Airton Lima: “Eu cobro esse governo do porquê de tanta burocracia”

CANDIDATO promete trabalhar pela passarela de pedestres na travessia da 287

Deputado estadual eleito pelo PL em 2018, Airton Lima tenta a reeleição pelo Podemos. Natural de Fortaleza, já viveu em várias partes do País e está há décadas no Estado. Ligado à Igreja do Evangelho Quadrangular, onde é Bispo, foi candidato a deputado federal em 2014 e conquistou quase 32 mil votos. A eleição para deputado estadual, em 2018, venceu com 25.679 votos em 393 municípios. Seu eleitorado está entre os evangélicos; mas garante que o seu trabalho não é unicamente voltado ao segmento. Veio morar em Montenegro há pouco mais de três anos para ficar perto da filha e das netas. Em entrevista ao Estúdio Ibiá, na Rádio Ibiá Web, Airton Lima destacou o trabalho que fez no atual mandato e firmou compromissos com a comunidade.

Ibiá: A função do deputado é legislar, debater temas de interesse do Estado e fiscalizar as ações do Executivo. Em seu mandato, a qual função mais se dedicou?
Airton Lima: Temos um trabalho a respeito das 22 audiências públicas que eu fiz no Estado na Comissão de Direitos Humanos sobre Feminicídio e violência doméstica. Essa é uma pauta que eu abracei desde o início e foi uma proposta de campanha de 2018. Nós não fizemos nenhuma audiência dentro dos plenários da Assembleia, fiz questão de sair e levar a Assembleia para os municípios. E com elas, nós detectamos várias situações.

Além dessa pauta, encontramos situações na área da Educação. Sou vice-presidente, agora, do Plano Estadual de Educação e, dentro dessa comissão, vi inúmeras denúncias sobre a situação das nossas escolas no Rio Grande do Sul. Houve um levantamento real de 284 escolas em estado precário. Cobrei muito isso do Estado. Eu tive uma situação em que recebi a denúncia de uma escola de Uruguaiana que ficou dois anos com alunos estudando na escuridão, sem ventilação. Havia dado um sinistro num vendaval e caiu um poste. Mas e a burocracia? Tinha que fazer projeto, a secretaria de educação encaminhou pra secretaria de obras, houve a licitação, a empresa que ganhou a licitação não conseguiu concluir a obra, e a RGE reprovou o projetos. Enfim. Foi ao ponto que fui na Casa Civil e disse pro chefe da Casa Civil: ‘olha, se vocês não resolverem o problema, não contem mais comigo na Assembleia. Quem vota lá sobre os projetos sou eu’. Em questão de dois, três dias, foi resolvido e religada a luz da escola.

Então, eu cobro esse governo do porquê de tanta burocracia? Entendo que a verba publica não pode ser liberada de qualquer jeito, mas acho que o Estado teria que desburocratizar pra atender o mais rápido possível as demandas da população.

Ibiá: Existe previsão de queda na arrecadação de impostos para 2023; e o Estado esta sempre precisando de mais recursos. Como o senhor se posicionaria, nesse cenário, num projeto de aumento de impostos?
Airton Lima: A minha posição é contrária. Cobrei muito do governador Eduardo Leite e tenho cobrado do atual governador para que não bote mais o Rio Grande do Sul em ranking nacional de ser a segunda cesta básica mais cara do País. Essa carga tributária não dá mais.

Ibiá:
Nesse mandato, o senhor votou projeto que ampliou a carga tributária?
Airton Lima: Em 2019, não vou negar. Precisou para manter as contas públicas.

Ibiá: Mas isso pode ser necessário de novo, não?
Airton Lima: Mas não tem o meu apoio, não. Com a reforma que nós fizemos na Assembleia Legislativa – foi uma pequena reforma tributária; que entrou a pandemia e não deu para concluir – o Estado, onde o salário do funcionalismo era pago de forma parcelada, recuperou a sua credibilidade e começou a ter sobra de recursos públicos para fazer investimentos.

Por sinal, eu fui contra, e ainda bem que não passou, ao Estado, sobrando R$ 500 milhões, fazer repasse para rodovias federais sem incluir nenhuma rodovia estadual; sem incluir a 287 que precisa de uma duplicação. Eu mesmo, não consigo usar essa rodovia principal. Saio e entro pela Timbaúva porque ela é intransitável, principalmente em horários de pico. Então, exigi do governo: ‘vocês tem meu voto se incluírem rodovias, pontes do nosso Estado, que precisam ser recuperadas’.

