Agricultores e sua produção ficarão isolados

Por uma pedra. Ponte de acesso à Estrada Servidão, que não tem saída, está na iminência de desabar

Será inacreditável se famílias na localidade de Costa da Serra ficarem isoladas atrás do arroio. Acontece que, a qualquer momento, a ponte na Estrada Servidão – acesso à Chácara dos Griebeler – pode desabar por inteiro. Parte da estrutura já caiu, deixando a plataforma em desnível, e veículos grandes não passam mais. Na verdade, até com automóveis há receio de cruzar. Mas um impasse quanto à via está criado no âmbito legal.

A comunidade fica a dois quilômetros à direita da estrada principal que liga Costa da Serra e Fortaleza. Na verdade, essa estrada principal já tem seus problemas, pois, apesar de ser larga e aparentar recém “patrolada”, nas laterais o barro ameaça com atolamento.

Já a Servidão, é um acesso estreito, do tipo que tem espaço apenas para dois pneus de carro, sendo que liga uma série de propriedades particulares. E este é o problema: ela pode ser considerada particular. Todavia seus moradores questionam, pois pagam impostos e a via não é limitada para nenhum veículo ou pessoa. A reportagem foi ao local quarta-feira e parou o carro assim que se deparou com a estrutura.

Um dos lados está visivelmente afundado, com desnível de meio pneu. Olhando embaixo é possível constatar que a estrutura em pedra grês desabou, a base de madeira cedeu e o barranco acompanha com um deslizamento gradual. O curso d’água é pequeno, mas que recebe grande vazão dos campos. A preocupação é que a qualquer hora uma enxurrada os deixe isolados.

Ontem, moradores tiveram audiência com o prefeito Carlos Eduardo Müller. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Rural, Estevão Carpes de Oliveira, com condições climáticas favoráveis, na segunda-feira a ponte será reconstruída, com previsão de término em dois dias. No entanto, o secretário grante que a estrutura ainda tem condições seguras para trafegabilidade de veículos leves.

Acesso não é bloqueado
O agricultor aposentado Irineu da Cruz encarou a garoa para observar o trabalho da reportagem, e não se isentou em falar a respeito. Ele classifica a estrada como comunitária, porém pública ao servir de acesso aos diversos moradores daquela área limitada pela linha férrea. “Alegam que ela não é cadastrada na Prefeitura. Mas pagamos imposto aqui”, declarou o homem que vive seus 66 anos naquela comunidade.

Desnível da ponte é perceptível e, inclusive, restringe espaço de passagem pelo estreito vão

A via também é usada para os agricultores escoarem produção, o que coloca, em seu dois quilômetros, fluxo com caminhões e tratores. Assim que Cruz lembrou que o micro-ônibus escolar já não cruza a ponte, recebeu o apoio da vizinha Marinêz Machado Sútil, de 47 anos. “Faz dois dias que levo minhas meninas até depois da ponte”, gritou da janela da residência de Irineu.

A casa dela fica há 480 metros da ponte, local onde o micro agora faz o embarque e manobra. Um trecho curto em local tranquilo onde todos são conhecidos. Todavia, essa não é uma escolha das irmãs Silvia Tamara, 12 anos, e Kauãne Machado da Motta, 8 anos, mas sim uma imposição da necessidade, que é desestimulante em dias de chuva com frio e vento.

Sem guardar trator em casa
A reportagem foi até a casa da família Motta e soube que o patriarca Luiz Antônio da Motta, 48, não traz mais o trator para casa. Ao menos, ele havia saído para trabalhar quando a ponte deu sinal de queda, então o equipamento ficou “no meio do mato”. Assim que o agricultor se expressou e sem dar muitos detalhes, uma vez que seu bem está à mercê de um furto.

Também sua mãe, de 67 anos, Maria Sirlei da Motta, está ansiosa, pois depende do transporte da Prefeitura para dar seguimento em seu tratamento contra o Câncer. Se nada for resolvido, na próxima consulta ela terá que caminhar o trecho ou o filho levá-la de carro. Isso se ele ainda conseguir passar com o automóvel, e inclusive se pedestre ainda conseguir passar.

Motta diz que tinha um ano quando Município abriu aquela via

“Alegam que (a rua) não está no mapa. Mas como está para cobrar imposto?”, pergunta Luiz. Essa resposta o cidadão ouviu há cerca de 3 anos, período que está dentro dos cerca de 20 anos que a vizinhança não vê uma patrola no local. Agora, há um mês, teria recebido uma promessa de manutenção do próprio secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Estevão Carpes de Oliveira.

“Eles têm que arrumar as estradas, porque o transporte colegial usa”, completou a familiar, mas que mora em outra via, Noemi Silveira da Motta, 52 anos. Antes a van manobrava justamente no pátio de Luiz para voltar à estrada principal. Para justificar o direito da comunidade, Noemi se lembrou dos dois a três blocos de Talão do Produtor Rural que cada família preenche por ano, gerando recursos à cidade.

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