arquivo Jornal Ibiá

Barro ressecado compromete a suspensão
Verdade – Depois de rodar por estradas de terra ou enlameadas, é preciso lavar o veículo, principalmente na parte inferior. Sujeiras e detritos, como o barro ressecado, comprometem o funcionamento dos amortecedores caso entrem em contato com a haste ou retentor da peça.

Recondicionados têm a mesma eficiência
Mito – Peças recondicionadas não passam pelo processo de produção que garante a qualidade e a segurança. Em geral, elas recebem apenas nova pintura e melhorias estéticas, além de utilizarem lubrificante diferente do recomendado. Por isso, podem apresentar eficiência bem menor quando comparadas às peças originais. Use novos, mas desconfie de preços muito baixos do mercado.

Maior desgaste leva a menor conforto
Verdade – Amortecedores em más condições causam balanços e trepidações excessivas, dificultando as manobras. Testes realizados pela Monroe apontam que um equipamento com 50% de desgaste eleva em 26% o cansaço do motorista, o que pode causar acidente.

Peças ruins interferem na iluminação
Verdade- O balanço excessivo causado pelos componentes desgastados produz oscilações no feixe de luz dos faróis, podendo ofuscar a visão dos condutores que trafegam em sentido oposto.

Trocar os amortecedores sempre aos pares
Verdade – Ao trocar apenas uma de duas peças, dianteira ou traseira, passando a rodar com uma nova e outra usada, haverá um desequilíbrio, capaz de prejudicar a dirigibilidade com perda de eficiência. O ideal é substituir sempre os pares em cada eixo ou, se possível, realizar a manutenção de todo o conjunto.

Prazo de troca a cada 40 mil km rodados
Mito – O desgaste é maior em carros que rodam sempre por vias mal pavimentadas ou em condições severas de uso, como táxis, veículos de transporte e de empresas. Nesses casos, a revisão deve ser feita, periodicamente, no máximo a cada 10 mil km, ou conforme recomendação da montadora.

Amortecedor em mau estado causa aquaplanagem
Verdade – Um conjunto em mau estado não garante contato permanente entre os pneus e o solo. Em dias chuvosos, isso permite a formação de uma camada de água entre eles, processo conhecido como aquaplanagem. Amortecedores com 50% de desgaste começam a aquaplanar a velocidades a partir de 109 km/h, enquanto amortecedores novos podem perder aderência somente ao ultrapassar os 125 km/h.

Problemas aumentam a distância de frenagem
Verdade – A frenagem tem relação direta com o estado de conservação da suspensão. Testes realizados pela Monroe comprovam que amortecedores com 50% de desgaste aumentam a distância de frenagem em até 2,6 metros, a uma velocidade de 80 km/h.

Desgastes interferem em outros componentes
Verdade – Muitos motoristas acreditam que o estado dos amortecedores não interfere nos demais componentes do veículo. Como o trabalho da suspensão é resultado da ação de vários diferentes, quando um deles se desgasta, acaba sobrecarregando os outros.

Peso não interfere
Mito – Ao viajar, é comum colocar todas as malas e passageiros no veículo, sem atenção ao limite de carga do modelo. Extrapolar esse limite, descrito no manual da montadora, compromete a dirigibilidade e o conforto, colocando todos os ocupantes em perigo. Tenha cuidado ao distribuir o peso de forma igualitária.

Blindagem requer cuidado extra
Verdade – A blindagem, conforme os níveis disponíveis, acrescenta até 250 kg ao peso do veículo, aumentando o esforço e, consequentemente, o desgaste de componentes. Mas não há peças específicas para esses automóveis, então faça revisões periódicas no sistema a cada 10 mil km rodados.

Maresia não tem efeito nos amortecedores
Mito – A maresia ocasiona oxidação e corrosão na lataria e em peças de metal, como a suspensão. Ao retornar do litoral, o carro deve ser lavado no mesmo dia, com shampoo automotivo, ou água e sabão neutro, incluindo a parte inferior.

Você sabia
O amortecedor foi inventado pela Monroe em 1926, atenta à demanda dos motoristas por maior conforto e controle. A empresa criou o precursor, um eliminador de choques e vibrações, que substituiu as molas dos veículos de passeio da época.
O equipamento foi desenvolvido a partir do sistema de bombas de ar para pneus, com uma peça hidráulica e um pistão vertical interno. Foi uma grande inovação da indústria automobilística.

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