Alto fluxo pela ERS-124 traz riscos e incômodos

Moradores das comunidades de Pareci Novo que são cortadas pela ERS-124 relatam um aumento substancial do trânsito de veículos, especialmente de caminhões. Seria em parte por um processo natural do desenvolvimento, verificado nos últimos dois anos, mas certamente também impulsionado pela praça de pedágio de ERS-240 entre Montenegro e Capela da Santana.

rodovia ERS-124 em Pareci Novo (71)Os problemas lógicos anexos são insegurança e demora no deslocamento e para acessar a via, além da poluição do ar e sonora, deixando no passado o cenário de zona rural. Um ponto nevrálgico é a tradicional localidade de Matiel, com centenas de moradores em residências próximas ao asfalto, além de uma instituição de ensino.

A diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Catharina Fridolina Weissheimer, Carine Schnorrenberger, confirma as suspeitas gerais. “Coincide bastante com a instalação dos pedágios”. Todavia, recorda que a preocupação com o trânsito pela frente da escola é recorrente, inclusive com abaixo-assinado pedindo providencias enviado ao Estado em 2023.

Mesmo proibidas, carretas bitrem usam a rodovia para subir em direção à Serra

Ao longo da 124 praticamente não há acostamento, tampouco espaço para pedestre. Essa situação é atenuada em frente à Emef Catharina, ainda assim, assinala a diretora, o espaço para estacionamento do ônibus-escolar e dos pais é diminuto, e cruzar as pistas e parar no portão é uma manobra arriscada. Ao menos a maioria das crianças, de 04 a 12 anos, não sai sozinha ou retornam para casa a pé.

rodovia ERS-124 em Pareci Novo (45)
Poluição sonora entra pelas noites a dentro

Um dos poucos casos é de uma vovó que busca o netinho, o que foi suficiente para dois incidentes que quase viraram tragédia. A idosa quase foi atropelada sobre a faixa de segurança, com carros freando e por pouco não “engavetado”. A diretora concorda que a passagem de motoristas de outras regiões agrava este risco, pois eles desconhecem a existência da escola entre as duas curvas.

O Daer informa que a proibição para bitrens existe, e a polícia rodoviária estadual patrulha a rodovia para coibir as irregularidades. A questão das pontes está sendo analisada pelo Daer sim, além da recuperação da própria rodovia, que foi afetada pela enchente de maio. A reportagem questionou também a respeito da possibilidade de instalação de lombadas eletrônicas, especialmente na Matiel, mas a autarquia não se manifestou a respeito. O Ibiá aguarda manifestações da PRE (Polícia Rodoviária) em nova reportagem.

Moradores relatam incômodos
O trecho entre Pareci Novo e São Sebastião do Caí não possui controlador ou redutor de velocidade de nenhum tipo, fato aproveitado pelos condutores para extrapolam, especialmente nas retas da Várzea e Despique. Inclusive na Matiel, onde a mínima é 40 km/h, a reportagem testemunhou veículos acima deste limite.

A família Kaspary vive ao lado da 124 há cerca de 20 anos, e testemunha a evolução do fluxo. Dona Cecília, 73 anos, define que o pior momento é entre 17 e 18 horas, justamente no fim de turno da Emef Catharina. “Tem gente que vai mais devagar. Mas tem uns que não querem nem saber”, declara.

Pedestres correm risco real na rodovia que corta o interior e o centro de Pareci Novo

Na casa de um de seus filhos, a nora Fernanda Mentz, 37, diz que não é mais possível aproveitar o gramado na frente de casa devido ao barulho. Inclusive o filho de 6 meses costuma acordar devido ao ronco dos caminhões na ladeira. “O movimento vai até 10 ou 11 horas (noite), e lá pelas 3 ou 4 horas recomeça”, revela.

O comerciante Paulo Cruz, 57, se criou na Matiel, quando aquela ainda era uma estrada de chão batido. Logo, é testemunha do surgimento da movimentada rodovia estadual. “Certo era ter um redutor de velocidade”, defende, ao apontar que no recapeamento foi retirada a única proteção que havia, por meio de “tachões” na pista.

Pontes e reflexo no centro do Caí
Pela observação da moradora na Várzea do Pareci, Janice Maria Werri, 59 anos, o trânsito pela ERS-124 “aumentou 100%”. Ela aponta ainda o problema do gargalo nas pontes estreitas em São Sebastião do Caí, onde estariam se formando filas nas “horas de pico”. Algo que chama atenção é a livre circulação de carretas bitrem, categoria de carga proibida a cruzar naquelas estruturas.

Aumento no fluxo de caminhões na via de pista simples é preocupante

Pois a Guarda Municipal daquela cidade confirma este efeito, inclusive no Centro. Através da assessoria de imprensa, a Prefeitura do Caí informa que solicitou ao Daer a instalação de placas indicativas com o peso máximo permitido em toneladas, bem como a colocação de placas proibindo a circulação de bitrens.

As placas estariam instaladas tanto no trecho do Matiel à Harmonia, quanto no sentido Pareci Novo a São Sebastião do Caí. “A fiscalização desse trecho é de responsabilidade exclusiva da Polícia Rodoviária Estadual, uma vez que se trata de uma estrada estadual”, declara.

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