FALTANDO apenas três dias para as eleições, os cinco voltaram a se enfrentar nesta quarta-feira na Rádio Ibiá Web
A Rádio Ibiá Web recebeu, na noite desta quarta-feira, os candidatos a prefeito para mais um debate. O primeiro ocorreu logo após as convenções, em 27 de setembro, num clima ameno e praticamente sem enfrentamentos. Ontem, com a campanha chegando ao fim, houve várias provocações, repetindo um clima que se vê nas ruas e nas redes sociais.
Pelo tom das perguntas, ficou claro que as maiores rivalidades envolvem Kadu Müller, Percival de Oliveira e Gustavo Zanatta, que trocaram botinadas ao longo de todo o embate. Enquanto Zanatta tentava ligar Kadu e Percival ao passado, como algo negativo, os dois procuraran deixar claro que o aspirante do PTB não possui a experiência necessária para governar a cidade. Nesse duelo de três, Márcio Menezes e Ricardo Kraemer ficaram em segundo plano, embora também tivessem muito a dizer.
Houve vários momentos polêmicos durante a discussão. Zanatta, por exemplo, apresentou uma revista com promessas de campanha feitas por Percival na campanha pela reeleição, em 2008, e que não teriam sido cumpridas. O ex-prefeito disse que fez a opção de salvar o Hospital Montenegro, que enfrentava uma grave crise, e que governar é tomar decisões difíceis. Também insinuou que o oponente certamente teria deixado o HM fechar. Zanatta afirmou que não, que simplesmente não teria feito a “revistinha”.
Gustavo Zanatta também protagonizou um enfrentamento direto com Kadu Müller, ao dizer que o atual prefeito prioriza as grandes empresas na concessão de incentivos fiscais. Ele respondeu que a lei vale para todos que se enquadram nela e que o ex-vereador não a conhece na íntegra, pois, do contrário, saberia disso. Ao fim, Zanatta lembrou que, durante a pandemia do novo coronavírus, alguns vereadores pediram que a Prefeitura socorresse os pequenos empreendedores, mas não foram atendidos.
Entre Kadu e Percival, não houve ataques diretos, mas o ex-prefeito criticou o atual numa pergunta dirigida a Ricardo Kraemer. Percival sugeriu que Kadu mente ao dizer que resolveu o problema da falta de vagas em creches.
Outros temas que brotaram com mais ênfase foram a limpeza e conservação das ruas, os problemas da RSC-287, o futuro aniversário de 150 anos da cidade e a falta de moradias. Durante as mais de duas horas de debate, apesar do tom elevado em alguns momentos, houve apenas um pedido de direito de resposta, negado por Caroline Kothe e João Pedro Ferreira da Silva Junior, da Unisc e da OAB. A dupla atendeu ao convite do Jornal Ibiá para fazer este trabalho, do mesmo modo como na primeira edição, em setembro.
No último bloco, os cinco candidatos tiveram dois minutos para fazer as suas alegações finais e convencer os eleitores montenegrinos de que são a melhor opção para governar a cidade nos próximos anos. O segundo Debate Ibiá Eleições 2020 teve o patrocínio da Comauto, Odonto Becker e Unisc
Definição das regras ocorreu antecipadamente
As regras do debate realizado na noite desta quarta-feira foram definidas no dia 30 de outubro, durante uma reunião na sede do Jornal Ibiá. Na presença dos representantes das cinco candidaturas majoritárias à Prefeitura, foi apresentada e discutida uma proposta que privilegiou um confronto com perguntas diretas, formuladas livremente entre Gustavo Zanatta, Kadu Müller, Márcio Menezes, Ricardo Kraemer e Percival de Oliveira.
Durante o encontro, ficou acordado que seriam cinco blocos, com dois em que os candidatos puderam questionar seus adversários sobre qualquer assunto, alternados com mais dois, onde as perguntas foram feitas a partir de temas já definidos e sorteados na hora do confronto. No último, os cinco “prefeituráveis” ficaram livres para suas considerações finais.
A equipe do Ibiá definiu previamente cinco temas: Meio Ambiente, Cultura, Esporte e Lazer, Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura. Os coordenadores escolheram outros cinco. Márcio propôs Mobilidade Urbana e Ricardo sugeriu Agricultura. A coordenação da campanha de Kadu apontou Saúde; a de Percival, Educação; e os representantes de Zanatta, Habitação.
