Um volante Brucutu

Uma das minhas qualidades é conhecer futebol. De resto, sei quase nada: mas de futebol eu entendo, modéstia a parte. Fui um bom meia pela direita, um quarto homem de meio campo. Poderíamos dizer que eu era um jogador moderno. Marcava e atacava como fazem os jogadores da atualidade. Só não segui a carreira porque me faltava o básico: futebol.

Todo time de equilibrado precisa saber atacar e defender com a mesma eficiência. Se tiver bons atacantes, mas sem bons defensores, pode fazer muito gols, mas fatalmente sofrerá vários também. De outro lado, se tiver apenas defensores, quem vai marcar gols? Então o equilíbrio é o mais indicado.

Nesse caminho, todo bom time precisa ter marcador no meio campo, alguém que proteja a defesa e não deixe os zagueiros dando bote no atacante, como fazem Geromel e Kanneman, por exemplo.

Se este marcador for um jogador viril, forte e aliar esta força com técnica, temos quase um jogador perfeito.Aqui na várzea, lembro de alguns jogadores que, se não tinham toda esta técnica para jogar, também não deixavam os atacantes se criarem.

João Caverna, que jogava no time do Rua Nova, era um zagueiro que fazia as vezes de volante. Dava uma botina que assustava os ponteiros rápidos que tentavam chegar dentro da área dele. Às vezes, largava o atacante lá no alambrado do campo do Miguel. Nessa época, não existia o VAR e os juízes, se não apitassem com um 38 na cintura, não saíam ilesos ao final do Jogo.

Cavalo, zagueiro do time de aspirantes do América, do qual fiz parte, era outro Cavalo sabia jogar, era um baita jogador, mas dava também uma “felpa” que obrigava os adversários a trocarem de lado para não encontrá-lo no campo.

E o Celso, zagueiro do time do Municipal. Celso era canhoto, tinha técnica para sair jogando, mas também dava uma bota e jogava o adversário lá no campo do Turiba.

Calvetti. Zagueiro do Gaúcho de Matiel. Tinha baixa estatura, mas era técnico e riscava os tornozelos dos atacantes. Ninguém entrava na área do Gaúcho.
O que todos estes jogadores têm em comum? Todos eram os carregadores de piano da equipe. Todo time precisa ter quem faça o serviço pesado para o craque brilhar. Estes, que citei, jogavam para a equipe. Seu trabalho era silencioso, eles se anulavam para o ataque fazer o gol e vencer as partidas. Quando precisava deles, aparecia sua importância.

Toda equipe de sucesso precisa ter carregadores de piano. Que não apareçam nas fotos, mas que seu trabalho seja imprescindível para o sucesso do time.
Temos vários por aqui. Seus nomes não são nem citados nos posts do Face ou do Insta, mas, sem eles, certamente metade dos acertos não aconteceriam. Um time é feito por todos, principalmente por aqueles que não aparecem, mas que, sem os seus pareceres, seria como o do Diniz: faria muitos gols, mas certamente tomaria o dobro e perderia a partida.

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