Costumo dizer que os homens da minha geração nasceram na época errada, futebolisticamente falando. O futebol e os times na minha adolescência parecem-me que possuíam mais craques. Em todas as posições. Pensa bem: no Fluminense jogava o Gerson, o canhotinha de ouro. No Corinthians jogava o Rivelino. A patada atômica. No Cruzeiro jogava Nelinho. No Atlético o Reinaldo. No Santos, ninguém menos que ele: Pelé, o maior de todos.
Aqui, na nossa Aldeia, no Inter jogavam Falcão, Carpegiani, Manga, Dario, Figueroa. Credo!! Só craque. No Grêmio, Yura, Anchieta. Bem, para um menino da vila chegar a um time profissional desses teria que ser da mesma estatura técnica. Quer dizer, quase impossível.
Digo isso porque vi desfilar pelos nossos gramados de várzea, na época, jogadores que se tivessem nascido hoje não tenho dúvidas que seriam milionários da bola. Como são os Guilhermes e Tacianos da vida.
Cito vários que tinham técnica para ser profissionais se nascessem atualmente: Juarezinho do Municipal. Jogava demais, ninguém tirava a bola dele. Maneca, um colega da Escola Polivalente, craque dos campinhos de terra. Heraldo Barreto, Nevinho, Beto Conceição, Luís Carlos, enfim, jogadores que não se limitavam a “dar tapinha” para os lados como faz o selecionável Fred, mas que nasceram numa época em que abundava craque nos gramados.
Preto era um desses. Preto era de baixa estatura, mas, com a bola nos pés, era um “demônio”, para pará-lo só com uma voadeira.
A maioria dos craques da várzea do passado escolheram outras profissões porque futebol profissional era inatingível, pela concorrência. Diferente de hoje, onde basta ter força, saber chutar uma bola e ter um ótimo empresário, aliás, se tiver um ótimo empresário já basta. Então muitos foram ser professores, gerentes, Advogados, Monitores. Engenheiros. E outros escolheram caminhos, não tão “ortodoxos” como os citados acima.
Preto escolheu o caminho das baladas, da bebida, das drogas, das festas no morro da Formiga e nunca quis estudar ou qualificar-se já que no futebol não dava. Tinha talento, tinha boa família, mas tomou a decisão errada, pegou o caminho que, como dizia minha mãe: “não dá camisa pra ninguém”. Nunca soube de onde saiu esta expressão: “Não dar camisa”. O que seria? Sei lá, bem, fato é que o Preto escolheu uma direção equivocada para sua vida.
Poderia seguir tentando o futebol. Poderia seguir os passos do pai, um funcionário público exemplar. Poderia, como a maioria dos bons jogadores daquela época, escolher outra profissão talvez até ligada ao futebol. Mas não, escolheu errado pensando apenas no imediatismo e nunca no seu futuro. Como outros daquela geração que hoje já nem estão entre nós. Preto, felizmente ainda vive e é muito gente boa, segue sendo um cara de muito bom coração e sem maldade. Apenas tomou o caminho errado. Fez uma escolha que comprometeu seu futuro.
Dia 30 está aí, não escolha errado. O reflexo do nosso futuro será o resultado do caminho escolhido. Já temos informação suficiente sobre as duas propostas. Vote com a razão e sem ódio, poiso ódio “não dá camisa pra ninguém”.