Agricultura Mais: Cabanha na Rua Nova aposta na criação de ovelhas Texel

Montenegrino iniciou o trabalho há quatro anos, focado no melhoramento genético

Na semana passada, o Agricultura Mais conheceu a propriedade de João Batista Francisco, que tem uma criação de cavalos crioulos no Calafate. Nesta semana, vamos conhecer a chácara do filho dele, João Felipe Francisco, de 39 anos de idade. Na localidade de Rua Nova, ele é dono da Cabanha JF Francisco, onde cria ovelhas da raça Texel, em um trabalho focado no melhoramento genético.

A RAÇA Texel é originária de uma ilha homônima da Holanda. As fêmeas chegam a pesar 90 quilos; e os carneiros passam dos 120

A relação dele com a criação de animais, claro, vem de família. João Felipe iniciou seu trabalho com os ovinos há quatro anos e, hoje, possui 14 matrizes que vivem na propriedade de 20 hectares, separadas por piquetes e com rodízio de pastagem. “Optei por ovelhas, que são animais bons de criar. As Texel são mais puras e precoces, atingindo o peso com mais facilidade para abater”, destaca o criador.

Na linha do melhoramento genético, é preciso acompanhar a evolução dos animais de perto e estudá-los a fundo. Ele busca uma boa resposta da criação com a cruza entre animais puros e de qualidade. “Eu procuro linhagens na Expointer, faço contato com criadores e compro os reprodutores”, explica. A maioria dos animais vem da região da fronteira do Estado. “Eu fico uns três, quatro anos com o reprodutor. Aí depois eu vendo, já pelo melhoramento”, adiciona.

A ovelha encarneira entre os meses de janeiro e fevereiro; e vai parir em setembro. De desenvolvimento rápido e alto valor agregado, o carneiro já pode ser vendido no janeiro seguinte, pronto para o abate. Cada ovelha matriz gera de um a dois carneiros por ano. No inverno, os animais são alimentados com aveia e, no verão, com milheto. A alimentação também é complementada com silagem.

Na criação, são necessários diferentes cuidados, visto que as ovelhas são animais bastante suscetíveis a doenças e vermes, precisando de revisões periódicas. Os cascos precisam de atenção especial e elas não podem ser deixadas em lugares muito úmidos. Quanto mais arejado o local, melhor. Em meados de novembro, quando começa a esquentar, chega a época da tosquia, quando a bela lã do animal é cortada, visando o seu bem-estar.

Tem que ser algo prazeroso, diz criador
João Felipe tem formação como Técnico Agropecuário, mas não possui na criação a sua principal fonte de renda. Ele mora na cidade, atuando no ramo de transportes, e precisa aliar sua rotina diária com a

JOÃO FELIPE Francisco e a esposa, Cíntia Franscisco

s muitas idas ao interior para cuidar de seus animais na Rua Nova.
O suporte da esposa, Cíntia, e dos filhos Ana Luísa, Clara e Bernardo é imprescindível para isso. E como mostram as fotos – uma mais fofa que a outra – os pequenos adoram estar no campo e em meio às ovelhinhas.

“Para trabalhar a semana toda e depois ir para lá, onde sempre tem algo para fazer, tu tem que gostar. Tem que ser algo prazeroso”, resume João Felipe. “A ovelha ainda é minha segunda atividade mas, mais para frente ainda, eu vou viver só disso aí”, projeta.

Carne do animal ainda é pouco valorizada na região
O mercado das ovelhas criadas na Cabanha JF Francisco se resume aos criadores que compram para iniciar com a raça; e aos atravessadores, que ligam a propriedade com os frigoríficos. Assim como o que ocorre com a criação de búfalos, a falta de um frigorífico especializado em ovinos pela região impõe dificuldades ao criador e aumenta os custos. “Aqui tem essa deficiência e, no Rio Grande do Sul, muitos param de criar porque é complicado. Estamos lutando para que alguém coloque um na região”, conta João Felipe. O estabelecimento mais próximo fica no município de Sapiranga.

O criador não está sozinho no ramo em Montenegro, mas a maior parte dos demais cria as ovelhas apenas para o consumo próprio, visto que, no mercado local, a carne do animal não tem tanta procura. “O pessoal não tem essa cultura de comer a carne de ovelha”, opina João. A Texel – raça originária da Holanda, que ele cria – tem uma carne bastante suculenta e de alto valor agregado, mas que acaba sendo mais cara, devido à grande demanda de cuidados e aos custos da produção.

AGRICULTURA MAIS
O Ibiá está viajando pelos quatro cantos do município para conhecer mais sobre a diversificação da agricultura e da pecuária montenegrina. Com o projeto “Agricultura Mais”, encontramos diferentes atividades e também muita gente bacana. Tudo será mostrado aqui, semanalmente, na edição impressa e no portal do jornal. Não perca! E vem conhecer com a gente um pouco mais da nossa Montenegro!

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