Defesa pessoal. Lutador montenegrino ressalta crescimento feminino nas academias e projeta seminário na cidade
As artes marciais não são somente para homens. Isso fica mais evidenciado a cada ano que passa. De 10 anos para cá, a mulherada tomou conta dos ringues, tatames e octógonos. Um dos motivos principais para o ingresso feminino nas artes marciais é a defesa pessoal. A mulher que tem pelo menos uma arte dominada sabe como se defender em uma eventual agressão masculina que, todos sabem, é algo rotineiro no Brasil, infelizmente.
O lutador montenegrino Gustavo Kuhn, 37 anos, faixa preta em jiu-jitsu e taekwondo, e grau preto em muay thai, tem ministrado seminários sobre defesa pessoal para as mulheres em várias cidades do Estado e também em outros países. Ano passado, em tour pela Europa, Gustavo realizou o curso sobre o assunto na Espanha e na Grécia. Além desses dois países, o atleta também passou seus ensinamentos para americanas.
Apesar de ter ministrado o seminário pelo Estado e fora do Brasil, há um lugar que o lutador ainda não realizou o curso: Montenegro. Justamente em sua cidade natal, Gustavo não teve (ainda) a oportunidade de apresentar à mulherada as técnicas de defesa pessoal. “Quero muito ministrar o curso em Montenegro, se possível em breve. Meu seminário é totalmente diferente das aulas. É preciso que isso fique claro. É feito tanto para meninas de 12, 13 anos, quanto para senhoras de 70 anos”, ressalta.
Projetando realizar a atividade em Montenegro ainda este ano, o atleta reitera que não passa nada muito complexo para as mulheres, já que é complicado tomar decisões sob pressão e na hora do estresse. “Ensino a se desvencilhar do agressor e não a sair na porrada com ele. Passo a elas as técnicas básicas, fáceis. O primeiro objetivo é não cair, mas caso haja a queda tem que levantar e fugir. É exatamente isso que busco ensinar no seminário”, acrescenta.
No curso, Gustavo Kuhn dá diversos exemplos de situações tentadas pelos agressores contra as mulheres, da abordagem em uma festa (como um puxão pelo braço) até a tentativa real de estupro. “A mulher tem a desvantagem física, por outro lado tem a vantagem do efeito surpresa. Após realizarem o curso, elas não vão dar soco no agressor, vão usar o cotovelo e o joelho para se defender”, frisa.
Para passar seus ensinamentos às mulheres gaúchas e de outros países, Gustavo Kuhn buscou técnicas de cinco artes marciais diferentes: hapkidô, krav maga, muay thai, taekwondo e jiu-jitsu. “Nos últimos dez anos, o crescimento das mulheres nas artes marciais é de 80%. A informação foi fundamental para isso, além do interesse delas, é claro”, completa.
Atleta reforça importância da defesa pessoal
Há dois anos no muay thai, a lutadora Débora Godois, 23 anos, já participou de um seminário de defesa pessoal e destaca a importância das técnicas ensinadas na atividade. “Não digo que a mulher fica totalmente preparada para a violência que pode sofrer, mas uns 75% sim. Nunca sabemos como o agressor vai reagir, ele não espera um golpe da mulher. Quem pratica alguma arte marcial vai conseguir se defender”, diz.
Débora iniciou no taekwondo, aos sete anos de idade. De lá para cá, nunca largou a luta, já que é um “equilíbrio” para sua vida. “Sempre pratiquei artes marciais, por incentivo da minha mãe. Ela preza muito a disciplina, a questão de se defender, a postura e o bem que faz para a saúde. A luta dá um alívio, é um equilíbrio do corpo e da mente. Fiquei três semanas sem treinar e já me estressei com a rotina do trabalho e dos estudos”, relata.