Em 1984 fui campeão municipal de futebol Aspirante, jogando pelo América do Bairro cinco de Maio, aliás, campeão em 84 e bicampeão em 85 com o mesmo time.
Nossos treinadores eram o Paulo Viegas e o querido tio Ruy, pai do repórter Guilherme Batista. Naquela época o campeonato de futebol de 11 era muito disputado e o primeiro quadro do América possuía uma seleção dirigida pelo saudoso Bê Nogueira, o tio Bê.
Nós, dos Aspirantes, ficávamos torcendo e admirando aquela equipe que tinha Carlão, Vick, Arizoli, Beto Conceição, Pedrinho Benneman, Nelci, Luis Carlos Balaca, Augusto, Udo, Toco Fachin, Romario Mezzari, Sandro Nogueira e outros.
Dava gosto ficar a tarde toda no campo apenas para ver o jogo de fundo porque era certeza de um espetáculo.
O Galdino seria reserva nesse time do América. Mas voltando ao time de aspirantes, também tínhamos uma baita equipe, tanto que por dois anos consecutivos fomos campeões.
Jogava o Giovanni no gol, Chimia, Cavalo, Solon e Rudi (do Restaurante do Comércio), Dutra, Feijão, Gonzaga, Tita, Birinha e Pelé. Jogávamos por música. Nosso esquema era o 4-4-2, comigo e o Pelé fazendo as meias e o Tita e Birinha na frente.
Ainda não se falava em extremas espetados ou em jogo apoiado, mas todos atacavam e todos defendiam. As outras equipes temiam a nossa, tanto que, nas duas finais, nossos adversários trocaram seus jogadores dos aspirantes pelos do primeiro quadro.
Jogamos as duas finais contra o primeiro quadro do Harmonia e da Tanac, meninos jogando contra homens feitos, que possuíam mais força física que nós.
Na final contra o time da Tanac,“desceram” para jogar contra jogadores como Tostão, Chico, Mingutti, Miltinho, Mamão, o goleiro Vanderlei, Juarezinho, nego Chinha e todos os craques do primeiro quadro do time deles.
Os jornais da época e as rádios locais davam como certo a vitória do Harmonia no primeiro ano e da TANAC no segundo, afinal era quase um time de crianças jogando contra um time adulto.
Mal comparando, era como se a seleção formada pelo time do Internacional de Porto Alegre atualmente, fosse jogar contra o time do gabinete.
Imagina o Jaime marcando o Alan Patrick? Ou o Silvio Kael marcando o Valência?
Era mais ou menos esta expectativa na imprensa local da época. Seriamos massacrados em campo. No papel.
Na vida real, ganhamos dando show e sendo imensamente superiores aos dois times de adultos. Porque o papel aceita tudo. No papel tudo é mais fácil.
No papel ou nas redes sociais fala-se tanta bobagem sem embasamento técnico nenhum. No papel quem não conhece nem o orçamento da saúde do município opina sobre procedimentos médicos.
No papel quem não sabe como é formado o FUNDEB se acha no direito de dar pitaco na educação, no papel quem não conhece uma equação de 2º grau opina sobre obras de engenharia.
Nas redes sociais quem não sabe o que diz o artigo primeiro da lei 14.133 discorre sobre compras e licitações. O papel aceita tudo. A vida real, na maioria das vezes, surpreende os “especialistas de Facebook”.