Amigos lamentam a morte de borracheiro enquanto trabalhava

Tragédia. Francisco Paulo Kerber, 54 anos, não resistiu à explosão de um pneu

Paulo Francisco Kerber

Amigo. Companheiro. Trabalhador. Pai de família. Essas são algumas qualidades do borracheiro Francisco Paulo Kerber, carinhosamente conhecido por “Kerbinho”, 54 anos. Ele morreu, na sexta-feira, dia 1º, após o pneu de um trator explodir enquanto fazia o conserto. Com ferimentos gravíssimos, ele estava internado no Hospital Montenegro desde quinta-feira, 31, quando ocorreu o acidente. A perícia trabalha para explicar o motivo da tragédia.

A vítima trabalhava no local – um container localizado na estrada Maurício Cardoso, bairro Faxinal, em Montenegro – há cerca de dois anos. Ele deixa a esposa Odete dos Santos, 54, e a filha, Giovana dos Santos Kerber, 12.

Por volta das 14h45min, um homem chegou ao estabelecimento de Francisco em uma van carregando o pneu dianteiro de um trator, o fato teria como consequencia o acidente. A explosão aconteceu quando o profissional estava enchendo-o. Com o impacto, pedaços do pneu voaram cerca de 10 metros e e o boné dele cerca de 20.

Loni Sperb, 59, proprietária do terreno onde funcionava a borracharia e muito amiga da vítima estava, instantes antes, a menos de um metro de onde ocorreu a tragédia. Ela credita o fato de não ter sido atingida à intervenção divida. “Deus me livrou, era para eu estar junto. Estava sentada bem próxima dele quando puxou a mangueira para encher o pneu. A mangueira enroscou na minha perna e eu saí dali. Disse assim ‘vou sair para não te atrapalhar’”, conta. Devido à relação de amizade, Loni deixou de aumentar o aluguel de R$ 450,00 cobrado dele, mesmo podendo fazer isso com base no Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M).

A dona de casa também estranha o acidente ter ocorrido no dia de Corpus Christi. “Ele nunca tinha trabalhado em um feriado. Era para acontecer, não adianta”, tenta se conformar. Loni lembra ainda como foi quando se aproximou de Kerbinho após o incidente. “Eu segurei a mão dele e falei: ‘força, meu amigo’, Deus está contigo”, revela.

Depois da conversa, seguiu até a barbearia onde o irmão dela, Lauri Schaffer, 68, o “Lelo”, trabalha, ao lado do local. Os dois não conseguem esconder a tristeza e a emoção com a partida prematura de Francisco. “Eu e o meu irmão estamos à base de calmantes. A gente não perdeu um amigo, mas alguém da família. Era um homem trabalhador, honesto. Não consigo entender porque isso aconteceu com ele”, lamenta, inconformada.

Lelo não consegue segurar as lágrimas ao lembrar da amizade de mais de 20 anos. Francisco costumava cortar o cabelo com ele. Como trabalhavam lado a lado, todas as manhãs tomavam chimarrão juntos. “Eu era o ‘jornal’ dele, sempre contava sobre as notícias que escutava no rádio. Nada nem ninguém me tiram esta dor, nunca mais vou ter um amigo como ele”, diz, inconformado.

O empresário Élio Marchry, 63, também sente muito a morte do amigo. O borracheiro era o responsável por consertar os pneus dos caminhões e vans da transportadora dele. “Era uma pessoa muito ‘gente fina’ e um profissional de mão cheia”, elogia. Há cerca de três meses, Marchry passou por uma cirurgia cardíaca e recebeu a visita de Kerbinho duas vezes

Levava na brincadeira até xingamento

“Todo mundo gostava muito dele. Era uma pessoa bem calma, levava na brincadeira até quando eu xingava ele”, conta a esposa de Kerbinho, Odete. Na conversa de 12 minutos com a reportagem do Ibiá por 12 minutos, na tarde de sábado, 2, apesar da voz um pouco baixa e triste em razão de ter acabado de se despedir do companheiro de uma vida, no Cemitério de Campo do Meio, ela falava da relação deles com tranquilidade, aparentando estar firme para seguir adiante. No dia 22 de novembro, os dois completariam 19 anos de casados.

A principal diversão dos três era viajar no ônibus da família. O borracheiro, inclusive, estava preparando um passeio para Pelotas no veículo, com oito assentos, sem contar o do motorista. “No começo não estava querendo muito ir, mas ele me convenceu”, lembra a esposa. “A gente levava de tudo, era muito bom”, completa. Dois casais de amigos também costumavam acompanhar as aventuras.

Viagens em um ônibus era a diversão da família

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