Aleitamento materno: por que amamentar?

O aleitamento materno é um tema de grande relevância na área da saúde pública e pediátrica, sendo amplamente reconhecido por suas múltiplas vantagens para a saúde de bebês e mães. A amamentação, prática natural e instintiva, oferece benefícios que vão além da nutrição básica, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento físico e emocional da criança e na saúde materna. Foi pensando no assunto que o Ibiá entrevistou o grupo Uniami, da Unimed Vale do Caí Montenegro.

O grupo é multidisciplinar e dedicada ao cuidado da mãe e do bebê, com foco principal no incentivo ao aleitamento materno. Eles realizam encontros regulares para discutir melhorias e intervenções que promovam a amamentação, respeitando e cuidando da mãe, do bebê e da família. O suporte emocional e a informação precisa oferecida pela equipe são fundamentais para que as mães possam amamentar com segurança e confiança.

O Uniami é formado por Augusta Harff, Carolina Drummond, Jéssica Carvalho das Chagas, Samanta Oliveira, Jocelice Duarte, Janaina Scopel, Mirella Essvein, Keli Moraes, Daiana Caetano e Rosimar Rech e juntas, as profissionais destacaram a importância do leite materno para o desenvolvimento saudável do bebê e benefícios para a saúde da mãe, além de abordar as dificuldades enfrentadas pelas mamães e as soluções cabíveis.

O leite materno é considerado o alimento ideal para o bebê devido à sua composição perfeita de nutrientes. Ele contém açúcares, gorduras, proteínas, vitaminas e outros nutrientes em quantidades adequadas, evitando a sobrecarga do organismo do bebê. A presença de ferro em bons níveis também ajuda a prevenir a anemia, uma condição comum em bebês que não recebem alimentação adequada.

O grupo pontua que a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a amamentação exclusiva em livre demanda até os seis meses de idade. Durante este período, o leite materno supre todas as necessidades nutricionais do bebê, que ainda não está pronto para receber outros alimentos. Após os seis meses, a introdução de alimentos complementares pode começar, mas a amamentação deve continuar para garantir o desenvolvimento saudável do bebê.

É possível substituir o leite materno?
Para mães e bebês com restrições ao aleitamento materno, a substituição pelo uso de fórmulas infantis deve ser feita sob orientação médica. É importante considerar as contraindicações temporárias e definitivas e fornecer informações detalhadas sobre as fórmulas infantis adequadas. As fórmulas infantis, desenvolvidas para imitar a composição do leite materno, são a principal alternativa. Elas fornecem os nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento do bebê, embora não contenham os anticorpos e alguns componentes bioativos presentes no leite materno.

A substituição do leite materno pode ser necessária em casos de dificuldades médicas, como quando a mãe tem certas condições de saúde que contraindicam a amamentação ou quando o bebê tem alergia ou intolerância ao leite materno. Além disso, mães que não conseguem produzir leite suficiente ou enfrentam desafios significativos na amamentação podem optar pelas fórmulas infantis. Embora as fórmulas sejam uma alternativa válida e segura, é importante que a decisão de substituir o leite materno seja tomada em conjunto com profissionais de saúde, garantindo que as necessidades nutricionais e de desenvolvimento do bebê sejam plenamente atendidas.

Benefícios para o bebê
O leite materno é rico em imunoglobulinas, anticorpos e imunomoduladores, substâncias que fortalecem o sistema imunológico do bebê. Estes componentes são passados da mãe para o bebê através do leite materno, proporcionando uma proteção inicial essencial. Além disso, a amamentação reduz o risco de infecções como otite, dermatite atópica, gastroenterite e doenças respiratórias. A amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida oferece inúmeros benefícios para o desenvolvimento e a saúde dos bebês. Um dos maiores benefícios é a proteção contra infecções, pois o leite materno é rico em anticorpos que ajudam a fortalecer o sistema imunológico do bebê.

Além disso, a amamentação promove o desenvolvimento cognitivo e sensorial, contribuindo para melhores resultados em testes de QI e desempenho escolar mais tarde na vida. Bebês amamentados exclusivamente também têm menor risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes tipo 2, obesidade e doenças cardiovasculares, e são menos propensos a alergias, incluindo asma e eczema.

Vínculo emocional e saúde materna
As profissionais do grupo Uniami afirmam que amamentar é um ato de amor que fortalece o vínculo emocional entre a mãe e o bebê. Nos primeiros meses de vida, a amamentação não serve apenas para alimentar o bebê, mas também para proporcionar conforto e segurança, fazendo-o sentir-se acolhido e protegido. Para a mãe, a amamentação traz benefícios significativos, incluindo a redução do risco de câncer de mama e ovário e a diminuição do risco de desenvolver diabetes tipo 2.

A amamentação traz diversos benefícios para a saúde da mãe. Ela ajuda a acelerar a recuperação pós-parto, promovendo a contração do útero e reduzindo o risco de hemorragias. Amamentar também contribui para a perda de peso adquirida durante a gravidez, pois queima calorias extras. A longo prazo, a amamentação diminui o risco de câncer de mama e de ovário, além de proteger contra osteoporose e doenças cardiovasculares. Além dos benefícios físicos, a amamentação por fortalecer o vínculo emocional com o bebê, pode reduzir o risco de depressão pós-parto, proporcionando bem-estar e satisfação à mãe.

