Empreendedorismo. Moradores de Santos Reis perceberam oportunidade de aumentar renda usando um produto tradicional e abundante na região
Uma família da localidade de Santos Reis tem dado exemplo de empreendedorismo após abrir a primeiro agroindústria do município com fabricação de geléia de bergamota. Com toda a sua economia girando em torno dos citros e de sua venda in natura, os Kauer perceberam no novo produto uma oportunidade de agregar valor a sua propriedade e conseguirem uma renda extra. A comercialização da geléia começou no mês passado.
A mãe Vânia, o pai Claudio Fernando e os filhos Charles e Gilberto Kauer participam, cada um de sua forma, no manejo do empreendimento. Eles contam que a ideia surgiu em 2015 e que, em novembro do ano passado, já começou a construção do prédio para a produção. Com a conclusão, em maio, esperou-se até agosto pelo alvará sanitário do Estado.
Enfim, a produção começou. Hoje, é Vânia quem cuida da produção, com Claudio atuando, principalmente, na plantação da família e Charles tratando das vendas e demais obrigações do negócio. Gilberto, formado em Administração, é quem dá suporte na área das finanças.
A marca “Doces Vapor Velho”, como foi batizada, tem foco maior de venda ao comércio varejista, já podendo ser encontrada em seis estabelecimentos da cidade. Recentemente, a família fechou contrato com o município para distribuição nas escolas para a merenda escolar. Querem, ainda, intensificar as visitas em mais empresas para aumentarem o volume de vendas. É estimada uma produção média de 150 quilos de geléia por mês, vendida em recipientes de 300g, ao preço médio de R$ 6,50.
“A geléia tem três ingredientes. Não tem conservante, corante, nada”, explica Charles. “Um pote não fica igual ao outro. O gosto sim, fica igual, mas a consistência varia, dependendo da fruta. É bem natural.” Por se enquadrarem como uma agroindústria da agricultura familiar, uma séria de regras e controles de qualidade é imposta à produção. Ter a matéria-prima principal de produção própria e não trabalhar com mais de uma cultura na mesma semana dentro do prédio são algumas delas. Neste sentido, eles contam, o apoio e a orientação da Emater foi essencial na constituição da empresa.
“No início, nós fizemos um curso de uma semana, eu e o Claudio, sobre processamento de doces”, conta Vânia. Neste treinamento, que ocorreu no Centro de Formação de Agricultores de Fazenda Souza, em Caxias do Sul, toda a receita foi minuciosamente ensinada, inclusive com as diferentes etapas de colocação do açúcar. Charles, por sua vez, fez no local um curso de boas práticas, que, também obrigatório, culminou na oficialização do manual de práticas da agroindústria.
A Vigilância Sanitária do Estado faz fiscalizações periódicas, por visitas, para verificar se as regras são cumpridas. Se constatadas irregularidades, a empresa pode perder sua liberação para venda. Cláudio, o pai da família, vê com bons olhos esse controle. “É importante porque a gente investiu todo um dinheiro para ter tudo certinho. Daí, às vezes, tem alguém que não está certo e acaba interferindo nos negócios”, aponta.
Empresa já pensa em diversificar a oferta
Sobre o futuro da “Doces Vapor Velho”, a família quer ainda consolidar a marca, para, no futuro, variar a produção. Além da geleia de bergamota, eles estão para lançar geleia de laranja e um “cri-cri”, feito de lascas das cascas de citros caramelizadas. Em projeto, ainda, está se pensando na fabricação de geleia de bergamota com pimenta. “A gente quer, sim, aumentar, mas primeiro tem que conquistar o mercado”, diz Vânia, com os pés no chão.
Sonhadora, a mãe da família revela o desejo de trabalhar, no futuro, com cana-de-açúcar e amora como ingredientes – a empresa está licenciada, pelo selo recebido após os cursos, a produzir qualquer tipo de doce de frutas. Ainda em sua fase inicial, a agroindústria é exemplo de concretização do espírito empreendedor. O seu produto, nos locais em que é comercializado, já está fazendo sucesso.