Pelas regras, o candidato teve 30 segundos para formular o questionamento. A resposta do oponente teve o limite de dois minutos, seguidos de um minuto para a réplica e de um minuto para a tréplica. O debate foi transmitido ao vivo na rádio Ibiá Web, pela página do Jornal Ibiá no Facebook e pelo canal no Youtube. Confira, nas próximas três páginas, os principais momentos do enfrentamento.
1º bloco
Perguntas com temas sorteados
MEIO AMBIENTE
KADU PERGUNTA PARA RICARDO KRAEMER sobre quais são as suas propostas sobre o tema, com vistas a uma orientação sustentável para a cidade.
“Nós precisamos diagnosticar o rico meio ambiente que temos, os recursos, nossos arroios, a situação do rio, as áreas de preservação que precisamos; e munidos de critérios técnicos, ouvindo a comunidade, ver como podemos conviver e melhorar esse ambiente”, iniciou Kraemer. Ele ainda defendeu a ampliação do saneamento básico e melhorias na coleta seletiva. “Os catadores que estão lá no aterro não têm condições de trabalho e nós temos uma grande dívida social com eles, que prestam um serviço essencial pra cidade, mas não têm apoio do poder público”, acrescentou. Ao concluir, citou a necessidade de regulamentar a zona de conservação do Morro São João.
Na réplica, Kadu disse que as escolas possuem vários projetos ambientais, com experiências de coleta e separação de resíduos que ajudam a conscientizar as famílias.
Na tréplica, Ricardo disse que é preciso além, gerar renda do lixo e que os catadores devem ser transformados em educadores ambientais.
AGRICULTURA
PERCIVAL PERGUNTA PARA MÁRCIO sobre o que pensa em relação à conservação das estradas do interior.
“No nosso governo, nós iremos dar prioridade aos mais de 400 quilômetros de estrada de chão”, começou, informando que uma pesquisa do Sebrae mostra que R$ 32,4 milhões foram gerados pelo município em cinco itens: laranja, bergamota, mandioca, arroz em casca e melancia. “Veja bem a importância que tem o agronegócio e o nosso produtor”, ressaltou, lembrando que o orçamento da Secretaria de Desenvolvimento Rural é de R$ 4 milhões e o da chefia de gabinete é de R$ 7 milhões. “Eu sou empregado do povo e tenho que trabalhar na linha de quem produz e precisa da gente”, concluiu.
Percival concordou, na réplica, que é preciso investir mais na agricultura, ponderando que isso requer a ampliação do orçamento como um todo.
Na tréplica, Márcio anunciou que o respónsável pela pasta da agricultura será escolhido pelos próprios produtores, por meio de sindicatos e entidades, “Tem que ser aquele que conhece o que é estar lá, que, faça chuva ou faça sol, coloca comida na nossa mesa”, encerrou.
DESENVOLVIMENTO
RICARDO PERGUNTA PARA ZANATTA sobre suas propostas para incentivar o setor de serviços.
Zanatta lembrou que a lei de incentivos deve valorizar o pequeno, o médio e o grande empreendedor da mesma forma. “Faremos uma parceria muito boa com ACI, Sindilojas e CDL para discutir projetos para o pequeno empresário, que sofre por não ter tantos recursos quanto teria um grande”, sublinhou. Zanatta também prometeu investimentos na formação de mão de obra, para qualificar serviços e atendimento, facilitando o crescimento das pequenas empresas.
Na réplica, Ricardo observou que, se o poder público tiver visão estratégica, pode gerar renda aos trabalhadores que ainda estão na informalidade, para o setor cultural, assim como também no grande potencial turístico. “Uma Administração que pensa como polo precisa dar suporte com parcerias, com Sebrae, com universidades, para que todas possam gerar renda com mais igualdade”.
Zanatta disse, na tréplica, que pensa da mesma forma. “No atual governo, pouco apoio foi prestado para os microempresários. São essas pessoas de quem o gestor deve estar lado a lado, tanto quanto dos grandes”.
MOBILIDADE URBANA
MÁRCIO MENEZES PERGUNTA PARA PERCIVAL sobre quais são suas propostas para a RSC-287.
