Casas iluminadas pertencem à mesma família, entre tios e sobrinhos, e difundem o espírito desta época na cidade
Quem passa à noite pela rua Torbjorn Weibull, no trecho entre a Escola Dr. Paulo Ribeiro Campos e a Tanac, tem sido surpreendido pela presença do clima natalino. Algumas casas da rua, uma após a outra, têm suas fachadas decoradas com milhares de luzinhas e enfeites natalinos. Coloridas, pisca-pisca e cascatas luminosas: a aura é mágica, e a imagem, aos olhos, parece saída de um filme. É tradição que vem de anos.
Uma das moradoras, Rosangela Bonato, 50 anos, diz que já perdeu as contas de quanto tempo enfeita a casa para o Natal. Antes mesmo de iniciar os preparativos, por meados de novembro, as pessoas que conhecem a tradição dos moradores questionam sobre os enfeites.
“Em 2010 participamos de um concurso promovido pela Prefeitura e recebemos um prêmio. As casas aqui ao lado enfeitadas são todas de parentes. Então o 1°, 2°, 3° e 4° lugar ficaram entre família”, destaca.
Reaproveitando os jogos de luzes dos anos anteriores, sempre que possível, e inovando em algum item da decoração, Rosangela afirma que é a eletricista da rua. Troca e conserta itens estragados dos vizinhos. E o marido, Paulo Stein, 55 anos, é quem executa os projetos decorativos solicitados por ela. “Estou tentando montar a estrela desse ano. Sempre tem um motivo, um mistério revelado só na hora de decorar”, brinca.
Se a família gosta do Natal? Nem é preciso perguntar. Orgulhosa, Rosangela conta que o apreço é principalmente pela parte em que coloca a mão na massa para enfeitar.
“Ligamos as luzinhas da casa por volta das 20h30min e desligamos na hora de dormir, entre 23h. Em questão de custos, não chega a acrescentar na conta no fim do mês”, salienta.
Quando chega metade de janeiro é hora de retirar tudo, encaixotar, mas sem perder a expectativa para o Natal seguinte. “A próxima decoração será com um monte de pinheirinhos — um diferente do outro”, antecipa.
As crianças adoram
Na casa de Elita Bonato, 80 anos, as mamães e os papais-noéis saltam de paraquedas ao longo do corredor de entrada. Os adornos em formato de caixas de presentes, grandes e coloridas, também estão bem posicionados na escadinha que dá acesso à porta da frente. Quem pendura, prega e estica, segundo ela, são os netos. “Eles já sabem até como eu gosto. Eu adoro o Natal. Para as crianças, então, essa é uma das datas mais esperadas. Entristeço em certas horas, porque sou sozinha, viúva há cinco anos, o que me traz muitas lembranças. Mas por outro lado, é uma época muito bonita.”
Da infância, Elita lembra que o pinheiro era sagrado na decoração de casa e que os preparativos para a noite de Natal, com adornos, eram feitos dois dias antes, às pressas, mas sem perder a magia. “Se Deus me der saúde e vida, ano que vem pretendo continuar com a tradição. E aqui todo mundo pegou esse costume. Acredito que se a Prefeitura desse continuidade ao concurso de casas enfeitadas, traria estímulo para que ainda mais pessoas embelezassem a cidade.”
Pâmela Menezes Flores, 35 anos, tem sua casa entre a de Rosangela e Elita. Esse ano, ousando mais que de costume, ela coloriu a residência com jogos multicores. E, se depender dela, a cultura também será mantida. “Mas eu prefiro monocromático, e perdi as contas do número de jogos pisca-pisca utilizados. Deve ter mais de cinco mil lâmpadas. As crianças adoram. Passam aqui na frente num griteiro”, diz.