Para as duas famílias, o real sentido da data é muito mais profundo do que só as trocas de presentes
Está chegando o Natal, época em que casas e vitrines estão decoradas, presentes são comprados e festas organizadas. Isso tudo é muito bom, é claro, porém há quem diga que o real sentido desta data está sendo perdido aos poucos. Na casa dos Kunrath e dos Fagundes todos esses detalhes são feitos com muito carinho, mas acima de tudo está à comemoração do nascimento de Jesus Cristo, o verdadeiro significado desta época de amor e união.
Para as duas famílias, o Natal representa uma aproximação com as pessoas mais queridas, tornando tudo mais real e memorável. Segundo a matriarca Itacir Terezinha Kunrath, 66, o casal sempre gostou de Natal e a tradição vem de berço. “Os Natais sempre foram na minha família e na dele, um dia em cada um”, conta.
Criados dentro da religião católica, sempre antes de receber os presentes do esperado Papai Noel o compromisso era com a missa. Itacir conta que ela e o esposo sempre passaram o espírito de Natal para a filha e os netos, e que é tradição montar o pinheiro com o presépio embaixo.
Perseverantes na fé, contam que o verdadeiro natal é o nascimento de Jesus, e que ele nasce todos os dias em sua família. “Eu tenho Parkinson desde 2007, e no ano passado em maio eu fiz um procedimento de implante no peito, com dois eletrodos na cabeça. A Ita, há três anos atrás, teve um enfarte sentada na sombra da praia, mas estamos bem hoje”, conta Placidio Luiz Kunrath, 62.
Emocionados contando a sua história, Itacir e Placidio relatam agradecer todos os dias pela vida que têm. “Jesus sempre esteve do nosso lado. A gente não deve se preocupar muito em comprar presente, mas sim ser presente um pro outro”, fala Itacir. Sobre presentes, Placidio lamenta que o Natal tenha virado estritamente comércio.
“Não se procura mais transmitir o sentido do Natal. O pessoal está muito preocupado em consumir. É uma pena também que as pessoas se lembram somente nessa data do amor e paz, mas e o resto do ano? Para nós o que vale é o nascimento de Jesus, e a fraternidade das pessoas”, relata.
A família de Itacir já está se preparando para uma reunião com todos presentes uns dias antes do Natal, juntamente com a mãe, de 90 anos. Sobre o dia, o casal conta que pretende comemorar com a filha, os netos e o genro.
Cultivar a família no Natal
O amor, o renascimento e o espírito Natalino também estão presentes na família de Sônia Beatriz Fagundes, 57, e Arcizio Albuquerque Fagundes, 60. Católicos praticantes, o nascimento de Jesus sempre foi o maior motivo de comemoração nas suas casas. “O natal na minha casa era bem simples, mas tinha um sentido muito de oração. Quando tinha o Natal a gente sabia que iria ganhar um presente, mas nunca sabíamos o que íamos ganhar. E era tradição no dia 24 de dezembro fazer o pinheiro, ai nós limpávamos toda a casa, montávamos o pinheiro e de noite vinha o pessoal e tinha uma janta entre os familiares”, conta Sônia.
Arcizio também gosta do Natal desde criança, e conta que ele e os irmãos só recebiam o presente na noite do dia 24, e que acreditou fielmente no Papai Noel até um retorno de uma missa. “A gente ia muito na missa do galo, e quando eu tinha uns sete anos estávamos voltando com um vizinho e ele me contou que o Papai Noel era o pai dele, nisso eu comecei a desconfiar, até que descobri”.
Desde que se casaram, há mais de 30 anos, os dois montam a árvore de Natal e tentam deixar ensinamentos para os filhos. “Eu falava que o Papai Noel estava trazendo presente, mas que o aniversariante é Jesus, mas como Jesus não iria receber eles iriam receber. Eu sempre tentava colocar que o Papai Noel não era o mais importante, porque ele virou comércio, e assim ficava mais fácil de assimilar”, diz Sônia.
Segundo ela, esse foi o segundo ano da sua alegria. A neta de três anos ajudou na montagem do pinheiro, mas há um elemento mais especial preparado todos os anos. “Nós sempre tivemos o presépio, pra mim a árvore de natal sem o presépio não tem nada haver com o Natal”.
O Natal para a família Fagundes é uma forma também de reunir a família para confraternizar. “A gente costumava reunir a família toda e fazer trocas de presentes, e vinha o Papai Noel para as crianças, antes eram os sobrinhos, depois foi os nossos filhos e agora a gente faz para a netinha. Hoje em dia já é mais difícil, porque nós temos os filhos mais velhos, mas já combinamos de fazer neste ano uma ceia de natal na noite do dia 24”, contam.
Indagados sobre o que o Natal significa na sua família, os Fagundes respondem com o mesmo sentimento dos Kunrath: o nascimento de Jesus e o amor entre a família. “O amor é o real significado do Natal que Jesus Cristo veio trazer, e a humildade, e a gente deve cultivar isso não só no Natal, mas todos os dias. Com a luz do evangelho e de Jesus Cristo, com certeza tudo é bem melhor e bem mais ameno”.