“É o maior problema, o maior gargalo que temos a travessia na RSC-287”, iniciou Percival, ressaltando que o Estado está quebrado. “Temos em torno de R$ 90 milhões em dívida ativa na Prefeitura, e deveremos trabalhar no sentido de reduzir juros e também a correção monetária pra que as pessoas possam ir pagando seu IPTU e se possa investir esse recurso numa parceria com o Estado para construção de um viaduto na RSC-287”, propôs.
Márcio ressaltou, na réplica, que esta é sua principal meta. “Temos previsão orçamentária de R$ 282,7 milhões. 2% disso, em quatro anos, é R$ 25 milhões. Daria pra contemplar aquele sistema com orçamento municipal e resolver o que está acontecendo na 287. A gente tomou isso como obrigação”, frisou.
Na tréplica, Percival esclareceu que quase metade do orçamento é comprometido pela folha de pagamento dos servidores, o que reduz o potencial de investimentos do Município. “É necessário buscar recursos fora e resgatar a dívida ativa, que ajudaria muito a nós estabelecermos um compromisso, parceria com o governo do Estado, para resolver de uma vez por todas essa questão, que vem causando inúmeros problemas pra nossa população”, reforçou.
CULTURA
ZANATTA PERGUNTOU PARA KADU MÜLLER sobre o que ele pensa da inserção da arte na periferia, que estaria carente neste segmento.
“Nós valorizamos a Fundarte, que cria, transforma pessoas em grandes artistas e tem programas sociais ligadas à periferia”, lembrou Kadu. Também ressaltou que, neste ano, trouxe para Montenegro a Lei Aldir Blanc, que incentiva os artistas locais e está trazendo R$ 460 mil para talentos de toda a cidadse, incluindo os da periferia. “Nossa diretoria de Cultura concluiu o trabalho e todos os artistas com condição de apresentar seus projetos encaminharam”.
Na réplica, Zanatta lembrou do papel transformador da Cultura e frisou que pretende manter a parceria com a Fundarte, sempre buscando a difusão das manifestações artísticas em todas as comunidades. “As pessoas querem ser valorizadas e serão”, concluiu, citando que fará esforços para a reativação do Projeto Viva Bairro, criado pelo Jornal Ibiá e que levava serviços, cultura e lazer para as comunidades.
Kadu aproveitou a tréplica para citar que, na Secretaria da Saúde, o hip hop, uma manifestação muito popular, levou a conscientização sobre a pandemia. “Talvez você venha perguntar qual é a ligação. É atingir todas as camadas sociais”, concluiu o candidato.
Direito de resposta
Um direito de resposta foi pedido pela equipe do candidato Gustavo Zanatta. O fato ocorreu no quarto bloco, quando Zanatta e Kadu Müller debatiam sobre incentivos fiscais a empresas. O pedido foi negado após análise da comissão de assessoramento ao debate.
O candidato Kadu Müller, ao falar sobre o tema, citou que o vice de Gustavo Zanatta (Cristiano Braatz) teria sido contra. A equipe da coligação “Novas ideias, nova cidade” solicitou o direito de resposta, que foi analisado pela representante da Unisc, Caroline Kothe e pelo presidente da OAB Montenegro, João Pedro Ferreira da Silva Filho. “Nós entendemos que ele falou que o candidato teria votado contra a concessão de um incentivo, e não contra a Lei”, explica o advogado.
2º bloco
Perguntas com temas livres
RIACHOS
PERCIVAL PERGUNTA A RICARDO sobre o que ele pensa da drenagem e microdrenagem dos riachos, citando que a RSC-287 está cedendo.
“Precisamos fazer o diagnóstico dos nossos riachos; onde passam, qual a situação deles”, começou. “Quanto à RSC-287, de fato, temos uma galeria que está ruindo e, por isso, a gente tem aqueles declives na pista”, acrescentou. Na opinião do candidato, a solução do problema deve ser tratada junto com os demais, como as travessias e o o grande fluxo de veículos. “Montenegro tem um papel importante, é um polo regional, mas carece de lideranças políticas capazes de unir a região para buscar as soluções e os recursos onde esles estão”.
Na réplica, Percival lembrou que há problemas de córregos obstruídos em diversos bairros, como Rui Barbosa e na beira do Rio Caí. E defendeu a limpeza e a colocação de tubos.
Na tréplica, Ricardo defendeu o diálogo com a população, para que ela não precise ir ao Ministério Público exigir seus direitos. Tanto na desobstrução das galerias quanto nos problemas da RSC-287, lembrou que o Município pode agir, como no trânsito em torno da rodovia, e na chegada e a saída do fluxo.
