Arthur não me entende

Arthur é meu neto. Chegou a este mundo no dia 13 de dezembro. Recém fez 3 meses. As crianças de hoje em dia parece que são mais evoluídas que as de antigamente.

Acho que isso é porque o nível de informação e tecnologia atualmente é maior do que no passado. Lembro que só fui possuir TV em casa quando eu já tinha 15 anos. Assistia aos programas da televisão brasileira na década de 70 de um barranco, espreitando uma janela de um vizinho mais afortunado que possuía o aparelho.

Telefone, então, só fui ter quando já era adulto. Celular só nos anos 90. Adquiri um Motorola PT-550 que mais parecia um tijolo e tinha que andar com duas baterias. Mas estava valendo. Depois, quando comprei um Star-Tac e mais tarde um Nokia 6160 andava de nariz empinado me sentindo o Bill Gates.
No meu tempo de criança, quando queria pesquisar algo, tinha que ir a alguma biblioteca. Ou buscar a informação em alguma “Barsa”. Pergunte para um adolescente de hoje o que é “Barsa”. Ele vai responder que é um time de futebol Catalão, onde jogaram Messi e Ronaldinho Gaúcho. E em 10 segundos vai te responder tudo sobre a antiga enciclopédia, by Google.

O mundo ficou pequeno, qualquer criança tem todas as informações que quiser na palma da mão. Talvez por isso as crianças de hoje estejam voando.

Voltando ao meu neto, recebi dia desses uma foto dele, de dedo em riste, querendo já interagir com o smartfone da sua irmã Marina. Que loucura, 3 meses!! Mas é assim hoje em dia, as crianças quase nascem falando e discutindo a Guerra da Rússia.

Ele já distingue as vozes. Sabe quando é sua avó falando, ou eu. Vira os olhinhos procurando até encontrar e fixar o olhar no interlocutor como se dissesse: “Porque tu fazes esta cara de abobado pra falar comigo? Fala direito coroa. Tá ligado!”

Só que ele é esperto, porque quando quer se faz de desentendido. Quando o pego no colo, por exemplo, ele sabe que não é sua mãe. E não dura 2 segundos até fazer beicinho e iniciar um choro desesperado. Falo com ele, converso, brinco, faço careta, faço cócegas, pego a mamadeira, balanço, faço gutiguti e nada. Ele não me entende. Segue chorando desesperado até se “afinar”. Por mais que me esforce, o Arthur não me entende.

Algumas pessoas são assim. Você explica. Você mostra os dados. Você abre os números, mostra as planilhas, joga limpo, mostra as implicações legais, argumenta com os riscos, mas não adianta, eles não entendem.

Alguns, na verdade, são espertos porque sabem que não há outra saída, mas reconhecer seria reconhecer que fazemos a coisa certa e isso, para seu ego e seus maquiavélicos planos seria uma derrota. O que mais me assusta é ver algumas opiniões de pessoas que, teoricamente, são inteligentes e bem informadas querendo manipular e distorcendo dados para colocar uns contra os outros.

Todas as decisões de um administrador público não são decisões fáceis porque na maioria das vezes envolvem muitas variáveis que impactam na vida de todos. Porém, às vezes, para corrigir um erro não se pode cometer outro. É preciso responsabilidade e conhecimento de tudo que pode e certamente vai acontecer. A maioria das pessoas sabe, mas como meu neto, fazem-se de desentendidos porque lhes convém.

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