RSC-287. Apenas primeira etapa do projeto está concluída e não há prazo tampouco dinheiro para início da obra
Quando a Prefeitura de Montenegro e a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) chamaram uma reunião pública para falar da reestruturação da RSC-287, criou-se a expectativa quanto a realização da obra. Em especial, os presentes na Sala Braskem da Estação da Cultura queriam saber do início e fim da obra, custo e empreiteira que irá executá-la. Mas essas expectativas foram frustradas, ao ser revelado que ainda não há sequer o custo total, tampouco uma data definida.
Os engenheiros Erno Zimpel e Lino Fantuzzi, da ZXF Engenheiros Consultores – contratada para elaborar o projeto – informaram que apenas a primeira fase de oito foi concluída. A grosso modo, nesta tarde de segunda-feira foi apresentado o desenho dos traçados planejados para pistas centrais, laterais e as oito interseções (rótulas) ao longo dos 7,1 km. Tecnicamente é chamado de Planimetrico; sendo que unido ao Planialtimetrico (que ainda falta) forma o Projeto Geométrico.
Após o Geométrico concluído, faltarão ainda os projetos complementares: de terraplanagem, drenagem, pavimentação e sinalização. O projeto executivo será finalizado então com a quantificação do serviço (quantidades de material empregado) e para então definir o orçamento da obra total. Com esse custo em mãos, cabe então as forças vivas de Montenegro, em companhia com a EGR, recomeçar a luta, desta vez por dinheiro.
A engenheira da EGR, Désirée Schafer, confirmou então que não há prazos para início, tampouco para término da obra. “Ainda temos que ir em busca de dinheiro”, confirmou. Ela salientou que os recursos do pedágio de Portão (Rincão do Cascalho) talvez não sejam suficientes, inclusive porque são divididos ainda com as ERSs 240 e 122. Outro passo a ser dado, e que leva no mínimo 90 dias, é a licitação para contratação da empreiteira.
Désirée informou também que, dependo da distribuição dos recursos, a reestruturação será realizada em etapas, e não toda de uma única vez ao longo dos 7km. Inclusive, será necessário chamar uma audiência pública para definir qual interseção é mais urgente. Neste momento, o vereador Joel Kerber (PP) revelou que já foi apontado ao diretor presidente da EGR, Nelson Lidio Nunes, prioridade no cruzamento com a Ramiro Barcelos (posto Ipiranga).
O otimismo ficou por conta do fato que os demais projetos são bem mais simples e os diretores da ZXF deram prazo de até o final do ano para conclusão. O que técnicos e autoridades defenderam, é que o mais complicado, o layout da planta, está pronto. Ele já é garantia que existe um projeto de reestruturação que será levado a diante em 2019.
Passarelas para pedestres é outra história
A velocidade máxima será de 60km/h e haverá faixas de segurança para pedestres, com “ilhas elevadas” no centro das pistas, permitindo ao transeunte aguardar e cruzar uma por vez. O presidente da União Montenegrina das Associações Comunitárias (Umac), Antônio Airton de Quadros, cobrou então porque não há passarelas suspensas, especialmente no Panorama, onde três escolas tangenciam a via.
Ele ouviu que essa é uma demanda futura, uma nova luta que pede novo projeto, sendo aconselhado a manter a mobilização constante. Quadros perguntou ainda se há garantia que uma possível mudança de governo não trancará o projeto. A resposta foi que não há essa garantia, inclusive se manter o atual Executivo Estadual, mas o projeto é algo concreto que a comunidade tem.
Os engenheiros esclareceram que o projeto foi concebido inserido na realidade financeira do Estado e da atual conjuntura geral. Algumas vezes, apresentar algo grandioso, com viadutos, fica caro e acaba não sendo executado. Inclusive, esse começou mais modesto do que foi apresentado ontem, mas ao longo do caminho foi recebendo incrementos necessários.
Projeto Geométrico
Levantamento Planimétrico e Planialtimétrico é a medição do perímetro total com a finalidade de:
Planimétrico – Projeção plana que traz informações relativas a medições feitas na horizontal;
Altimétrico – Projeção plana que traz informações acerca do relevo do terreno levantado, ladeiras, desníveis etc.
Rodovia de 50 anos está confusa e saturada
Após 50 anos de existência e fluxo mensal médio de 450 mil veículos, a RSC-287 está saturada, como diagnosticaram as avaliações da ZXF para o projeto. O engenheiro Erno Zimpel avaliou que a rodovia tem trajetórias confusas, onde todos os movimentos são permitidos, com pedestres e veículos atravessando como querem. “Convertem para a direita e para a esquerda em qualquer ponto da rodovia”, exemplifica.
Também as rótulas não suportam mais o tráfego e os bairros não possuem acessos e travessias seguras. A conclusão é que o trânsito local atrita de tal modo que impossibilita o direto (aquele que passa por Montenegro). “Uma estrada foi feita para ligar A com B; e não para atender uma cidade. Ela apenas passa por ali”, afirma, ao apontar que o tráfego direto não pode ser impedido.
A soma de déficits resultou em soluções que visam melhorar a capacidade de fluxo livre ao trânsito direto e segurança através do ordenamento do trânsito. Com barreira central em toda a extensão e pistas laterais para o fluxo local, as conversões terão que ser feitas obrigatoriamente nas rótulas.