VOZ ÀS ENTIDADES
RICARDO PERGUNTA A PERCIVAL como pretende valorizar as ações das comunidades, das associações, da população de forma direta ou indireta.
“Através de um diálogo próximo, até porque eu fui presidente da primeira associação comunitária de Montenegro”, iniciou. Lembrou que, enquanto vereador, fez muitos projetos, sempre discutindo com pessoas humildes, aquelas que moram lá nos bairros, porque elas vivem um problema e elas, muitas vezes, têm a solução.
Ricardo aproveitou a réplica para lembrar que o PT sempre ouve as comunidades através do processo de orçamento participativo, mas afirmou que também quer aperfeiçoar outros canais. “Os conselhos municipais são importantes e é importante que a gente dê pra eles condições de trabalhar”, ressaltou, acrescentando que fará uso de tecnologias e de aplicativos para melhorar a comunicação com a comunidade.
Na tréplica, Percival esclareceu que orçamento participativo, na verdade, foi criado pelo ex-prefeito de Pelotas, Bernardo de Souza, do PSB. “Sabemos da importância da participação popular, e como disse, nós estaremos abertos ao diálogo”.
BURACOS
MÁRCIO PERGUNTA A ZANATTA como acabará com os buracos.
Zanatta citou uma pesquisa em que 90% das pessoas reclamou dos buracos nas ruas. “Hoje nós temos problemas em todas as ruas”, reforçou. Ele comentou que, em Campo do Meio, havia um trecho que 150 metros com tantos buracos que os carros mal conseguiam passar. Disse que ficou assim quatro anos e só fizeram agora, antes das eleições. “Parece que precisamos chegar perto de período eleitoral para que as coisas comecem a ser feitas”, ironizou. Sua proposta é a compra de uma máquina que faz o asfalto quente para atacar os problemas no perímetro urbano. Custa em torno de R$ 1 milhão.
Na réplica, Márcio disse que irá reunir todos os setores da Prefeitura em mutirões nos bairros, resolvendo problemas da iluminação pública, esgoto a céu aberto, capina de meio-fio, a pintura, sinalização de trânsito e recuperação de pista de rolamento.
Na tréplica, Zanatta disse que é preciso estabelecer ações de curto, médio e longo prazos. A cidade está cinza, a cidade não tem mais brilho. É esgoto a céu aberto, é buraco, é mato no cordão de calçada, é meio-fio que não está pintado.”
PROMESSAS
ZANATTA PERGUNTA O QUE KADU MÜLLER pensa de uma revista com promessas feitas por Percival de Oliveira em sua campanha pela reeleição, em 2008.
“Eu posso falar dos meus projetos e não de uma revista que foi feita em uma eleição anterior, de uma cidade como ninguém nunca viu, de um outro candidato”, iniciou. Segundo Kadu, a “sua” cidade tem auto-estima, melhorias de infra-estrutura, com asfaltamento de ruas, com uma saúde e educação adequada, com uma segurança pública renovada. Ciutou ainda o plantão 24h na Saúde e a ampliação de vagas nas escolas, entre outras melhorias, além da atração de novas empresas.
Na réplica, Zanatta disse que quando um político apresenta uma revista com propostas que não são executadas, ele nivela todos por baixo. “Hoje, eu tenho que falar redobradamente para as pessoas que eu não sou farinha do mesmo saco”, concluiu.
Na tréplica, Kadu disse que não prometeu nada, mas fez muito, como a Transcitrus, o pronto-atendimento 24h, cercamentos de escolas e outras obras. Ressaltou que a população deve apoiar candidatos comprometidos.
INFRAESTRUTURA
KADU PERGUNTA A MÁRCIO por que o governador Eduardo Leite, do partido de Márcio, não priorizou o projeto das rótulas da RSC-287.
Márcio não respondeu, declarando apenas ser uma pessoa que honra seus compromissos e, como ex-integrante do governo Azeredo, ajudou na conquista de várias melhorias, como a DDPA. Sobre a rodovia, entende que a Prefeitura terá condições de fazer a obra, mas não descarta parceria com o Daer e até a busca de recursos em Brasília.