Apoio, orientação e desafios
O grupo Uniami ressalta a importância do apoio ativo e emocional para as mães que amamentam. Durante o pós-parto, é fundamental que os profissionais de saúde ofereçam aconselhamento e assistência para ajudar as mães a superar os obstáculos da amamentação. Orientações precisas desde o início da gestação são cruciais para que as mães se sintam confiantes e seguras. O grupo fornece um guia de aleitamento materno para gestantes, disponível através dos obstetras, que ajuda as futuras mães a se informarem e tirarem dúvidas durante a gravidez.

Embora os benefícios da amamentação sejam amplamente reconhecidos, muitas mães enfrentam desafios significativos. A desinformação e as intervenções externas, muitas vezes de familiares, podem causar confusão e insegurança. É comum que mães recebam críticas e sugestões conflitantes, o que pode levar ao desmame precoce.

Contraindicações
Existem situações em que o aleitamento materno não é recomendado. Contraindicações temporárias incluem doenças infecciosas como varicela, herpes com lesões mamárias, abscesso mamário, tuberculose não tratada ou uso de medicações específicas. Bebês com peso inferior a 1500g, nascidos com menos de 32 semanas de gestação, ou com risco de hipoglicemia também podem necessitar de fórmulas infantis. Contraindicações definitivas incluem a presença de HIV ou HTLV na mãe, doenças metabólicas no bebê, como fenilcetonúria, galactosemia, e outras condições graves.

Mamãe Bárbara amamentando o filho Lorenzo, de 15 dias. Foto: arquivo pessoal

Uma ligação inexplicável
Para a montenegrina Bárbara Rodrigues de Oliveira, 34, a fase de amamentação tem sido uma jornada de descobertas, desafios e profundas conexões. Em uma entrevista exclusiva, Bárbara compartilhou sua experiência de amamentar seu filho Lorenzo, de apenas 15 dias. “A sensação é ótima, uma ligação entre mãe e filho sem explicação”. Para ela, a amamentação é mais do que apenas nutrir seu bebê: é um momento de criar laços profundos e de amor incondicional.

Como muitas mães, Bárbara enfrentou seus próprios medos e inseguranças no início da amamentação. “O maior desafio pra mim foi o medo de não conseguir amamentar,” revela. No entanto, ela se surpreendeu positivamente com a capacidade natural de Lorenzo em mamar desde o nascimento, com uma pega excelente, o que facilitou muito o processo.
Bárbara ainda não estabeleceu horários fixos para amamentar Lorenzo, optando por uma alimentação sob livre demanda.

Benefícios visíveis
Bárbara destaca os benefícios que tem observado na saúde e no comportamento de Lorenzo devido ao aleitamento materno exclusivo. “O aleitamento materno é muito importante para o recém-nascido, em questão da imunidade e a saúde,” explica. Ela acredita que o leite materno é fundamental para fortalecer o sistema imunológico do bebê e promover seu desenvolvimento saudável.

Além dos benefícios para Lorenzo, Bárbara também notou mudanças positivas em seu próprio bem-estar. “Me sinto muito feliz, é muito boa nossa ligação, um amor incondicional,” compartilha. A amamentação tem proporcionado a ela uma sensação de realização e felicidade, reforçando ainda mais o vínculo com seu filho.

O desafio de amamentar gêmeos
Bárbara relembra com carinho e emoção os primeiros meses de vida de seus gêmeos, Bernardo e Gustavo, hoje com 12 anos de idade. “Minha experiência com os gêmeos foi desafiadora, pois nasceram com 2 kg cada um e eu tinha que dar mamá de duas em duas horas para ganhar peso,” conta.

Bárbara conseguiu superar as dificuldades com determinação e amor. “Na época achei que não ia conseguir, mas consegui sim, meu leite desceu ainda no hospital,” lembra. Com esforço e persistência, ela conseguiu amamentar os meninos exclusivamente com leite materno até os quatro meses de idade.

Embora a história de Bárbara pareça um conto de fadas, ela não esconde as dificuldades enfrentadas. “Assim parece tudo perfeito, mas sempre temos os segredinhos. As mamães ficam exaustas, choram, temos dores,” admite. A exaustão física e emocional é uma parte real e muitas vezes difícil do processo de amamentação.
A mamãe destaca que tudo faz sentido. “Tudo vale a pena, quando olhamos para nossos pacotinhos de amor, até esquecemos do restante,” diz.

Bárbara também amamentou os gêmeos Bernardo e Gustavo, atualmente com 12 anos de idade. Foto: arquivo pessoal

Superando os desconfortos
Como muitas mães, Bárbara enfrentou dificuldades iniciais, como dor nos mamilos. “Não vou negar, no início é bem dolorido, os mamilos ficam muito sensíveis, mas nada que um óleo não ajude para superar”. Ela enfatiza a importância de persistir e buscar soluções para os desafios que surgem no caminho.

Para outras mães que estão começando a amamentar, Bárbara oferece palavras de encorajamento: “Mamães, não desistam, sejam persistentes, sabendo que o início não é fácil, mas é o melhor para nosso bebê.” Ela também ressalta a importância de uma boa hidratação e alimentação adequada para manter a produção de leite e a saúde da mãe. Bárbara pretende continuar com a amamentação exclusiva até os seis meses, conforme recomendado pela OMS. “Pretendo dar o máximo que conseguir”.

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