Biblioteca Pública Municipal completa sete décadas atendendo aos leitores
O conhecimento liberta e os livros são os principais aliados da sociedade para vencer a ignorância e promover o desenvolvimento. Neste contexto, incentivar o hábito da leitura é uma obrigação das autoridadees, das famílias e das escolas. Em Montenegro, a população conta com um espaço público destinado à literatura há sete décadas, que serão comemoradas nesta segunda-feira, dia 25 de novembro.
A “Cidade das Artes” tem na Biblioteca Pública Municipal Hélio Alves de Oliveira um importante espaço para a disseminação da cultura e do conhecimento. De acordo com a diretora Ana Valdeti Martins, o espaço é aberto a todos. “É um ambiente democrático, onde a população pode retirar livros, realizar leituras, pesquisas, ouvir histórias, sem custo algum.”
Por sinal, o acesso à literatura, muitas vezes, é caro demais para quem não pode escolher o seu tipo de lazer. De acordo com o estudo Retratos da Leitura, do Ibope, 44% dos brasileiros não têm hábito de ler e 30% nunca compraram um livro. O preço das publicações não cabe no orçamento. Tudo isso torna ainda mais importante a manutenção de instituições públicas.
O acervo atualmente conta com cerca de 50 mil exemplares. Os mais procurados são os livros de literatura, mas muitos usuários também procuram os jornais antigos encadernados, para consulta. Apesar da grande distância até o Parque Centenário, Ana Valdeti afirma que o movimento é bom.
Acervo teve vários endereços
Criada em 25 de novembro de 1949, através de um projeto do então vereador Hélio Alves de Oliveira, o espaço guarda a história cultural da cidade e de seus moradores. O prefeito de então, José Pedro Steigleder, assinou a lei que criou oficialmente a Biblioteca Pública Municipal, que funcionava primeiramente no prédio que hoje é a Prefeitura Municipal.
Por 17 anos, o órgão ficou neste endereço, até que, diante do crescimento do acervo, foi transferido para um prédio na esquina das ruas Ramiro Barcelos e São João, que hoje não existe mais. Além destes dois endereços, a Biblioteca também funcionou num prédio na esquina das ruas João Pessoa e Olavo Bilac, e finalmente na rua Capitão Cruz, 2150. No final de 2012, o início das obras de reforma na sede obrigou a Biblioteca a se afastar um pouco do centro da cidade, atendendo os leitores na Rua Alberto Gottselig, dentro do Parque Centenário.
Embora já esteja instalada há seis anos no Parque, o retorno ao seu endereço oficial deve demorar mais um pouco. O prédio está com a reforma concluída, mas ajustes no Plano de Prevenção e Combate a Incêndios precisam ser realizados, adiando o esperado retorno para 2020.
Poesia para comemorar
Em comemoração aos seus 70 anos e promovendo o estimulo à leitura de poesias, a Biblioteca Pública Municipal Hélio Alves de Oliveira vai realizar a premiação dos vencedores da 12ª edição do projeto Poesia em Movimento. A cerimônia ocorre na segunda-feira, dia 25, em sua sede, no Parque Centenário.
O concurso recebeu 917 trabalhos, que concorrem em quatro categorias: Escritores Montenegrinos, Comunidade em Geral, Estudante do Ensino Médio e Estudante do Ensino Fundamental. As 60 poesias vencedoras serão divulgadas nos ônibus urbanos de Montenegro. Com a parceria da empresa de transporte público VIMSA e da agência de propaganda Tasca, elas vão circular dentro dos coletivos, facilitando o acesso ao público.
Nos 70 anos, a associada de nº 70
Durante seus 70 anos de vida, a Biblioteca Pública sempre pode contar com um grande número de associados. A professora estadual aposentada Maria Helena Heckler é uma presença constante no ambiente literário. Natural de Nova Petrópolis, ela se mudou para Montenegro em 1982 e, desde então, visita o ambiente com frequência, sempre junto de suas três filhas. “Em 1984, quando a minha filha mais velha se alfabetizou, eu as levava toda semana à Biblioteca. Eu ia à biblioteca adulta e elas na infantil, pra trocar os livrinhos. Elas também são ótimas leitoras porque as incentivei desde pequenas. As mais novas ainda não sabiam ler, mas eu as levava junto. Agora elas levam os meus netos”, conta a orgulhosa associada de número 70 da Biblioteca, algo que conta com certa surpresa pela coincidência com a data.
Ávida leitora de romances e suspenses, Maria Helena afirma que lê pelo menos um livro por semana e sempre que está na cidade passa na Biblioteca para ver o acervo. “Eu entro lá e me sinto em casa. Sento, converso com o pessoal e trocamos ideias sobre os livros.”
Para a professora aposentada, a presença da Biblioteca é importantíssima para a cidade. Apesar da distância, Maria Helena elogia a equipe de trabalho. “Quando ela foi pro Parque Centenário, acabei não frequentando por um tempo, me atrapalhou do jeito que estava. Mas eles conseguiram criar um clima, dentro do possível, muito acolhedor. Converso com eles quando não acho algo na prateleira, eles pesquisam. São muito solícitos. O pessoal lá é nota dez”.
A distância do Centro é um dos empecilhos para Maria Helena. A volta da Biblioteca para seu espaço original, para ela, deve movimentar mais o ambiente. “Não é ‘ah, estou passando pelo Centro, vou dar um pulinho na Biblioteca, devolver meu livro, ou buscar um livro’. É preciso se deslocar especialmente para o Parque Centenário, e quem precisa pegar transporte público nem sempre faz isso. Não vejo a hora de voltar para o lugar original, porque posso pegar meus netos na escola e os levar até lá.”
Assim como fez com suas filhas, a aposentada diz que o incentivo à leitura deve vir da família. “Que os pais sigam incentivando os filhos, porque só a escola não consegue fazer muito, os pais devem colaborar. Tem que ter um incentivo da família. Compre livros e leia com as crianças. É isso que desperta o gosto pela leitura.”
Como um desejo para os próximos 70 anos, Maria Helena afirma que a Biblioteca Pública merece continuar seu trabalho. “Que ela continue com uma boa equipe, receptiva, preocupada em atender bem ao leitor.”