Para o presidente do Aeroclube, Fábio Zanatta, não houve acidente aéreo ontem e nem queda do planador. Fábio era o piloto do avião rebocador que puxou o planador do ex-prefeito Carlos Eduardo Müller, o “Kadu”, na tarde de sábado, 11, por volta de 15h. “Não foi considerado acidente e nem houve queda da aeronave”, afirma.
Kadu, de 54 anos, ex-presidente do Aeroclube e piloto experiente, era o instrutor de voo. Ele estava acompanhado de um médico de Porto Alegre, de 49 anos, que era aluno do curso de planador. Os dois foram socorridos pelos Bombeiros Militares e Samu, sendo conduzidos ao Hospital Montenegro (HM Regional). A Brigada Militar isolou o local para atendimento e levantamento. No final da tarde houve a retirada do planador prefixo PP-PJX, modelo IPE KW-2 Nhapecan, do Aeroclube, que foi transportado em um caminhão, após o pouso forçado em um campo próximo da cabeceira da pista.
Segundo os bombeiros, o aluno não teve lesões e saiu caminhando. Já Kadu sentia dores lombares. Por isso, conforme o sargento Ricardo Mattos, dos bombeiros, ele foi imobilizado e com muito cuidado retirado da aeronave, para não se movimentar e evitar algum trauma. Foi levado de maca até uma ambulância do Samu e conduzido ao hospital, onde passou por exames, tendo alta ainda na noite de sábado, em torno de 21h30. “Felizmente está tudo bem. Algumas dores pelo corpo, mas estou bem”, disse o ex-prefeito, após deixar o hospital. “Agora é passar o susto, as dores no corpo e voltar a ativa” completou, na manhã deste domingo, quando já se encontrava em casa com a família.
Kadu, que atualmente mora em Novo Hamburgo e voltou a atuar na iniciativa privada, inclusive com empresa em Montenegro, foi secretário municipal, vice-prefeito e prefeito entre 2017 e 2020. O incidente aeronáutico ganhou grande repercussão, ainda mais em razão de acidentes aéreos ocorridos recentemente, como em Gramado e em outros países, entre eles na Coreia do Sul e no Cazaquistão, todos com várias mortes.
“Não foi acidente”
Fábio Zanatta diz que era um dia de operação normal no último sábado. Ele lembra que o planador, que não possui motor, depende de correntes térmicas para planar. Cita que havia um vento forte, mas era normal e com condição de segurança. “Não tinha nada de anormal que impedisse a operação devido a questão meteorológica”, garante.
Piloto do rebocador, Fábio diz que a decolagem foi normal, assim como de outros voos de instrução que tinham sido realizados na mesma tarde. “Pode ter tido uma tesoura de vento”, cita, sobre um fenômeno que venha a prejudicar a aviação, através de mudança brusca na direção ou velocidade do vento em uma distância curta. “O planador é mais suscetível ao vento e pode ocorrer essa anomalia”, completa.
O presidente do Aeroclube lembra que está prescrito, nos manuais de emergência, que em caso de necessidade o piloto pode realizar o desligamento do rebocador, com o planador voltando para a pista. E se não conseguir retornar para a pista, pode pousar em campo favorável. “É um procedimento padrão e foi aplicado muito bem pelo Kadu. “Ele pousou. Não houve queda. O avião não caiu”, esclarece. “Foi um pouso forçado, muito bem efetuado”, avalia, ressaltando que o próprio cockpit do planador ficou intacto. Além disso, os dois tripulantes não sofreram lesões, resultando apenas em danos materiais e que Kadu foi levado ao hospital por prevenção.
O que pode ter contribuído para o incidente, no entender de Fábio Zanatta, são as árvores que existem numa área de segurança, dificultando a realização de pousos de emergência em caso de necessidade, como ocorreu no sábado. Já foi solicitada, em outras ocasiões, a remoção dos eucaliptos, que estão em propriedade particular. “Se não tivessem as árvores teria feito uma curva antecipada e não tão deslocada da pista. Isso com certeza atrapalhou”, entende. Mesmo com o choque com eucaliptos, rede de luz e mourões de cerca, o piloto e aluno conseguiram fazer o pouso de emergência. “O planador e muito seguro. E tudo é treinado na instrução do curso. O que mais se treina é justamente sobre adversidades que podem surgir em voo”, complementa, ressaltando que graças a Deus todos estão bem.
Kadu agradece o apoio
Ainda se recuperando do susto e de algumas dores pelo corpo, Kadu falou do pouso forçado no campo próximo da pista do Aeroclube. “Felizmente estamos bem, graças ao atendimento excepcional e rápido dos Bombeiros, Samu e Brigada Militar, conduzindo a operação na maior segurança. Como é bom ter pessoas treinadas e que sabem conduzir. O atendimento no HM também foi muito atencioso”, afirma, informando que passou por exames como de tomografia e recebeu medicação. “Nos exames não apareceu nenhuma lesão. As dores foram mais em função do impacto e do pouso forçado”, completa.
Quanto ao acidente, Kadu diz que houve uma condição adversa, que nunca tinha enfrentado nos vários anos que realiza voos e ministra instrução. “Foi uma situação anormal. Por segurança optamos por desligar a corda que é engatada no rebocador. E isso está previsto no treinamento. O vento estava muito forte, mas estava alinhado com a pista. Portanto, é um procedimento de segurança. Só que as rajadas de vento atrapalharam e nos surpreendeu. Tivemos que tomar a decisão muito rápido. E acho que foi a melhor decisão. Felizmente eu e o aluno estamos bem. Foram só danos materiais. Incidentes podem acontecer. O nível de segurança do Aeroclube de Montenegro é bastante grande”, diz, agradecendo todas as mensagens de apoio e preocupação. “É passar o susto e as dores e seguir a vida, contribuindo com a nossa experiência para que o Aeroclube siga formando pilotos para o mundo inteiro. Esse é o nosso propósito”, conclui o ex-prefeito, que enviou um vídeo que pode ser conferido nas redes sociais do jornal Ibiá.