Voleibol. Ex-atleta reativa projeto criado na cidade há dez anos e busca angariar recursos para implantar ideia em 2019
Um dos esportistas mais vitoriosos de Montenegro, o ex-jogador de vôlei Jefferson Orth, o Jeffe, 41 anos, resolveu desenvolver um projeto esportivo elaborado há dez anos, através do qual quer passar seu conhecimento para a criançada. Em parceria com a Associação Montenegrina de Esporte e Cultura (AMEC) e com apoio do Clube Riograndense, ele reativou o PIER – Projeto de Inclusão Esportiva Riograndense.
A proposta já foi aprovada em Brasília e está em fase de captação de recursos. O PIER deve começar em janeiro de 2019 e pretende reunir 200 crianças, de 7 a 14 anos, que estejam matriculadas e frequentando a escola. As aulas serão realizadas duas vezes por semana, no contraturno escolar. “Algumas pessoas me procuraram e deram a ideia de criar um projeto social para as crianças. Então, resolvi reativar esse projeto que foi criado há dez anos. Quero deixar um legado da minha carreira na cidade”, destaca Jeffe.
A iniciativa tem como objetivo tirar os jovens da rua e afastá-los do assédio das drogas; desenvolvendo ações que estimulem e possibilitem praticar o voleibol. Desta forma, o esporte será ferramenta de lazer e integração social. Inicialmente, o projeto não tem caráter competitivo e vai oportunizar ampla participação do público escolar. “Vamos tentar promover essa socialização que é tanto falada também, fazer com que as crianças conheçam o esporte”, explica o diretor-geral e coordenador técnico do projeto.
Para que o PIER inicie em janeiro do próximo ano, os recursos devem ser captados até dezembro. Pessoas físicas e jurídicas podem colaborar com o projeto, através da Lei de Incentivo ao Esporte. O local para a realização das atividades também já está definido. “Acho que é bem possível (captar os recursos necessários até o final do ano). As aulas serão no ginásio do Clube Riograndense. O projeto ainda prevê palestras e oficinas, tudo visando a inclusão. A disciplina da garotada”, acrescenta Jeffe.
A proposta é pensada a longo prazo. Inclusive, uma das ideias do ex-atleta para os próximos anos, é implementar uma categoria de base para o PIER. “Para a sequência, queremos montar uma categoria de base no projeto, para formar uma equipe com alunos acima de 14 anos. Quero passar minha vivência, o que se aprende com o esporte. Ajudar e ser ajudado! Para chegar lá, há uma série de caminhos a percorrer, nada é por acaso”, ressalta.
Início no futebol e trajetória vitoriosa nas quadras
Pouca gente sabe, mas Jefferson Orth quase atuou profissionalmente em outro esporte. Em 1994, quando estava com 16 anos, jogou por quatro meses nas categorias de base do Grêmio, como centroavante, mas decidiu não seguir no futebol. O técnico gremista da equipe profissional na época era Felipão, que indicou uma vaga para Jeffe no elenco principal, mas não teve jeito. “Parei porque tinha que ir diariamente para Porto Alegre, era uma função. Essa rotina me desgastou muito”, relembra.
Logo depois de “pendurar as chuteiras”, o atleta montenegrino rumou para o voleibol, e teve um incentivo fundamental para ter êxito no esporte. “Comecei a jogar vôlei nas categorias de base da Sociedade Ginástica, em Novo Hamburgo, e tive que ir todo dia para lá também. Meu pai (Cilon Orth), como sempre esteve ligado ao esporte, me incentivou bastante. Joguei por dois anos na base da Sociedade Ginástica e um ano no time adulto”, frisa.
O líbero montenegrino deixou o time do Vale do Sinos para defender a Ulbra, entre 1997 e 2002. Em Canoas, foi bicampeão da Superliga, o Campeonato Brasileiro Masculino de Voleibol, nas temporadas 97/98 e 98/99, e empilhou títulos gaúchos. Ao todo, conquistou 15 vezes o Campeonato Gaúcho na sua carreira. Entre 2002 e 2004, jogou pelo Unisul, de Santa Catarina, onde foi novamente campeão da Superliga, em 03/04, e ganhou dois campeonatos catarinenses.
Jeffe voltou ao Rio Grande do Sul em 2004, para defender o Online, por duas temporadas. O líbero retornou à Santa Catarina em 2006 para conquistar mais um título estadual, pela Cimed. Depois disso, atuou pela Ulbra entre 2007 e 2009, jogou pelo Sesi, de São Paulo, a temporada 09/10 e voltou ao Sul para jogar pela Sogipa, por mais um ano. Em 2011, acertou com o Vôlei Canoas, onde jogou até o início de 2016, quando anunciou sua aposentadoria das quadras.
Além das inúmeras conquistas coletivas, Jeffe também faturou vários títulos individuais. Foi o melhor líbero e defensor da Superliga por três temporadas. Porém, também conviveu com insucessos. “A derrota te ensina muita coisa, você tira muito aprendizado. A melhor coisa que tem no vôlei é chegar à final, significa que tu fez tudo certo na temporada. É a recompensa do trabalho”, enaltece.
Um dos melhores atletas da posição no País por quase duas décadas, Jeffe revela as particularidades de um líbero e faz um comparativo com o goleiro no futebol. “O líbero precisa ter muita técnica e uma boa leitura de jogo. Felizmente, sempre tive essa facilidade. O líbero segue o mesmo paralelo do goleiro. Se tu acerta, é tua obrigação. Se erra, é considerado falha e te marcam por isso”, afirma.
Multicampeão, o ex-atleta também teve momentos complicados em sua trajetória. Na segunda passagem pela Ulbra, entre 2007 e 2009, o montenegrino e seus colegas de time ficaram um ano sem receber salário, período que considera o mais difícil da carreira. Apesar disso, Jeffe garante que não tem do que reclamar de sua vida no esporte. “Tive uma carreira de sucesso, joguei em grandes times, ganhei títulos coletivos e individuais. Não tenho inimigos no esporte e fui exemplo para muita gente”, completa.