Deputado defendeu mais recursos para a Saúde

Ibiá: Muitos candidatos têm trazido a promessa de rever a futura instalação dos pedágios na região. Uma vez que já foi definida a concessionária, o senhor acredita que é possível?
Airton Lima: Eu acredito ser possível, e já houve um retrocesso por parte do Executivo, de rever as localizações. Eu não sou contra pedágio. Nós temos que entender que o pedágio também tem seus benefícios, mas em regiões onde, principalmente aqui, 13 ou 14 municípios dependem de Montenegro para saúde, escola ou comércio; é você causar um grande transtorno e um grande prejuízo para a população. Aqui não é viável.

Ibiá: Parte do dinheiro que o Estado tem, agora, vem de privatizações. O senhor votou favorável à privatização da CEEE, mas não da Corsan, por exemplo. Qual seu posicionamento sobre o tema?
Airton Lima: A CEEE havia uma necessidade de privatização. R$ 6 bilhões a CEEE devia de ICMS; e a dívida trabalhista dela é enorme. Eu já votei contra a privatização da Corsan sabendo que, hoje, nós temos em torno de 15 mil famílias que dependem dela e sabendo que a Corsan tem que cumprir também as exigências do Marco Regulatório. A Corsan é uma empresa. Arrecada, vende serviço, tem poder de liderança e demandas; e eu votei contra a privatização dela com certeza daquilo que eu estava fazendo. O Banrisul também não tem meu voto para privatizar. Mas nós sabemos que existe, por exemplo, a Sulgás (privatizada nessa gestão), que esteve quase 30 anos no Rio Grande do Sul e gerou só 124 empregos. Então, têm essas empresas, como a CEEE, que estavam num verdadeiro caos; e nós precisamos que o Estado dê uma resposta diante disso.

Ibiá: Cerca de 200 mil gaúchos aguardam atendimento para consultas especializadas, cirurgias e afins. O que deputados podem fazer pra mudar essa realidade da Saúde?
Airton Lima: Essa questão de Saúde é uma pauta muito debatida. O nosso hospital de Montenegro é um que aderiu 100% ao sistema SUS, conversei várias vezes com o diretor do hospital, vi a necessidade de o hospital ser assistido com recursos, mas tudo o que entra hoje não consegue suprir a demanda. Têm hospitais que estão com déficit altíssimo. E como esse hospital vai se manter? É triste ver o hospital aqui fazendo rifa, fazendo promoções para arrecadar fundos enquanto bilhões são investidos em outras áreas. Eu não sou contra, por exemplo, investir em grandes rodovias. Mas vamos investir na área da Sáude, investir na Educação. Parece que isso aí não é de grande importância, que não é pauta dos governos.

Ibiá: O senhor vive na cidade e conhece algumas das nossas demandas. No que o senhor contribuiu no sentido de melhorar a vida dos montenegrinos?
Airton Lima: Eu estou muito focado na questão da nossa rodovia estadual, a 287. Tenho solicitação aqui da região, do pessoal do bairro Santo Antonio, dessa travessia que precisa de uma passarela. São muitos acidentes, até com fatalidades, que poderiam ser evitados. Então, essa é uma das pautas que, caso reeleito, nós vamos trabalhar muito; cobrando do Estado e indo buscar em Brasília recursos.

Além dessa questão da 287, nós estamos abraçados numa causa de Capela de Santana para a reconstrução da escola Almeida Ramos. Nós já tratamos junto ao atual governo, em parceria com o prefeito Alfredo. A secretária de Educação nos falou para que ele entrasse com o projeto; e o recurso do Estado já seria direcionado para a escola. São R$ 8 milhões para a reconstrução dela. É uma questão que a gente tem que dar atenção.

Ibiá: Sua mensagem final, candidato?
Airton Lima: Vamos para às urnas em paz, sem guerra, sem brigas. Eu acho que essas eleições não podem ser levadas para o lado pessoal. Eu sou contra isso. E a eleição termina no dia 2 de outubro. Termina pra todo mundo. Dali pra frente, vamos trabalhar para o País, o Estado e o Município, que é o que interessa.

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