Vai que cola

Nenhum dos argumentos utilizados por populares, imprensa, comentaristas ou entidades de classe locais, foram suficientemente convincentes para demover a ideia de aumentar um assessor para cada vereador, defendida pela Mesa Diretora da Câmara e ratificada pela CGP – Comissão Geral de Pareceres – que ao fim e ao cabo, são a mesma coisa.

Bastou que a Imprensa da Capital, rádio Pampa, especificamente, denunciasse a tentativa de alguns vereadores de ignorarem a opinião pública, para que o presidente da Câmara fosse às redes sociais declarar-se ouvidor geral das vontades populares e, sem reconhecer o erro, noticiar a retirada do projeto da votação da sessão da última quarta-feira. Melhor tivesse ouvido seus eleitores. A rádio Pampa noticiou, em meio a discurso moralizante do comentarista, que o presidente da Câmara solicitara à briosa Brigada Militar reforço do policiamento ostensivo no entorno da Casa do Povo, justamente para prevenir excessos dos donos da casa, quero dizer, do povo. O presidente previa a aprovação do projeto de lei e manifestações da massa contrariada.

Próceres progressistas – partido que detém um terço das cadeiras da Câmara -denunciam que o partido não foi ouvido antes da proposição da Mesa Diretora, presidida por Tális Ferreira, lembremos, do PP. Quando procurou o partido, Tális ouviu tardiamente o que deveria ter escutado como prévio conselho: nem a pau! Pau é material do qual são feitas algumas caras, também chamadas “caras-duras”. Os caciques progressistas se irritaram. Como nós todos, incluindo os outros dois vereadores pepistas. Vamos de Dilma: um terço do um terço progressista da Câmara pretendia onerar as burras municipais com a criação de cargos de assessoria parlamentar.

Carlinhos Oliveira, cronista carioca dos tempos d’O Pasquim, definiu ocupantes de tais cargos como “aspones”, os Assessores de Porra Nenhuma, termo já dicionarizado. O Michaelis online define: 1. Indivíduo que ocupa um cargo sem nenhuma atribuição útil ou definida. 2. Esse cargo, que, em geral, é criado ou preenchido para atender a nepotismo, apadrinhamento, acordos ou interesses políticos.
Sei lá! Carlinhos era um cronista e cronistas dizem muita bobagem.

De todos os fatos, o que causa estranheza é que um número suficiente de vereadores de todos os partidos com representação na Câmara, fora o PDT, capaz de aprovar a criação dessas sinecuras, fecharam olhos e ouvidos à completa inadequação da proposta, apontada pela opinião unânime dos eleitores, justificando-se ao acusarem os colegas parlamentares de desídia, negligência, no cumprimento do mandato, o que os faria pensar que não é necessário um segundo assessor. É dizer: quem não trabalha direito não precisa de dupla assessoria.

Os vereadores assessores-dependentes foram vencidos, mas não convencidos. Intimamente, para não dizer“organicamente”, mantêm o pé firme na posição que defenderam até o limite da razão.

O que para nós é apenas uma forma pública de remunerar cabos eleitorais, para eles é necessidade da máquina legislativa.Vai que cola!

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