Querido povo de Deus, a paz! A mentalidade do homem contemporâneo, fascinado pelos avanços industrias, tecnológicos e científicos, depois deser arrasado, em um primeiro momento, pelas filosofias da suspeita, pelo niilismo e até mesmo o ateísmo, fazendo emergir uma grande crise existencial, tenta afirmar, agora, que é autossuficiente, quase “superpoderoso” através da técnica. Esta mentalidade também é estimulada pelo regime social que vivemos, quase uma “capitalcracia” (quando o capital, a economia, ditam as regras) que põe o consumo como estilo de vida. Sendo assim, hoje basta ter estabilidade econômica, acesso aos bens de consumo e algum discurso pseudo-filosófico que justifique meu estilo de vida ou concorde com minhas aspirações para que possa afirmar: sou rei de mim mesmo, não preciso de ninguém. Esta atitude perante a sociedade também é aplicada em relação a Deus.
Um Deus que se diz pastor, porta, caminho, médico, luz, pão, etc. nos revela que precisamos de condução, de um caminho verdadeiro, e que de alguma forma estamos doentes, cegos e famintos. E esta é uma revelação que o homem contemporâneo não quer aceitar ou não pode suportar, pois para ele Deus seria um limitador da liberdade, o seu fim. Mas o homem não percebe que seu fim está justamente nesta autossuficiência que é incapaz de lhe dar a felicidade, pois o homem é feito para a alteridade, para a relação. Ou seja, somos enquanto somos com os outros, em comunidade e em relação à Deus.
Estamos vivendo com esta pandemia uma oportunidade única para sairmos deste “delírio da onipotência”, conforme dizia o pregador da casa pontifícia na última sexta-feira santa. Percebemos o quão frágil é nossa existência e que só podemos sair de uma crise quando assumimos ações em conjunto. Percebemos que nossa técnica não nos dá toda a segurança e que o vírus do individualismo é tão nocivo quanto o COVID-19. E o que é este individualismo senão um pecado? Por isso a primeira leitura deste Domingo (At 2, 14a. 36-41) nos lembra da conversão, uma mudança de estilo de vida. E a segunda leitura (1Pd 2, 20b-25) nos convida a morrer para pecado e a viver para a justiça. Justiça para com os irmãos e irmãs e para com Deus! E nada mais justo que reconhecer nossa pequenez, fragilidade e finitude, pois somente depois deste reconhecimento é que posso estar diante de Deus.
No evangelho deste 4° Domingo (Jo 10, 1-10) Jesus nos diz: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas”, ou seja, Ele é caminho verdadeiro para a humanidade, o bom pastor que pode nos salvar, e a Sua palavra é capaz de criar em nós a verdadeira felicidade e liberdade. Termino citando São Clemente de Alexandria (séc. III): “Por isso nós, os enfermos, necessitamos do Salvador; extraviados, daquele que nos guie; cegos, daquele que nos ilumine; sedentos, da fonte da água viva; e daqueles que bebem dela nunca mais terão sede; mortos, necessitamos da vida; o rebanho, do pastor; as crianças, do pedagogo; e toda a humanidade necessita de Jesus”.
Respondendo à pergunta, sim! Precisamos de um pastor, um divino e bom Pastor, que nos salve do pecado e do fechamento em nós mesmos.
Pe. João Vítor Freitas dos Santos
PROGRAMAÇÃO:
Missas com transmissão AO VIVO via Facebook da paróquia:
Segunda a sexta-feira as 18h30;
Sábado as 17h;
Domingos as 9h (transmissão pela rádio América Am 1270 e YOUTUBE – Catedral São João Batista – Montenegro).