48 presos atuam em serviços de limpeza, capina e asfalto no município
O trabalho prisional é a oportunidade de o apenado mudar de vida, retornar para a sociedade com dignidade, reduzir a pena e proporcionar alguma renda para a sua família. Para as empresas e administrações municipais que contratam tem a vantagem do baixo custo da mão de obra, sem vínculo empregatício. “O trabalho é um dos principais pilares para a ressocialização”, destaca o diretor do Instituto Penal de Montenegro, Nairo Resta Ferreira.
Grande parte dos trabalhadores que atuam na limpeza das ruas e em serviços de capina, recapeamento asfáltico e recuperação de prédios públicos, em Montenegro, são formados por detentos do regime semiaberto. Dos 77 apenados do Instituto Penal, 48 trabalham para a Prefeitura, através de convênio com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Outros trabalham em serviços internos na própria casa prisional, como na cozinha e limpeza. E um grupo também presta serviço para uma empresa, no pavilhão de trabalho, situado no complexo do Instituto Penal. “É muito importante esta oportunidade para nós. O trabalho nos prepara para retornar à sociedade e ajudar a família”, agradece um detento de 61 anos, que está no final da sua pena de 23 anos, enquanto carrega um fardo de embalagens de papelão confeccionadas junto com cinco colegas, entre eles com idades de 75, 74 e 71 anos.
Na cozinha, alguns detentos já preparam a janta. Como a maioria dos apenados está em trabalho externo, almoça fora, mas retorna às celas para dormir, acaba voltando com muita fome. “O trabalho é a melhor coisa para a recuperação”, cita um dos cozinheiros, de 50 anos, do Vale do Paranhana, que está detido faz dois anos. Junto com um colega, prepara o cardápio de carne de porco, arroz, massa, feijão e saladas.
Para os presos, cada três dias trabalhados representam um dia a menos na pena. No Instituto Penal apenas um detento não trabalha de forma remunerada porque já está aposentado, mas atua na faxina. Alguns estão trabalhando na reforma do antigo prédio do Ipê, onde serão instaladas as Delegacias Regional e da Mulher. Eles também atuaram em melhorias no quartel dos Bombeiros e nos prédios da Brigada Militar e da Polícia Rodoviária Estadual.
VISITAS A FAMÍLIA
A maioria dos apenados, além de poderem trabalhar fora durante o dia e só dormir nos alojamentos do Instituto Penal, ganhou autorização da Justiça para visitar suas famílias aos finais de semana. A autorização depende do bom comportamento e ter cumprido parte da pena. O diretor Nairo ressalta que o trabalho também tem ajudado na disciplina, evitando a reincidência. “São pessoas que querem realmente mudar de vida e não mais voltar para o crime”, declara, informando que não foram mais registradas fugas ou casos de detentos que não retornaram ao Instituto após visitar parentes. Os presos sabem que o descumprimento das medidas implica em penalização que pode acarretar regressão de regime, perdendo o benefício do semiaberto e sendo recolhido em presídio fechado.
No Instituto Penal os presos também recebem aulas para capacitação e qualificação, se preparando para voltarem ao mercado de trabalho após cumprirem suas penas. Recentemente foram oferecidos cursos pelo Senai, como de empilhadeira, solda, informática e corte de costura. Também ciclo de palestras, EJA (Educação de Jovens e Adultos) e curso de eletricista. “Com a educação e o trabalho eles se sentem valorizados e motivados”, considera Nairo, informando que no semiaberto de Montenegro estão detentos de diferentes faixas etárias, penas e vindos de diversas cidades do Rio Grande do Sul e até de outros Estados.
Melhor estrutura
Chama a atenção também os corredores, salas e celas, todos bem limpos. A limpeza é importante para manter as instalações da casa prisional, situada no bairro Timbaúva, que passou por uma grande transformação nos últimos anos. “Trabalhei na cozinha e agora estou na limpeza. O trabalho está mudando a minha vida. É muito produtivo. Após cumprir minha pena quero voltar ao trabalho que eu amo”, afirma um detento de 35 anos, do Vale do Sinos, enquanto limpava as escadas.
O prédio, localizado na Rua Bruno de Andrade, é da década de 50, quando foi erguido para sediar pavilhões da Festa da Laranja. Depois foi adequado e virou o Presídio da Timbaúva, que era em regime fechado até a construção da Penitenciária Estadual na localidade de Pesqueiro. Com capacidade para até 80 apenados, nos últimos três anos o Instituto Penal ganhou uma “cara nova”.