Aprendemos na Doutrina Espírita, durante a vivência e o estudo da mesma, a olhar os acontecimentos que nos cercam com um olhar diferenciado, pois à medida que nos aprofundamos na leitura e compreensão dos Ensinamentos de Jesus, sabemos que tudo o que acontece conosco ou ao nosso redor, ou até do outro lado do mundo, é necessário e precisa acontecer por uma razão maior. Razão que desconhecemos, mas que vem à tona no momento certo.
Uma família formada por quatro pessoas. Mãe e filho, afinidade perfeita; Pai e filha, uma sintonia exemplar; filho e filha, ideias antagônicas; mãe e pai, gostos e modo de viver diferentes, porém adaptados para bem conviverem. O atrito? Acontecia entre filha e mãe. O filho? Indiferente, seguia a vida, conforme se apresentava e, muito cedo, afastou-se da família para estudar. Até que um dia, a falta física definitiva do pai aconteceu. Um grande vazio, a dor parecia sufocar, porém a vida terrena seguia. E, no embalo, seguiram mãe e filha, entre inúmeras desavenças e, nas lágrimas derramadas, grande aprendizado e descobertas.
Por que, muitas vezes, nos vemos sozinhas diante de acontecimentos que nos surpreendem? Sempre há uma razão! Deus, bondoso e justo, nos propõe situações que julgamos impossíveis de superá-las. No caso de mãe e filha, passaram a conviver diariamente. A filha, não tendo ainda como sustentar-se, precisava ficar perto da mãe; por outro lado, a mãe reconhecia que precisava da presença da filha, uma vez que se julgava fraca e tinha receio enorme de enfrentar sozinha a rotina da vida. Ambas, iniciaram um processo de adaptação e, com o vazio da perda, a ausência do filho e irmão, desenvolveram em si a humildade, deixando aflorar em seus corações o amor que existia entre elas, mas que, até então, insistia em ficar adormecido.
Antes de reencarnarmos, nos propomos a vir pra Terra numa família por nós escolhida, onde conviveremos com pais e irmãos, espíritos esses já por nós conhecidos de vidas passadas e a quem, talvez, prejudicamos de alguma forma. A nova vida nos é dada, justamente, para resgatarmos nossos erros pregressos. É aqui, a oportunidade de evoluirmos. Nosso Pai, que tudo sabe, nos auxilia de alguma forma no aprimoramento espiritual, mesmo que nos traga dor e sofrimento, como no caso da mâe e filha.
Ambas travaram uma luta interior para superar o orgulho e o egoísmo: na superação, o renascer do amor e da humildade. O sofrimento da ausência, a necessidade de se compreenderem e perdoarem permitiram a aproximação de mãe e filha que vieram a este mundo pra vencerem etapas passadas e se amarem verdadeiramente. “De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração…”(Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIV, item 9). Todas elas necessárias. Deus sabe as razões!