A organização do Município frente às cheias do Caí foi pauta do “Prefeito tá On”

ZANATTA: “CONTINUAR ERRANDO não dá. Temos que trabalhar em duas linhas: de forma preventiva e em busca de solução para minimizar o problema”

Nessa quarta-feira, 5, a Rádio Ibiá Web realizou a quarta edição do programa “Prefeito Tá On”, com o chefe do Executivo de Montenegro, Gustavo Zanatta. O novo coordenador da Defesa Civil (DC), Clóvis Eduardo Pereira, também participou do programa conduzido pela jornalista Maria Luiza Szulczewski, a Lica. A pauta tratou sobre as cheias do Rio Caí.
Em sua fala, Zanatta reconheceu a falha de comunicação ocorrida durante a previsão da enchente que atingiu Montenegro no mês de junho. Segundo ele, desde então, o Município vem se reorganizando sobre como agir em situações semelhantes. Além disso, ressaltou a importância da atuação do Poder Público no que diz respeito às ações preventivas e também na busca de projetos que possam minimizar os efeitos das enchentes na comunidade.

Ibiá: Passados quase 20 dias desde a cheia que marcou a comunidade, qual sua avaliação em relação aos erros cometidos e o que poderia ter sido diferente?
Prefeito: É importante ressaltar que a questão do ciclone tropical é diferente de uma enchente ou dias de chuva, e a forma correta de avaliar é diferente também. O ciclone fez a água chegar em locais onde nunca havia chegado antes. A informação que foi divulgada foi um dos problemas, talvez o maior deles, mas com os erros, aprendemos.
Quando algo sai errado, devemos fazer uma avaliação e aproveitar tudo que foi positivo para manter da melhor forma possível na possibilidade de uma nova enchente. Além disso, precisamos nos reorganizar para corrigir o que deu errado e minimizar os impactos. Esse é um problema que vem sendo discutido há anos no município. Desde a época em que fui vereador, em 2012, havia várias propostas de projetos, sendo que os diques se destacavam como uma das opções mais viáveis, embora envolvessem altos custos.
E necessário retomar essa discussão com a Associação dos Municípios do Vale do Caí (Amvarc) sobre projetos, que estavam parados há anos e verificar como atualizá-los e buscar recursos para isso.

Ibiá: Cada vez mais as populações ocupam espaços, o que acaba tendo impacto na questão das cheias. O Plano Diretor do Município prevê regras para ocupação?
Prefeito: Essa preocupação já está contemplada no novo Plano Diretor. Devemos evitar construções nessas regiões suscetíveis a alagamentos, levando em consideração os riscos envolvidos.

Ibiá: Diante da previsão de especialistas sobre a chegada de novos ciclones de intensidades variadas atingirem o Estado, o Município está preparado para enfrentar essa situação?
Prefeito: Continuar errando não dá, temos que estar preparados. Estamos conversando sobre isso há alguns dias.
Coordenador DC: Os ciclones vão virar rotina no Rio Grande do Sul. Desde segunda-feira, 3, estamos nos organizando. É provável que de quinta-feira até sábado tenhamos chuvas entre 40 e 90mm e ventos fortes. Devemos ter alagamentos com possibilidade de destelhamento. Já na terça-feira, 11), há uma situação mais preocupante, quando está previsto 100mm de chuva na Serra. Se for assim, poderemos ter enchente.

Ibiá: Há 15 anos, em Florianópolis (SC) uma parceria entre empresa privada e operadora de telefonia já possibilitava a emissão de alertas à população sobre mudanças climáticas. O município têm buscado exemplos de enfrentamento às cheias em outras cidades?
Coordenador DC: No processo de reorganização, estamos criando os Núcleos de Defesa Civil. Eles serão feitos nos bairros. Vamos juntar a parte privada, formada por voluntários, e a pública, com a Saúde e a Defesa Civil. Ninguém conhece melhor o bairro do que o próprio morador. A prevenção se faz com o cuidado da comunidade.

Ibiá: Além do Rio há a questão do esgoto, que não dá conta do volume de água, muitas vezes, por estar obstruído. No mandato como vereador, o senhor apresentou uma indicação sugerindo a instalação de bueiros inteligentes, o mesmo consta em seu plano de governo. Por que ainda não foi implementado?
Prefeito: A rede de esgoto da cidade não foi planejada para o volume de escoamento que se tem hoje. Teríamos que ter canos muito maiores. Em vários pontos existem canos quebrados que acabam obstruindo e entupindo.
Os bueiros inteligentes são gradis colocados para que o lixo fique acumulado sobre eles. Estamos tentando adaptar porque não existe um modelo ideal de galeria na cidade. Se fosse padronizado, poderíamos fazer com que o cesto fosse colocado e retirado da melhor forma. A partir de agora, quando começarmos a entrar em novos loteamentos, devemos construir de forma padronizada para que possamos fazer essas galerias de ferro, de modo que, quando ocorrerem as enxurradas, a sujeira fique ali.
A enchente poderia ter sido pior se não tivéssemos desassoreado alguns arroios. Já enterramos mais de 5 mil metros de canos justamente porque sabemos do problema. Nós estamos há dois anos e meio na gestão, mas o problema existe há muitos anos. Não existe milagre. Não é eu, nem o prefeito da próxima gestão que vai conseguir resolver esse problema.
É uma cidade de 150 anos, com muitos canos velhos e entupidos. Isso tudo, somado às águas das áreas alagadiças, acaba não sendo drenado e ataca as casas das pessoas. Somos limitados, tanto em equipamentos quanto em pessoal. Dentro do que temos, o pessoal está de parabéns.

Ibiá: Em relação ao programa Recomeçar, que prevê destinação de recurso para vítimas da enchente, com renda per capita de até R$218,00, inscritos no Cadúnico: essas pessoas já estão recebendo o benefício, o que está pendente?
Prefeito: São 600 famílias que receberão um cartão no qual estará depositado o valor de R$1mil.São pessoas que já estavam cadastradas no Cadúnico até o dia da enchente. Eu quero celeridade nisso, mas existe a parte burocrática. Nos próximos dias, os cartões começão a ser entregues.

Ibiá: Seu governo tem se caracterizado pelo asfaltamento de ruas. O que o senhor pensa sobre utilizar outro tipo de pavimento como, por exemplo, o (pavimento intertravado (PAVS)?
Prefeito: Temos uma avaliação de engenheiros para isso. A pavimentação da Rua dos Imigrantes será em PAVS, justamente pela permeabilidade. Outra rua que também será pavimentada em PAVS é a rua dos Sinos, localizada na Esperança. Queremos pavimentar todas as principais vias de acesso aos bairros. Vamos analisar cada caso.

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