Queridos(as), neste Domingo celebramos a solenidade de Pentecostes, alegrando-nos com o dom do Espírito Santo que é derramado sobre os Apóstolos reunidos com Maria no Cenáculo. É a força que vem do alto, para que a Igreja cumpra sua missão de evangelizar os povos (Cf. At 2, 1-11). Para compreender o significado desta festa, vamos voltar ao Antigo Testamento, pois o povo Hebreu já celebrava a festa de Pentecostes. Mas, com que significado? Era a festa das sete semanas (cf. Tb 2, 1) ou a festa da colheita (cf. Nm 28, 26), quando se ofereciam a Deus as primícias do trigo. Posteriormente, já no tempo de Jesus, esta festa enriqueceu-se com um novo significado: era a festa da outorga (entrega) da lei no monte Sinai e da aliança. Ou seja, comemorava os fatos ocorridos em Êxodo 19-20, quando a lei foi dada no Sinai cinquenta dias após a páscoa. A lei tinha uma importância muito grande para o povo Hebreu, pois era vivendo segundo ela que se obedecia a Deus.
Não é por acaso que o Espírito Santo é enviado no dia de Pentecostes. Disse Santo Agostinho: “se bem observarmos, no dia de Pentecostes eles (judeus) receberam a lei escrita com o dedo de Deus, e no mesmo dia de Pentecostes veio o Espírito Santo”. Isso aconteceu para indicar que o Espírito Santo é a nova lei, a lei espiritual que sela a nova e eterna aliança e consagra o povo régio e sacerdotal que é a Igreja.O Pentecostes cristão é a realização das profecias de Jeremias e Ezequiel: “Esta será a aliança que concluirei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei em sua alma, escrevê-la-ei sobre o seu coração” (Jr 31, 33). “Eu vos darei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo, tirarei de vós o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei o meu Espírito dentro de vós e vos farei viver conforme os meus estatutos e vos farei observar e pôr em pratica as minhas leis” (Ez 36, 26-27).
Não mais em tábuas de pedra, mas nos corações; não mais uma lei exterior, mas uma lei interior. Deus escreveu a sua lei em nossos corações mediante o Espírito Santo; esta lei nova é o amor que ele infundiu em nossos corações no batismo, mediante o Espírito Santo (cf. Rm 5, 5); ela nos torna capazes de pôr em prática também as demais leis, escritas ou faladas; em suma, permite-nos caminhar segundo o Espírito, obedecendo ao Evangelho. A lei de Moisés tinha uma limitação: era exterior, só conferia o “conhecimento do pecado”, mas não o eliminava e não dava a vida a quem a praticava.O Espírito Santo, ao contrário, infunde no coração do homem “o amor de Deus” (cf. Rm 5, 5), fazendo surgir uma nova criatura, capaz de amar e desejar fazer a vontade de Deus. A NOVA LEI É A VIDA NOVA! “Não estais mais debaixo da lei, mas debaixo da graça!” (Rm 6, 14). Por isso, mesmo depois do pentecostes cristão a lei subsiste. Não há oposição entre Espírito e lei, pois ambas têm sua fonte em Deus e nos levam àcomunhão com Ele.
Pe. João Vítor Freitas dos Santos