Mas tá bom

Quando eu ia para a escola Polivalente estudar, passava pela casa de um senhor aposentado que sempre estava escorado no portão observando o movimento dos alunos em direção ao colégio.

Podia ser cedo da manhã ou nas primeiras horas da tarde ele sempre estava lá, apoiados nos cotovelos e cumprimentando a gurizada.

Usava óculos escuros e uma bolsa de couro atravessada e sempre estava assim mesmo pela manhã, parecia até que dormia deste jeito. Nunca soube seu nome, mas sabia seu apelido: Sargento. Talvez porque fora militar e se aposentara na força. Então, todos conheciam o Sargento da vila Popular.

Nas conversas que puxava com quem passasse na frente da sua casa, ele sempre terminava a frase com uma afirmação: Mas tá bom. E carregava no S como se fosse carioca: Maissss tá bom. Sempre.

Podia ser a história mais triste, como a morte de alguém ou uma tragédia climática, ele sempre terminava assim: Maissss tá bom.

Quer dizer, em todas as situações ele sempre achava um lado positivo. E tudo realmente tem um lado positivo. Não sei se ele tinha esta intenção. Se ele queria passar essa visão, mas no final, para o Sargento, tudo estava bom.

Tenho aprendido que na vida é mesmo assim. Mesmo que tudo pareça ruim, que tudo esteja dando errado ou que os problemas não nos deixem dormir, no final tudo se resolve.

Por mais complicado que seja nosso dia a dia, tem momentos que não podemos resolver. Situações que nossa força física ou nosso intelecto não possuem capacidade para mudar.
Os ditados populares afirmam que “Só não há solução para a Morte”. Até isso é uma verdade relativa porque, para quem crê, até a morte não é o fim. Para quem acredita, a morte é o início.

Então, se até a morte tem solução para o que crê, nada pode ser tão ruim a ponto de nos fazer desistir. E às vezes, confesso, dá vontade de abandonar tudo e ir morar em Garopaba.

No momento que vamos para o quarto ano de uma administração que se propôs a ser diferente, a ser o novo, a não repetir os mesmos erros de administrações anteriores, posso afirmar que ainda falta muito para atingir nossos objetivos.

Ainda precisamos melhorar processos, tornar mais ágil o atendimento ao cidadão, reduzir burocracias, eliminar gargalos.

Sinceramente, fico envergonhado quando um contribuinte chega dizendo que “faz dois anos que fiz tal solicitação e nem respondido foi.” Mesmo que haja explicação técnica ou administrativa, nada justifica uma demora dessas.

Mesmo sabendo que na administração pública só podemos fazer aquilo que está escrito, é preciso então prever e escrever tudo, porque para o cidadão não interessa os entraves burocráticos, ele quer seu problema resolvido. E ele está certo. É tarefa nossa, é para isso que fomos eleitos, para atender e superar as expectativas de quem paga imposto.

É tarefa fácil? Claro que não. É dificílima, é quase impossível que se consiga em Quatro anos mudar processos e mentalidades. Talvez ninguém nunca consiga. Mas como disse em outra coluna, sou teimoso, não desisto nunca. Ainda está ruim. Mais tá bom.

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