Kadu reiterou a pergunta na réplica, ressaltando que a Prefeitura investiu R$ 200 mil no projeto das rótulas, que está pronto e que pode ser executado pela EGR com os recursos do Pedágio. Ele entende que não há a necessidade de iniciar do zero. “Hoje o senhor tem o governador ao seu lado, junto com o deputado federal (Lucas Redecker) que pode trazer esse recurso pra EGR.
Na tréplica, Márcio revidou: “O senhor tem muito mais inserção que eu no gabinete do governador. É do seu partido o chefe de gabinete. O senhor tem mais de 15 fotos com o governador. Por que o senhor não questionou o governador em certos atos, quando esteve lá no Palácio Piratini junto ao governo do Estado”.
3º bloco
Perguntas com temas sorteados
INFRAESTRUTURA
RICARDO PERGUNTOU PARA ZANATTA quais são suas principais propostas nesta área.
Zanatta lembro que, quando era vereador, chegou a apresentar um projeto para a gestão de Paulo Azeredo sobre o estpimulo uso de bicicletas e a necessidade de ciclovias na cidade. “Eu recordo que, na época, ainda em gabinete conversando com ele (Paulo Azeredo), ele disse que existia uma necessidade de nós fazermos um aumento de ciclovia pela quantidade de bicicletas que tinha dentro do nosso Município”, comentou e lembrou que o ex-prefeito acabou conduzindo a questão de uma forma que resultou no seu Impeachment.
Na réplica, Ricardo lembrou que, quando era vereador, tinha dificuldade em dialogar com a Administração. “É importante que quem se candidata à função de prefeito tenha essa capacidade de diálogo e de articulação das forças para se conseguir alcançar os objetivos”, observou.
Na tréplica, Zanatta disse compreender a dificuldade relatada pelo petista e prometeu, caso eleito, ouvir vereadores da situação e da oposição. “Todos os vereadores terão a oportunidade de ser ouvidos e é dessa forma que eu trabalho: com harmonia, transparência e com diálogo”.
ESPORTE E LAZER
MENEZES PERGUNTOU A KADU sobre como será o aproveitamento de espaços como o Morro São João, o Baixio e o Parque Centenário.
Ao responder, o atual prefeito apontou que a concessão do Baixio feita por Márcio, quando ele era secretário de Indústria, Comércio e Turismo (SMIC) apresentou falhas no contrato e precisou ser rescindida. O candidato progressista prometeu, ainda, que logo o espaço estará reaberto à comunidade. Sobre o Morro São João, Kadu disse que o acesso a ele está aberto e revitalizado.
Menezes, na réplica, questionou sobre o porquê um projeto de revitalização do Morro São João, que havia sido encaminhado quando ele ainda era titular da SMIC, não estar cadastrado para receber recursos do Governo Federal.
Na tréplica, o candidato atacou o adversário diretamente: “Vejo certo desconhecimento quanto à questão do Morro São João”, iniciou. “Desde 2017, tem cadastrada uma proposta no Ministério do Turismo para captarmos o recurso, a fundo perdido, com uma contrapartida mínima do Município, e todos os anos a gente mantém essa proposta ativa”, retrucou Kadu. Márcio foi titular da SMIC em 2013.
SAÚDE
ZANATTA PERGUNTA A PERCIVAL como ele pretende resolver o problema da falta de consultas especializadas.
A resposta, porém, serviu para o candidato Percival revidar a um ataque que recebeu no segundo bloco, quando Zanatta abordou a revista com as promessas de 2018. Zanatta ouviu que ao invés de investir nas obras prometidas na peça publicitária, Percival preferiu injetar recursos no Hospital Montenegro. “Seguramente o senhor faria diferente, o senhor deixaria fechar o hospital e realizaria as obras”, disparou o candidato do Republicanos.
Na réplica, Zanatta respondeu dizendo que Percival não poderia colocar palavras em sua boca e que faria diferente, sim. “Eu não faria uma revistinha para chegar nas casas das pessoas prometendo que eu faria coisas que depois eu não teria condições de oferecer”, rebateu.
Na tréplica, Percival reforçou que ser prefeito é ter que fazer escolhas e disse, ainda, acreditar que o candidato do PTB deve demorar muito para ser prefeito. “O senhor tem que passar por um vestibular, na verdade, porque a cadeira de prefeito não é para amadores”, disparou.
EDUCAÇÃO
KADU PERGUNTOU A MÁRCIO como ele pretende ampliar a rede municipal de Educação.
