Já contei aqui sobre meu cachorro Ollaf. Já descrevi como ele me recebe depois de um dia de trabalho e como sua recepção calorosa, carinhosa e sincera apaga qualquer estresse do dia a dia.
Pois dia desses fiquei mais apaixonado ainda por esse animalzinho que desfruta da nossa intimidade caseira. Fomos dormir já era tarde, ligamos o ar-condicionado porque o calor que anda fazendo depois das enchentes é infernal (desculpe-me Senhor) e Ollaf começou a latir embaixo da janela. Latia e pulava como se houvesse algo a lhe incomodar.
Tanto latiu que resolvi levantar e ver o que era. Fui até a sala, abri a janela que dá para o corredor onde é seu aposento e ele vinha desesperado, rodeava, pulava, latia tanto que fiquei até com medo. Fazia tudo para chamar minha atenção que comecei a falar com ele, quase que perguntando: o que tu queres me dizer, cara?
Ele ficou em silêncio, a me olhar com as orelhas baixas e seus olhinhos pretos a me fitar. Foi nesse momento que ouvi um barulho vindo da garagem. Espichei o ouvido e fui procurando o motivo do estranho ruído. Desci até a garagem e, para minha surpresa, o portão subia e descia como se alguém estivesse acionando o controle remoto. O motor elétrico já estava superaquecendo, certamente por algum defeito eletrônico, e o perigo de um incêndio era iminente.
Desliguei, sorri aliviado e agradecido ao meu cãozinho, que parecia mais feliz do que eu quando fiz carinhos em sua cabeça, agradecendo por ter me alertado. Pela distância e pelo ruido do ar condicionado, não ouvíamos o barulho, apesar de alto e estridente. Hoje entendo bem a Carol Michels, a vereadora Ana Paula, a Amoga e todas as ONGS que cuidam e se importam com os bichinhos. Eles merecem o cuidado e a importância que estão recebendo.
Meu cachorro é fiel e agradecido, apesar de, às vezes, o tratar mal. Bem diferente dos humanos. Aliás, os animais, de modo geral, são leais. Não traem. Não passam a agredir ou atacar aquele que era seu dono, mesmo que tenha sido abandonado.
Desculpem a sinceridade, mas respeito muito mais os animais do que alguém que não é grato, ou pior, vira inimigo de quem um dia lhe estendeu a mão e depositou confiança. Os humanos só se aproximam de alguém pelo benefício que este alguém possa lhes oferecer e, quando isso cessa, geralmente mostram seu verdadeiro caráter.
Os animais não têm ciúmes. Os animais não sentem raiva do seu semelhante. Não querem ver o outro animal derrotado, não sentem prazer nisso. Não soltam fogos ao ver o outro animal passando por alguma dificuldade.
Os animais não sentem ódio apenas porque perderam espaço. Eles, às vezes, até não gostam de dividir seu espaço com outro, mas logo se acalmam e, quando vemos, já estão brincando e interagindo com o novo amigo e até o defendendo.
Animais não ficam remoendo a derrota e maquinando maldades para prejudicar e atrapalhar o semelhante apenas por recalque e ciúmes. Esses animais…
Ollaf ganhou mais uns pontos comigo e até já melhorei o local onde ele fica porque preciso ser grato com um ser tão amigo e leal, que não me pede nada em troca, a não ser carinho e cuidado. Já de alguns humanos que conheço, só consigo sentir pena porque sua vida deve ser tão medíocre que se consomem observando o sucesso alheio. Obrigado Ollaf.