Alegria é a receita de uma velhice saudável

Acordar cedo e vestir o melhor sorriso, esse é o segredo de longevidade da aposentada e agricultora Emília Paula dos Santos Lopes, que aos 86 anos de vida, completados ontem, 14, mostra estar cheia de vitalidade ao plantar, cultivar e colher o próprio alimento, surpreendendo a todos devido a disposição de sobra.

Dona Emília Paula dos Santos Lopes exibe o álbum de família e conta a emoção ser tataravó

Natural de Trinfo, hoje dona Emília se considera montenegrina e sente orgulho em contar sobre a vida que construiu no município há 66 anos, onde também deu origem a uma história repleta de muita luta e superação ao lado da família. Orgulhosa de tudo que viveu, nem mesmo as páginas mais tristes lhe fazem perder o sorriso espontâneo, característica marcante da aposentada. Mãe de 4 homens e 4 mulheres, ela conta que já passou momentos difíceis ao lado das pessoas que mais ama, porém, a forma como ela relata os acontecimentos, deixa evidente a força e leveza incontável que ela transmite.

Sempre bem humorada, quando relembra que teve que criar os filhos praticamente sozinha em uma época em que as mulheres separadas eram vistas com preconceito, ela afirma que os problemas sempre foram pequenos diante do desejo que ela tinha de seguir a vida. “Eu tive que me separar do marido porque ele bebia demais e era complicado continuar naquela situação”, recorda Emília, acrescentando que embora tenha tido a ajuda do ex- companheiro na criação das crianças, ainda enfrentou muitas dificuldades.

Em uma semana, a aposentada colheu dezenas de aipim sozinha e encheu o freezer da família

Com o tempo, descobriu o sentido da liberdade que a fez enxergar a vida por outro ângulo, mais independente e realizada. Nas atividades diárias, ela conta que aprendeu a se virar na agricultura e transformou sua propriedade na localidade do Passo da Amora em uma fonte de alimento e lazer. “Daqui eu tiro quase toda a comida como couve, saladas, frutas e legumes”, ressalta a aposentada.
Na última colheita de aipim realizada pela aposentada, a disposição e rapidez com que ela encheu o freezer de casa chamou a atenção da família. Em aproximadamente uma semana, ela colheu sozinha dezenas de quilos da raiz, limpou e guardou para doar aos familiares e amigos. Ao ser questionada se o processo de colheita foi difícil, ela sorriu e disse que isso é uma forma de se distração e de entrar em contato com a natureza, já que foi criada no campo e nunca perdeu a ligação que tem com a terra. “Na verdade fiz que nem vi o tempo passar. Trouxe as coisas de pouquinho no carrinho de mão e limpava um pouco e depois voltava lá na roça e pegava mais”, comenta Emília.

Não é só a vitalidade da aposentada que chama a atenção, mas também a empatia que ela transmite a todos a sua volta. Para a neta Luciane Isabel Essvein, 30, a avó é um exemplo de ser humano pela forma como leva a vida e contagia os familiares e amigos com tanta alegria. “Ela é generosa em tudo que faz, um exemplo disso foi essa plantação de aipim, que desde o início ela pensou em fazer para poder compartilhar com os conhecidos, nada é vendido, tudo doado”, conta a neta cheia de orgulho.

Tataravó de segunda viagem
Lúcida e muito saudável, a aposentada Emília Paula dos Santos Lopes, 86, se recorda dos nomes de todos os Oito filhos, netos, bisnetos e principalmente, as duas tataranetas, das quais ela adora falar. Enquanto folheava o álbum de família, os momentos eternizados nas fotografias lhe fizeram lembrar que muitos anos se passaram e outros mais virão. “Ele [álbum] não está completo, falta o registro de muita gente aqui, só os netos são 20, sem contar o restante”, disse Emília.

Interatividade na medida certa
Silêncio nas estradas e cantos dos passarinhos que se perdem no verde das árvores, próximo de uma delas fica a casa da aposentada e agricultora Emília Paula dos Santos Lopes, 86, que na localidade do Passo da Amora enxerga o tempo passar em ritmo diferente naqueles nos centros urbanos.
Diariamente, dona Emília acorda Às 5 da manhã e na hora de deitar não perde a novela. Grande parte do seu dia é dedicado ao cultivo de alimentos na propriedade onde mora, mas engana-se quem pensa que ela vive sem a interatividade proporcionada pela tecnologia. No canto da estante, perto das várias fotografias da família, está um aparelho celular que ela sempre deixa por perto, mas faz algumas ponderações. “Eu deixo ele ali, só uso para receber e realizar ligações”, declara a agricultura, criticando o uso exagerado do telefone pela população atualmente.

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