Aldana afirma que investigação da Operação Ibiaçá “não causou surpresa”

Aldana nega participação no esquema de fraudes em licitações e não fala sobre pedidos de afastamento do cargo

Quase uma semana depois da eclosão do escândalo, em pronunciamento realizado no final da manhã de ontem, o prefeito Luiz Américo Aldana falou sobre a Operação Ibiaçá, que investiga fraudes em licitações no município de Montenegro. Cercado pelo secretariado, ele afirmou que a investigação “não causa nenhuma surpresa” e que acredita que a ação deveria ter ocorrido muito antes.

Aldana nega a participação em licitações fraudadas. “Se estou no rol de investigados é porque sou prefeito”. Ele definiu as acusações como “políticas, por inconformidades pessoais”.

Quanto ao envolvimento de secretários nos casos investigados, o prefeito ressaltou a autonomia de trabalho dos servidores. “Eu quase não falo com eles, porque não é necessário. Eles são autônomos.” E voltou a reforçar seu desconhecimento de casos fraudulentos. “Nunca algum secretário veio me pedir para cometer algum ato ilícito ou eu fui falar com eles para ‘dar um canetaço’”.

Em vários momentos, o chefe do Executivo municipal voltou a reforçar que apoia a Operação Ibiaçá. “Quem realmente cometeu atos irregulares, quem recebeu indevidamente e quem contratou indevidamente deve ser responsabilizado”, declarou.
Segundo o prefeito, não haverá interrupções nas ações da Prefeitura. “Nós vamos continuar fazendo tudo o que havíamos planejado fazer”.

Segundo ele, a ação ocorrida na última terça-feira (6) constitui de um “pequeno transtorno” para o Município, mas que é necessário para provocar mudanças no sistema político de Montenegro. “Não há ninguém disposto a não colaborar com o Ministério Público para esclarecer todos os fatos, principalmente o que ocasionou aquela ação em Montenegro”, assegurou.

Sem entrar em detalhes dos fatos investigados, o prefeito recomendou à população que escolha melhor seus candidatos. “Por muito tempo, muita gente passou por aqui sem acrescentar nada. Era um clubinho de carguistas, que acabou”, falou de forma enfática.
Aldana não chegou a citar as sugestões de que ele se afastasse da Prefeitura durante as investigações, nem revelou como serão substituídos os servidores afastados por decisão judicial durante a ação do Ministério Público. Tampouco, houve abertura para questionamentos da imprensa. A justificativa para a ordem foi de que o prefeito não poderia responder a perguntas pontuais sob o risco de prejudicar as investigações da Operação Ibiaçá.

PCdoB defende ação conjunta pelo Impeachment
As investigações da Operação Ibiaçá, que pretendem provar a existência de uma “organização criminosa” na Prefeitura, criada com o objetivo de fraudar licitações, seguem provocando reações. Ontem, a direção do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) divulgou uma nota ressaltando a gravidade dos fatos e propondo uma ação conjunta pelo Impeachment do prefeito Luiz Américo Aldana.

“A ação desnudou gravíssimas irregularidades na Administração Municipal. Os fatos apontados ferem de morte a democracia e o processo institucional, ao revelar a existência de verdadeiro poder paralelo no comando do Poder Executivo, com indícios de irregularidades em licitações, em concessão de licença ambiental, fixação de valor do transporte escolar, contratos, direcionamento de editais, chegando, inclusive, ao absurdo de influenciar na nomeação e exoneração de agentes públicos”, destaca o presidente da legenda, Joemir de Oliveira.

Diante dos fatos, o comitê municipal do PCdoB pretende conclamar as forças políticas e sociais representativas da sociedade em uma ação conjunta de pedido de impeachment do prefeito. Os militantes do PCdoB alegam que Aldana não tem mais credibilidade para prosseguir no comando do Executivo Municipal.

Para que o Município não venha a sofrer prejuízos de consequências irreparáveis, os comunistas sugerem a formação de um movimento de coalizão em torno de um novo governo. “Onde haja participação de fato das entidades de classe, associações de moradores, conselhos municipais e forças políticas, cujo compromisso deva ser o de implementar um governo democrático e popular, capaz de atender as demandas há muito reclamadas por nossa população”, descreve Joemir. Esta gestão seria pautada pela transparência e seriedade nas ações e, sobretudo, na efetiva participação nas decisões.
“O PC do B Montenegro possui a convicção de que, neste momento, esta é a saída para nossa cidade, e por isso não abriremos mão da proposta de afastamento do senhor prefeito”, anuncia a direção do partido. “Teremos a oportunidade de demonstrar à nossa população que somos capazes de colocar os interesses coletivos acima de interesses obscuros de grupos, que há muito prejudicam nossa cidade”, diz a nota.

O PCdoB marcou uma reunião com dirigentes de outros partidos para quarta-feira. Já confirmaram presença representantes do PP e do PDT. “Queremos propor um novo governo, em torno do vice, Carlos Eduardo Müller, se ele estiver disposto a representar nossos anseios”, conclui Joemir. (MR)

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