Nova diretoria da entidade quer trabalho conjunto com poder público municipal para a retomada do crescimento
Planejar a cidade pelos próximos 20 anos. É com esse foco que a nova diretoria da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Montenegro e Pareci Novo irá trabalhar a partir de agora, sob o comando do corretor de imóveis Karl-Heinz Kindel, que retorna à casa após cinco anos, em sucessão ao médico Waldir João Kleber. Durante a solenidade de posse, realizada no Clube Cantegril quarta-feira à noite, o novo presidente insistiu que a cidade não anda bem e que a situação somente vai mudar caso a iniciativa privada e o poder público local construam uma agenda conjunta de desenvolvimento.
Além de criticar os governantes por “maltratarem” o empresariado, Karl reconheceu que Montenegro involuiu nos últimos anos muito por conta da omissão da sua classe, que agora anuncia uma nova atitude. “Preferimos terceirizar responsabilidades aos políticos e ao Estado. Acreditamos que pagar impostos bastava. Terceirizamos ao Estado todas as decisões, funções e ações nas mais diversas áreas. O Estado extrapolou seu papel. Tornou-se ávido por mais impostos, criou mecanismos para dar roupagem legal às mais ardilosas formas de desvio de verbas públicas. Sucateou a infraestrutura, a saúde, a previdência, desestruturou a educação”, constatou.
Essa opção pelo individualismo deixou marcas negativas. “Nos escondemos nas nossas atividades produtivas e acreditamos, pelo menos por algum tempo, que tudo estava bem nas mãos do Estado. Até o inço das nossas calçadas acreditamos que era obrigação do estado resolver. Ficamos permissivos demais. O resultado do que vemos hoje é a colheita daquilo com que fomos coniventes.”
Segundo ele, o futuro vai melhorar somente se os empreendedores e os gestores públicos perseguirem o mesmo objetivo mediante uma estratégia colaborativa. A boa notícia é que já existe uma iniciativa nesta direção. “Desde o início deste ano estamos em conversação com a administração pública, relação que não se via há muito tempo em Montenegro. Propusemos ao prefeito o projeto Prodel — uma metodologia desenvolvida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento.”
Oriundo da Alemanha, o sistema é aplicado em mais de 20 cidades de Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, Rolante e Getúlio Vargas já embarcaram nessa jornada, cujo esteio são projetos eleitos pela comunidade segundo pesquisas, debates em câmaras técnicas e opiniões de lideranças. A ideia é que as forças se unam e se voltem aos objetivos prioritários da população.
O presidente revelou que já fez uma visita a Rolante, ao lado do prefeito, a fim de conhecer a experiência. Também afirmou que a iniciativa será detalhada quando ACI e Prefeitura assinarem o convênio, cuja minuta já está nas mãos do secretário Rafael Riffel. “Nos municípios em que é empregado, o Prodel desperta interesse de empresas e investidores. Onde existe planejamento de futuro e método para seu desenvolvimento, é mais fácil trabalhar e planejar o futuro dos negócios que ali se instalam.”
Espaço para jovens inovadores
Expoentes locais da nova economia, os jovens da startup Dobra — Guilherme Massena, Rafael Gesswein Silveira e Eduardo Seelig — estão engajados à nova diretoria da ACI. Não foi à-toa que o presidente, Karl Kindel, os convidou. Decidido a tornar a entidade alinhada às transformações do mundo, o dirigente redirecionou o planejamento estratégico da entidade e, neste sentido, o trio tem muito a acrescentar a respeito de inovação e ruptura de paradigmas. “Estes guris, apesar da pouca idade, estão voando na crista das nuvens e já fazem bastante barulho como empresários. A eles foi dada uma das principais incumbências dentro da ACI: constituir núcleo com o objetivo de estimular a participação de mais jovens empreendedores da cidade.”
Reivindicações aos políticos montenegrinos
Diante do empresariado local, o presidente da ACI reivindicou uma nova atitude aos agentes públicos que representam a população montenegrina: “Façam diferente”. Ao citar nominalmente o prefeito, Carlos Eduardo Müller, e o presidente do Poder Legislativo, Erico Velten, ele destacou que agora é hora de dar as mãos, independentemente de interesses partidários ou pessoais. “Os senhores têm a oportunidade de fazer diferente do que os seus antecessores fizeram. Reinaugurar um tempo de mútua colaboração. Priorizar o que é importante para a comunidade. A rivalidade deve dar espaço à discussão construtiva. O ranço da crítica pela crítica, da oposição pela simples oposição, já era.”
As provocações de Karl Kindel foram além. “Preferimos o silêncio às promessas e discussões evasivas. Preferimos a limpeza da cidade às fotos que pretendem atribuir paternidade às obras públicas. Prefeito, vice-prefeito e vereador não é profissão. É um título obtido através da eleição e que lhes confere funções para defender, promover e desenvolver políticas públicas para beneficiar comunidade que os elegeu. Nada mais.”
Diretoria 2018-2019
Presidente: Karl-Heinz Kindel
Vice-presidente Administração/Finanças: Lorenzo Mattana Müller
Diretora: Vera Sahlberg
Diretora: Elisi Parcianelo
Diretora: Caroline Kothe
Diretor: Roberto Bellina
Diretor: Guilherme Hommerding Massena
Diretor: Rafael Gesswein Silveira
Diretor: Henrique Kuhn
Vice-presidente de Indústria, Comércio e Prestação de Serviços: Leomar Hommerding
Diretor: Alcione da Motta
Diretor: Alexandre Franczak
Diretor: Eduardo Seelig Hommerding
Diretor: Fabricio Coitinho
Diretor: José Massena
Diretor: Paulo Kindel
Diretor: Valdir Erthal
Vice-presidente de Assuntos Sociais, Educação e Saúde: Ubirajara Rezende Mattana
Diretor: Gerson Shardong
Diretora: Maria Isabel Petry Kehrwald
Diretora: Maria Helena S. Luft
Diretor: Lório José Schrammel
Diretora: Cézar Miguel Monteiro da Silva
Diretor: Ricardo André Machado
Diretora: Normélia Juliani Faller
Diretora: Rosmari Pagnussat
Conselho Fiscal
Claiton Antônio Gregory (titular)
Vilson José Fachin (titular)
Waldir João Kleber (titular)
Marcos Gilberto Griebeler (suplente)
Fredi Bordin Cauduro (suplente)
Lucia Elena da Motta Haas (suplente)
Prefeito Kadu: “A cidade parou no tempo”
Resgatar a autoestima, a confiança, a credibilidade e o orgulho da população montenegrina é o desafio que o prefeito Kadu Müller (SD) tenta superar há exatos seis meses. Ao discursar na solenidade de posse da nova diretoria da ACI Montenegro e Pareci Novo, na noite de quarta-feira, ele reconheceu que o município está estagnado há anos e que é preciso o trabalho conjunto entre a sociedade e o poder público para retomar sua posição de polo regional. “Somente com parcerias se consegue ir mais longe, até porque não se administra um município sozinho”, defendeu o chefe do Executivo, sem detalhar as áreas em que haverá essa cooperação. Entretanto, ele antecipou que em breve surgirão “boas e grandes notícias”, as quais levarão ao crescimento da confiança e da credibilidade da comunidade local.