Márcio Menezes criticou a demora do candidato do Progressitas em enviar respostas a uma sabatina feita pelo Sindicato dos Profissionais de Educação de Montenegro e Pareci Novo (Sinpedu). Também se comprometeu em escolher para os cargos da educação os melhores profissionais para poder trazer o melhor resultado tanto para a categoria quanto para quem precisa dela. “Eu sempre tenho reafirmado que tem que colocar as pessoas certas no lugar certo”, reforçou.
Na réplica, apesar de não tratar sobre o suposto atraso, Kadu fez questão de corrigir Menezes, que chamou o Sinpedu de “Sindepo”. E aproveitou para fazer um aceno aos professores ao dizer que valorizou a categoria com um reajuste de 12,84% no início do ano e também citou melhorias na estruturas de escolas.
Na tréplica, Márcio disse que, na condição de empregado do povo, vai ouvir os educadores na definição de quem vai coordenar as atividades do setor. “Vai ser dessa forma, democraticamente”, garantiu o candidato.
HABITAÇÃO
PERCIVAL PERGUNTA A RICARDO como vai atacar o déficit habitacional nas camadas mais carentes.
“Nós temos uma grande quantidade de habitações irregulares em Montenegro. Isso é resultado desse jeito de administrar sem planejamento, sem implantar instrumentos do plano diretor, sem definir as zonas especiais de interesse social para aplicar programas habitacionais”, começou. “Nós temos péssimos exemplos, aí, de conjuntos habitacionais criados sem estrutura, criados de forma… com a fiscalização deficiente e que geram problema até hoje para as pessoas”, cutucou.
Na réplica, Percival “Na verdade, tem que ser feito um trabalho com relação ao impacto social porque são pessoas que vêm das mais diversas localidades da cidade e, de uma hora para outra, acabam ‘vizinhando’. “A nossa ideia é de criarmos um setor específico, com engenheiros, arquitetos, com assistente social para que possa trabalhar essa grande demanda”, concluiu.
Na tréplica, Ricardo ressaltou que regularização fundiária não é apenas dar título, matrícula de imóvel. “A pessoa precisa morar com dignidade.”
4º bloco
Perguntas com temas sorteados
SOCORRO AO HOSPITAL
MÁRCIO PERGUNTA A PERCIVAL quanto ele destinou em recursos ao Hospital Montenegro, considerando alegar que quadruplicou o orçamento do Município.
Percival disse que pegou a Prefeitura, em 2005, com orçamento de R$ 41 milhões e entregou, em 2012, com R$ 167 milhões em função da vinda, do incentivo e atração de novas indústrias. “Evidentemente que tudo isso ainda é insuficiente para todas as nossas demandas. Projetamos a cidade pra que ela estivesse, hoje, com um orçamentode em torno de R$ 320 milhões”, apontou. “Com relação ao Hospital Montenegro, ele viveu sua maior crise quando estivemos na Prefeitura. Não era 100% SUS e tivemos que salvar o HM. Esse recurso foi destinado em 2009, 2010 e 2012”.
Na réplica, Márcio disse que Saúde não tem preço e não marca hora. Vejo que temos que avançar na Saúde, nos tornarmos referência em oftalmologia, não tendo que tirar as pessoas da cidade pra essa cirurgia simples.
Na tréplica, Percival disse que o recurso não foi para pagamento de plantão. Foi extraordinário. “Havia funcionários com meses de salário atrasado e inclusive entrando em greve. Não me arrependo nada por isso”, concluiu.
PLANEJAMENTO
ZANATTA PARA MÁRCIO se ele pretende fazer um planejamento de trabalho de quatro anos ou só em período de eleição, “que é o que a gente está vendo hoje”.
Márcio responde: Tu já teve oportunidade de ser vereador e eu de passar por três pastas importantes. Temos que trabalhar com todos os conselhos para aplicar o recurso para a população. O dinheiro todo que cai no caixa da Prefeitura é do povo; e o prefeito é o funcionário do povo. Me preparei e estou preparado para trabalhar coletivamente. Passou eleição, vamos trabalhar todo mundo junto. Montenegro é a 19ª economia e já teve o título de cidade mais limpa.
Na réplica, Zanatta disse que tem sido perguntado nos bairros por que só agora estão asfaltando, pintando cordão de calçada, fazendo capina, varrição. “Essa é a velha política, de fazer tudo só no período eleitoral para tentar reeleição. Planejamento de quatro anos, não de três meses, é o que as pessoas querem e vamos fazer”, declarou.
