Vocês acharam que iam se livrar de mim, não acharam?! Fácil assim?! De jeito nenhum, meus amigos. Estou de volta às páginas do Ibiá, assumindo a coluna semanal das segundas-feiras para falar sobre a Vida, o Universo e Tudo o Mais – como diria meu amigo Douglas Adams em seu genial Guia do Mochileiro das Galáxias. Não sou um cronista, como o Bessi e o Kauer, não sou um poeta, como o Leser, ou um mestre das palavras – ditas e não-ditas – como o pai e a filha Stiehl, mas eu gosto de escrever. E gosto de conversar. Então, na falta de uma mesa de bar, eis-me aqui, todas as segundas, para fazer exatamente isso: conversar. E é, justamente, o bar nosso primeiríssimo assunto. O que é curioso se pensarmos que o bar funciona como um gerador de assuntos, mas nunca é o assunto em si.
O fato é que fui erguer uns canecos com dois amigos na semana passada. Cada um com suas doses para comemorar e lamentar. Felizmente, muito mais coisas para comemorar. A noite ia passando e eu, observando, cheguei à conclusão de que o bar é, definitivamente, o lugar onde as coisas acontecem.
E quando eu digo coisas, quero dizer todo tipo de coisa. Relacionamentos começam e terminam, planos são feitos, metas são estabelecidas, vitórias celebradas, feridas abertas e cicatrizadas, viagens planejadas… Normalmente, as grandes ideias são as que surgem no bar. É bem verdade que poucas vezes as executamos de fato, mas isso não tira a sua brilhante espontaneidade – e também um certo nível de periculosidade, pré-requisito básico de todas as ideias geniais.
Então, se você gosta de estar onde as coisas acontecem, seu lugar é no bar. Ou em uma redação de Jornalismo, pois poucos são os espaços onde tanta informação circula com tanta velocidade. Não é coincidência, aliás, a presença constante de repórteres e editores em bares. É como uma extensão de seu hábitat natural, que é a redação – ou a rua, no caso dos jornalistas bons de verdade. Eles gostam porque é o lugar ideal para debater assuntos importantes como política, filosofia, religião, cinema, música, o time do colorado na série B…
Nos bons bares, ninguém é definido por classe social, cor, orientação sexual, time ou o lugar de onde veio – vez ou outra se faz uma careta para quem prefere uma Weiss à uma Pale Ale, mas fora isso todo mundo canta Amigo Punk junto. Nos melhores bares, as diferentes opiniões sobre o futuro do país convivem em harmonia, mas tem rodada grátis para cada eleitor do Bolsonaro que muda de ideia. No bar perfeito, tem jogo da Seleção com Falcão no meio e Zico no ataque, mas aí já estamos saindo da realidade. Ah, no bar também, e em qualquer bar daí, ninguém assina PEC sem ler antes.
Chame de bar, Pub, boteco, cantinho do guerreiro, qualquer coisa, mas tenha um espaço com uma mesa, algumas cadeiras para os bons amigos e uma bebida gelada – não necessariamente cerveja, mas se for, melhor. Faça do seu bar qualquer lugar, mas tenha esses momentos com frequência. São um dos poucos em que a vida realmente acontece.