O episódio da visita dos magos ao menino de Belém (Mt 2,1-12) é um episódio simpático e terno que, ao longo dos séculos, tem provocado um impacto considerável nos sonhos e nas fantasias dos cristãos… No entanto, convém recordar que estamos, ainda, no âmbito do “Evangelho da Infância”; e que os fatos narrados nesta seção não são a descrição exata de acontecimentos históricos, mas uma catequese sobre Jesus e a sua missão… Por outras palavras: Mateus não está, aqui, interessado em apresentar uma reportagem jornalística que conte a visita oficial de três chefes de estado estrangeiros à gruta de Belém; mas está interessado, recorrendo a símbolos e imagens bem expressivos para os primeiros cristãos, em apresentar Jesus como o enviado de Deus Pai, que vem oferecer a salvação de Deus aos homens de toda a terra.
A análise dos vários detalhes do relato confirma que a preocupação do autor (Mateus) não é de tipo histórico, mas catequético. Notemos, em primeiro lugar, a insistência de Mateus no fato de Jesus ter nascido em Belém de Judá. Para entender esta insistência, temos de recordar que Belém era a terra natal do rei Davi e que era a Belém que estava ligada a família de Davi. Afirmar que Jesus nasceu em Belém é ligá-lo a esses anúncios proféticos que falavam do Messias como o descendente de Davi que havia de nascer em Belém e restaurar o reino ideal de seu pai. Com esta nota, Mateus quer aquietar aqueles que pensavam que Jesus tinha nascido em Nazaré e que viam nisso um obstáculo para O reconhecerem como o Messias libertador.
Notemos, em segundo lugar, a referência a uma estrela “especial” que apareceu no céu por esta altura e que conduziu os “magos” para Belém. A interpretação desta referência como histórica levou alguém a cálculos astronômicos complicados para concluir que, no ano 6 a.C., uma conjunção de planetas explicaria o fenômeno luminoso da estrela refulgente mencionada por Mateus; outros andaram à procura de um cometa que, por esta época, devia ter atravessado os céus do antigo Médio Oriente… Na realidade, é inútil procurar nos céus a estrela ou cometa em causa, pois Mateus não está a narrar fatos históricos. Segundo a crença popular da época, o nascimento de um personagem importante era acompanhado da aparição de uma nova estrela. Também a tradição judaica anunciava o Messias como a estrela que surge de Jacó. Ora, é com estes elementos que a imaginação de Mateus, posta ao serviço da catequese, vai inventar a “estrela”. Mateus está, sobretudo, interessado em fornecer aos cristãos da sua comunidade argumentos seguros para rebater aqueles que negavam que Jesus era esse Messias esperado.
Temos, ainda, as figuras dos “magos”. A palavra grega “magos” usada por Mateus abarca um vasto leque de significados e é aplicada a personagens muito diversas: mágicos, feiticeiros, charlatães, sacerdotes persas, propagandistas religiosos… Aqui, poderia designar astrólogos mesopotâmios, em contato com o messianismo judaico. Seja como for, esses “magos” representam, na catequese de Mateus, esses povos estrangeiros de que falava a primeira leitura (Is 60,1-6), que se põem a caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz salvadora de Deus que brilha sobre a cidade santa. Jesus é, na opinião de Mateus e da catequese da Igreja primitiva, essa “luz”.
Além de uma catequese sobre Jesus, este relato recolhe, de forma paradigmática, duas atitudes que se vão repetir ao longo de todo o Evangelho: o Povo de Israel rejeita Jesus, enquanto os “magos” do oriente (que são pagãos) O adoram; Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do menino e planejam a sua morte, enquanto os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador.
Mateus anuncia, desta forma, que Jesus vai ser rejeitado pelo seu Povo; mas vai ser acolhido pelos pagãos, que entrarão a fazer parte do novo Povo de Deus. O itinerário seguido pelos “magos” reflete a caminhada que os pagãos percorreram para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais (estrela), percebem que Jesus é a luz que traz a salvação, põem-se decididamente a caminho para o encontrar, perguntam aos judeus – que conhecem as Escrituras – o que fazer, encontram Jesus e adoram-n’O como “o Senhor”. É muito possível que muitos pagãos-cristãos da comunidade de Mateus descobrisse neste relato as etapas do seu próprio caminho em direção a Jesus.
Pe. Diego Knecht
PROGRAMAÇÃO
06.01.2022 – Sexta-feira
18h30 – Missa na Catedral
19h – Missa do Kerb em Santos Reis
07.01.2022 – Sábado
15h30 – Missa na Com. Espírito Santo
17h – Missana Catedral
17h30 – Missa na Com. Nª Sra Aparecida
19h – Missa na Com. São José do Maratá
19h – Missa na Com. Santo Alberto Magno
08.01.2023 – Domingo
07h – Missa na Catedral
9h – Missana Catedral **
10h – Missa na Com. Nª Sra. do Perpetuo Socorro
18h – Missa na Catedral
09.01.2023 – Segunda-feira
20h –Terço na Com. Nª Sra. das Graças **
20h – Grupo de Oração na Com. Santo Antônio
10.01.2023 – Terça-feira
18h30 – Missa na Catedral com benção da Saúde
11.01.2023 – Quarta-feira
18h30 – Missana Catedral
12.01.2023 – Quinta-feira
18h30 – Missa na Catedral
** com transmissão AO VIVO via Facebook da paróquia, pela rádio América Am 1270 e YOUTUBE – Catedral São João Batista – Montenegro/RS.