Na tréplica, Márcio disse que não será candidato à reeleição e que, no primeiro dia de janeiro, vai reduzir 50% de CCs porque tem que ter qualidade e não quantidade. “Nossa cidade tem jeito”, garantiu.
ATRAÇÃO DE EMPRESAS
KADU PERGUNTA A ZANATTA quais são suas prioridades em termos de desenvolvimento e atração de negócios e se ele conhece a Lei de Incentivos na Íntegra.
Zanatta disse que não a conhece na íntegra, mas sabe que ela funciona para dar oportunidade para os pequenos, médios e grandes empresários. “No seu governo, ela é vista somente para os grandes empresários. Até hoje, os pequenos estão esperando uma oportunidade dentro da lei de incentivo. O pequeno e médio têm que receber um olhar diferenciado pelo gestor”, defendeu. Lembrou que as empresas menores foram as que mais sofreram com a pandemia e não tiveram apoio.
Na réplica, Kadu disse que, como bom legislador que diz que foi, Zanatta não conhece mesmo a lei de incentivo. “Ela é pra todos. Seu vice foi contra uma lei de incentivo e atração de emprego e renda pro Município. O senhor não tem conhecimento. Têm empresas pequenas, montenegrinas, que buscaram e ganharam incentivo pra fazer suas unidades e se desenvolver”.
Na tréplica, Zanatta disse que, durante a pandemia, os vereadores pediram que a Prefeitura ajudasse as pequenas empresas, mas não foram ouvidos.
EDUCAÇÃO INFANTIL
PERCIVAL PERGUNTA PARA RICARDO qual sua opinião sobre a falta de vagas em creches, que o prefeito Kadu alega ter resolvido.
“Nós sabemos que havia grande carência e que seu governo, de fato, diminuiu muito essa demanda reprimida, mas lembramos sempre que tivemos a atuação do Ministério Público, pressionando pra conseguir vaga na Educação Infantil”, começou Ricardo. Disse também que Percival teve a sorte de pegar os governos Lula e Dilma que tiveram investimento forte na educação e construção de escolas da Educação Infantil. “Lamento que o Município não tenha tido capacidade de buscar mais recursos e aplicá-los corretamente”, arrematou lembrando da Escola Esperança, que teve de ser reconstruída porque o projeto foi mal executado.
Na réplica, Percival disse que a maioria das escolas de Educação Infantil feitas no seu governo foi com recursos do Município. “Mas ainda há falta de creche, especialmente no interior, como Vendinha, Rua Nova, Bom Jardim do Caí”, concluiu.
Na tréplica, Ricardo disse que é possível resolver parte do problema através de parcerias, por exemplo, com as empresas do Pólo Petroquímico.
MONTENEGRO 150 ANOS
RICARDO PERGUNTOU PARA KADU quais são suas propostas para os 150 anos de Montenegro.
“150 anos têm que ser comemorados”, afirmou Kadu. Porém, ponderou que 2020 é um ano atípico, de pandemia, em que não se pode trabalhar com promessas ou vontades maiores que a realidade. “Vivemos com auxílios e benefícios do governo federal que, muito provavelmente, se encerram no próximo ano e ainda teremos ano com pandemia. Temos que ter muito pé no chão, mesmo pra comemorar os 150 anos”, avisou. “Temos que ter uma estrutura melhorada em atendimento na Educação, Saúde, Assistência Social. Então, não posso prometer festa, porque a gente não sabe o que essa pandemia poderá deixar de resultado.”
Na réplica, Ricardo disse que é preciso pensar numa cidade grande. “Não só uma festa. É momento de repensar essa cidade, fazer diálogo, ir pras comunidades, fazer seminário, fazer diagnóstico, fazer a comemoração, mas também deixar um legado”.
Na tréplica, Kadu disse que quer comemorar os 150 com uma cidade em pleno crescimento, com Polo da Química e com as empresas que receberam incentivo.
Colaboraram com a reportagem: André Rafael Herzer, Denis Machado, Marielle Gautério e Andressa Kaliberda.
Produção e apresentação do debate: Antonio Gonçalves de Oliveira Junior, Florêncio Filho, Mara Rúbia Flores, Maria Luiza Szulczewski e Vinicius Almeida Rodrigues.