Outro dia conversei por chamada de vídeo com um ex-colega de trabalho que, atualmente, trabalha em Roswell, Estados Unidos. Quando me disse onde estava, imediatamente lembrei-me da história que tornou a pequena cidade do estado do Novo México conhecida mundialmente em julho de 1947.“Estás na cidade dos etês”, disse-lhe. “Estás na Varginha americana”.
O Caso Roswell se tratou da alegada queda de um disco voador em um rancho próximo da cidade, o qual teria sido resgatado pela Força Aérea. Logo surgiram informações sobre corpos de extraterrestres autopsiados na Base Aérea local. A Força Aérea americana tratou sempre de desmistificar a ocorrência, mas apenas em 1994, quando as teorias conspiratórias começaram a ganhar divulgação eletrônica, um relatório identificou o objeto despencado do céu como um balão de vigilância de testes nucleares do Projeto Mogul, este sim um bom motivo para segredo de Estado. Quanto aos corpos dos extraterrestres, os militares alegaram se tratar da queda de bonecos de ensaio – os chamados crash tests – a partir de altitudes elevadas, em 1953, vários anos depois da queda do balão.
A correlação da cidadezinha americana com Varginha se dá pelos alegados fatos que teriam acontecido em janeiro de 1996 na cidade mineira, quando e onde alguns extraterrestres teriam sido vistos perambulando por ruas e matagais. Deu até no The New York Times.
Histórias de aparições de objetos voadores não identificados e de seus tripulantes são antigas e guardam sempre coincidências inexplicáveis. São discos ou pratos que giram sobre o próprio centro a velocidades imensuráveis, quebrando todas as leis físicas que deveriam respeitar se fizessem parte do universo que habitamos. Eu tive Chevettes que esterçavam as rodas dianteiras a quase noventa graus, mas nunca consegui dobrar uma esquina em ângulo reto. Os discos voadores o fazem a altíssimas velocidades.
Se um ET me abordasse na estrada do Passo da Amora e me dissesse que o levasse ao nosso líder, eu deveria achar um jeitinho de dizer-lhe que apeara do disco em local errado. Os discos voadores são autoiluminados quando deveriam optar pela discrição, vez que não buscam notoriedade. Os terráqueos quando vão à Lua ou mandam robôs exploradores à Marte, fazem questão de deixar mensagens para eventuais habitantes ou passantes dos locais. Os extraterrestres preferem provocar as narrativas conspiracionais.
Na última semana, voos comerciais avistaram por vários dias sobre os céus do Rio Grande luzes intensas e velozes. Se os etês vieram participar da COP-27, a Conferência das Nações Unidas para o Clima, erraram as coordenadas de Sharm El Sheikh, que fica no Egito. É para lá que estão voando milhares de jatinhos executivos, queimando combustível fóssil, para a grande discussão que vai salvar o planeta do aquecimento gerado pela emissão descontrolada de dióxido de carbono.
As luzes sobre Porto Alegre, acredito sejam as pegadas das botas do Bebeto Alves, indo-se embora.