Policiamento. Embora a carência, corporação apresenta dados expressivos das ações realizadas em 2017
O 5º Batalhão de Polícia Militar (BPM) conta com apenas 110 policiais para cobrir os nove municípios da sua região de abrangência quando o ideal seriam 283. O cenário é agravado pelo fato de, atualmente, devido a afastamentos, o efetivo ser de 84, apenas 29,68% do necessário. Isso sem considerar 11 cedências para a Operação Golfinho deste Verão. A falta de pessoal, entretanto, tem sido driblada pelo esforço e empenho da corporação.
Os números apresentados nessa quinta-feira, durante cerimônia em alusão aos 103 anos do 5º BPM, chamam a atenção. Em 2017, foram 24 operações Avante, ações voltadas a determinado tipo de ocorrência criminal, conforme local, dia e horários específicos, 30 contra o abigeato, cinco em conjunto com a Polícia Civil, como cumprimento de mandados, além de dez participações na Viagem Segura, voltadas à fiscalização no trânsito em feriados e datas especiais. No período, também foram registradas 114 prisões por tráfico de drogas, 111 capturas de foragidos ou cumprimento de mandados e 20 por porte ilegal de armas. No total, foram 845, incluindo os termos circunstanciados.
Ao todo, houve 28.705 abordagens a veículos e 51.784 a pessoas. Quanto à apreensão de entorpecentes, foram 29 quilos de maconha, 990 gramas de cocaína, 600 gramas de crack e 175 comprimidos de ecstasy. Também foram encontradas 27 armas no período, sendo 19 revólveres, cinco pistolas e três espingardas. “Se estamos com números aceitáveis em Montenegro e região, não é pela quantidade, mas pela qualidade”, argumenta o comandante do 5º BPM, major Iber Augusto Lesina Giordano.
O oficial ressalta que, como não há pessoal para cobrir todas as regiões ao mesmo tempo, é feito um estudo qualificado da situação da criminalidade, com o objetivo de otimizar o emprego dos policiais. “O nosso efetivo é muito comprometido. Hoje, de fato, o que nos falta são pessoas para dividir o fardo conosco. É um esforço que estamos fazendo, dia a dia, tentando trazer mais policiais para a nossa região, seja dos alunos ou até dos aposentados que retornam”, frisa Giordano. Apesar dessa dificuldade, ele salienta que os índices atingidos na região, em geral, são melhores aos registrados em outras áreas do Estado.
O delegado regional, Marcelo Farias Pereira, presente no evento, classificou como exemplar a atuação do 5º BPM. Também lembrou a importância da interlocução das forças de segurança presentes na região. “Gostaria de ressaltar, como sempre fiz deste que estou aqui em Montenegro, o trabalho muito forte no combate à criminalidade que a Brigada faz e, principalmente, o trabalho integrado com a Polícia Civil. Isso, com certeza, melhora a sensação de segurança, nós conseguimos, efetivamente, combater o crime e toda a sociedade sai ganhando com isso”, ressaltou.
Parcelamentos e atrasos de salários
Sem considerar a falta de pessoal, outra dificuldade enfrentada pela corporação é a crise financeira vivida pelo Rio Grande do Sul, e os consequentes parcelamentos e atrasos dos salários do funcionalismo público. O major Giordano disse perceber uma baixa na moral do efetivo em razão dessas circunstâncias. “Mas a vontade de servir a nossa população e a nós mesmos, porque o policial é agente de segurança e cliente desse serviço também, é maior. Para mantermos a nossa casa e a nossa região de uma forma tranquila para as nossas famílias, o pessoal se empenha sempre além do necessário, do dever”, pondera.
O comandante do 5º BPM reforça que, muitas vezes, os policiais trabalham em dias de folga. Também, segundo o major, eles trocam informações sobre crimes, constantemente, por meio do WhatsApp. “Essa questão do parcelamento e dos atrasos de salários nos afeta, mas guardamos conosco e o trabalho segue em frente”, finaliza.
Descerramento da foto do ex-comandante
A atividade dessa quinta-feira também contou com o descerramento da foto do ex-comandante do 5º BPM, tenente-coronel Marcus Vinícius Sousa Dutra. Foram quase seis anos no cargo. “Fiz muitas amizades aqui, estabeleci muitos institucionais e afetivos com todas as pessoas que fizeram parte desses anos todos de convívio. Tive a oportunidade de trabalhar com um efetivo extremamente comprometido”, frisou.
Atualmente, o tenente-coronel trabalha junto ao Estado Maior da Brigada Militar, em Porto Alegre. “Mas sempre me lembrando das coisas que passei, das dificuldades que eu tive como também uma forma de assessorar o comando da instituição”, frisa.
Combate ao abigeato é destacado
O presidente da Associação dos Pecuaristas do Vale do Caí (Apevale), Roberto Machado, ressaltou o trabalho feito pelas instituições de segurança na região. “A comunidade rural, a qual eu represento na região de Montenegro e municípios, tem se sentido muito satisfeita com a qualidade das forças policiais daqui”, revelou.
Também solicitou que seja realizada uma atuação nos pontos onde é vendida a carne dos animais abatidos. Informou, ainda, que está em andamento uma mobilização junto ao governo do Estado para criar em Montenegro uma delegacia especializada em abigeato. “Está muito difícil viver no interior, é muita bandidagem, abigeato e assalto nas casas. Também não tem luz é um breu de noite e isso favorece o marginal”, comenta o vice-presidente da Apevale, Carlos Barreto. Ele também solicita que os produtores registrem boletins de ocorrência sobre o roubo de animais, para assim poder ocorrer à investigação dos casos.
Machado revela ter sentido em 2017, especialmente no segundo semestre, um aumento dos casos na região. O major Giordano levantou uma hipótese para o fato. Segundo ele, os meliantes têm migrado de alguns crimes para o abigeato, por ser algo muito rentável. “Pois o gado é roubado de noite, de manhã já está no açougue e ele sai com o dinheiro na mão”, explica.
O prefeito de Montenegro, Carlos Eduardo Müller, o Kadu, reclamou da falta de atenção por parte do governo do Estado. Lembrou o fato de, por exemplo, terem sido marcadas duas reuniões com secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer.
Contudo, os prefeitos da região não conseguiram o encontro. “Uma região que tem um PIB (Produto Interno Bruto) enorme, um desenvolvimento econômico muito grande, representa muito para o Estado, mas ao mesmo tempo não é reconhecida”, afirma. “A Brigada Militar está fazendo um esforço enorme com o que se tem, fazendo mais com menos”, completa.
O prefeito de Pareci Novo, Oregino José Francisco, também enalteceu o papel da Brigada Militar. “Temos muito orgulho do 5º BPM, do trabalho que a Brigada Militar juntamente com a Polícia Civil, com tão pouco pessoal fazer um trabalho tão excelente”, sublinhou.
180 anos da Brigada Militar
Os 180 anos da Brigada Militar no Estado serão celebrados neste sábado, em sessão solene na Câmara de Vereadores de Montenegro. A proposição é da vereadora Josi Paz (PSB). No mesmo dia, também terá início uma exposição da BM, no espaço André Zanatta.