Estaríamos caminhando para uma disputa eleitoralmajoritária de apenas dois candidatos? Senão, vejamos. Na eleição de 2020 eram cinco candidatos: Gustavo Zanatta (PTB), Kadu Müller (PP), Percival Oliveira (Republicanos), Ricardo Kraemer (PT) e Márcio Menezes (PSDB).
Os cinco candidatos eram pródigos em críticas ferinas uns aos outros, irreconciliáveis, irretratáveis em suas falas, recíprocos críticos mordazes
A política local é muito suscetível aos ventos, como as nuvens de Magalhães Pinto que já citei em outra crônica: toma inusitadas formas e tamanhos, densidades e tons.
Os ventos sopram em direções variadas, errantes, dependentes das altitudes e estações. Podem ser tempestuosos e barulhentos, mas podem ser uma leve brisa ou uma corrente térmica, aquelas que facilitam voos mais altos.
Gustavo Zanatta, o prefeito eleito em 2020, de quem se dizia não ser “político”o suficiente para se tornar um líder referente, engendrou o mais eficiente estratagema de apoio já concebido desde Tristão Fagundes, não apenas na Câmara como também entre os partidos que, pela imagem de satélite do céu de 2020, deveriam todos estar na oposição. O Progressistas de Kadu Müller, cujos vereadores (com exceção de Gustavo Oliveira) manquitolaram entre apoios e críticas na maior parte do tempo, resolveu aderir ao Governo e não buscar a eleição majoritária, dirigindo seus pensamentospara 2028. Percival de Oliveira, galo que não cozinha na primeira fervura, ao perceber que Zanatta passara precocemente no vestibular e ocupara a cadeira do palácio de forma menos amadora do que o ex-prefeito imaginava, não se fez de rogado ao oferecer o seu Republicanos para o prefeito concorrer à reeleição. Percival não disputa a eleição, e se torna um homem departido.
Márcio Menezes se manteve no PSDB de Eduardo Leite, comissionado em cargo de assessoria do deputado federal Lucas Redecker. Menezes, não concorrerá desta vez, o que não significa minorar sua participação nos destinos da eleição. Mostrando-se bom observador do tempo e do vento, como os rosarinos em geral, iniciou tratativas para levar Gustavo Zanatta para o PSDB. O governador contatou o prefeito que, mesmo lisonjeado pelo convite de adesãoao tucanato, optou, ao fim, por percivalar localmente. Quais as inconfessáveis razões que levaram Zanatta ao Republicanos? Inconfessáveis, talvez; mas não inatingíveis para o pensador médio. Zanatta entrou em partido que avança em vetor contrário ao PSDB, o que pode representar maior apoio do fundo partidário para a disputa de outubro. Zanatta, incontestável candidato à reeleição, no mesmo partido de Percival afasta a ameaça da forte concorrência do ex-prefeito. Strike, se diz no boliche. Márcio Menezes com a tenacidade de um Leão do Caverá (às enciclopédias, ó indoutos!) sacou Paulo Azeredo do PDT e o conduziu pelo braço ao PSDB, o que faz de ex-prefeito e atual vereador candidato de oposição ao governo municipal.
O professor Ricardo Kraemer foi o candidato do Partido dos Trabalhadores em 2020. Fez menos votos que o número de brancos e levemente mais do que os nulos, suplantando a Márcio Menezes. O PT, agora, especulou Heitor Lermen que, quiçá, pudesse performar melhor que o professor Kraemer. Lermen, entretanto, parece preferir a maresia zenda Praia do Rosa doque se envolver em batalhas que poderiam restar inglórias. Cabeao PT apontar um candidato de última hora ou aliar-se a outra frente. Isso significaria ser mais um dos comensais da mesa que prepara o PSDB de Azeredo e de Eduardo Leite, o governador liberal que privatiza o que o PT quer ver estatal.
Vamos ter somente dois concorrentes em outubro. Nem o Gauchão é mais assim.