Estou me sentindo Prefeito

Nesta época em que uma criança pode ser o que ela quiser, independente se nasceu menino ou menina, também quero ser o que eu quiser. E hoje acordei querendo ser prefeito. Sei lá, abri os olhos , acordei, pulei da cama e disse pra mim mesmo: hoje estou me sentindo prefeito.

Sério. Me enxerguei sentado na cadeira de couro ergonômica do gabinete, atrás daquela mesa estilo retrô. Mesa que, se falasse o que ela já viu e ouviu, muita gente importante da cidade teria que sumir pra nunca mais voltar. Mas isso é assunto para outra coluna. Hoje estamos falando do meu eu. Do meu íntimo. Sou um prefeito num corpo de secretário Geral.

Como posso ser o que eu quiser, meu primeiro ato seria escolher minha equipe, claro. Nada contra os atuais secretários, que aliás, estão fazendo um belíssimo trabalho. Olha o Cabelo, o Nery de Mello Pena. Foi uma das indicações mais criticadas, mas passados dez meses, tem transformado a cidade de maneira silenciosa sem muito alarde.

E sem um orçamento generoso como outras secretarias. No seu lugar colocaria quem faz vídeos mostrando os buracos das ruas e cobrando uma solução pro saneamento dos bairros. Afinal, se cobram com tanta veemência, devem ter as respostas e os meios que o Cabelo não tem. Provavelmente pagarão do seu próprio bolso para comprar uma usina nova, maior quantidade de asfalto e maquinário para fazer acontecer. Com certeza, porque não iriam fazer todo processo para contratar estes materiais, então eu aposto que meteriam a mão no bolso (no seu próprio bolso) pra fugir de toda burocracia e falta de recurso.
Ah, e contratariam mais pessoal para atender todos os bairros ao mesmo tempo. Eu, como prefeito já iniciava acertando em cheio.

Nas obras, colocaria quem conhece tudo de engenharia sem nunca ter calculado a fórmula de Bhaskara ou realizado um cálculo integral. O atual secretario Edson, apesar de fazer obras por todo o Estado antes de ser convidado, não tem a experiência de vida destas sumidades autodidatas. Ao invés de rotatórias, apenas cones e umas peças de meio fio.

No lugar das galerias da nova ponte de acesso ao Balneário, umas toras de eucalipto com algumas taquaras e cargas de saibro e pronto. E gastando muito menos. Não sei como o Zanatta não pensou nisso.
No meio ambiente, colocaria um ambientalista. Azar que o Clebio tem feito um trabalho fantástico e acabaram as suspeitas sobre a pasta. O ambientalista tem resposta para tudo e conseguiria conciliar tanto o interesse do desenvolvimento quanto do ecossistema. Melhor um quero-quero vivo que uma família empregada. (É obvio que estou sendo irônico). Emprego, desenvolvimento, progresso a gente vê depois.

Depois teria que resolver o problema do transporte público, das estradas do interior, das construções irregulares, do reajuste do funcionalismo, do plano de carreira, do descaso de muitos anos com a situação do pátio da SMVSU, ainda tem a construção de casas populares pras famílias de baixa renda, faltaria asfaltar todo o Centro, todo bairro Estação, todo bairro Panorama, toda Travessa Steigleder, todo acesso ao morro São João, regularizar os mais de mil lotes irregulares, colocado tratamento de esgoto. Solucionar o problema dos animais de rua. Não poderia esquecer de pagar as dezenas de demandas judiciais ajuizadas.Tudo com o mesmo orçamento. E ainda chegaria às 06h e sairia às 22h todos os dias para atender os milhares de pedidos e problemas que chegam ao gabinete… Enfim… pouca coisa… pera…

Pensando bem, passou a vontade de ser prefeito. Acho que foi só um pesadelo. A Secretaria Geral é bem mais fácil.

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