A apresentadora Xuxa Meneghel ama os animais. Já teve 54 bichos em casa. Nenhum recolhido das ruas, claro.
Depois de construir sua carreira artística erotizando precocemente os baixinhos, vivendo e aproveitando das riquezas que construiu como influencer fútil, Xuxa resolveu ser relevante.
Sem sair às ruas, passou a militar por causas simpáticas como empoderamento da mulher e direitos dos animais. Converteu-se ao veganismo. Não come, veste ou passa pela cútis nada de origem animal. Louvável.
Por esta virtude temporã, Xuxa foi convidada para uma live por meio do Instagram e comandada no perfil da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), para falar sobre direitos dos animais.
Lá Meneghel se posicionou contra a utilização de animais em laboratórios como cobaias em pesquisas para desenvolvimento de remédios, vacinas e cosméticos.
Propositiva, apresentou a solucionática para a problemática.“Na minha opinião, eu acho que existem muitas pessoas que fizeram muitas coisas erradas que estão aí pagando seus erros em ad eternum, para sempre em prisão, que poderiam ajudar nesses casos aí, de pessoas para experimentos. Acho que pelo menos eles serviriam para alguma coisa antes de morrer, entendeu? Para ajudar a salvar vidas, com remédios, tudo.”
Para a rainha dos baixinhos não importam os direitos humanos se a questão é garantir os direitos animais.
“Se são pessoas que já estão provados (sic) que vão viver 60 anos na cadeia, 50 anos na cadeia, e vão morrer lá, acho que poderiam usar um pouco da vida delas pelo menos para ajudar algumas pessoas, provando remédios, provando vacinas, provando tudo nessas pessoas para ver se funciona, entendeu? Essa é a minha opinião, já que vai ter que morrer na cadeia, que pelo menos sirva para ajudar em alguma coisa.”
A militância de Maria das Graças – longe de ser ativismo – tem a profundidade de um martelinho de cachaça: dois dedos.
Não é exclusividade de celebridades alienadas, entretanto, priorizar direitos de uns em detrimento de direitos de outros.
Por exemplo, quando em nome do amor pelos animais, deixa-se de comer para alimentá-los, ou quando acumulam-se cães e gatos recolhidos da rua em locais não apropriados, desrespeitando o direito dos vizinhos ao silêncio, sossego e de não serem expostos a zoonoses, doenças transmitidas por animais.
Normalmente, acumuladores carecem mais de atenção do que os animais a que pensam proteger.
A causa animal é simpática e mesmo o mais grosso dos carnívoros gaúchos sabe que o boi é bicho, mas tem alma sob o couro. Apropriar-se da causa animal de forma rasa como faz Xuxa, serve para “lacrar” e, se for o caso, angariar votos.
Penalizados com os maus-tratos de que são vítimas alguns cavalares, vereadores querem proibir a tração animal no município. Preocupados com a sanidade econômica dos empresários, não querem nem ouvir falar de lockdown periódico durante a pandemia, mas não se importam de como sobreviverão os carroceiros. Aos maus-tratos a animais, as devidas combinações legais. A robustez dos equinos não lhes recomendam trato de pet.
Proibir a tração animal de carros enquanto o Mortadela se esgualepa a puxar sua carroça de catador de materiais recicláveis, é uma inversão xuxo-menegheliana de valores.