De um lado, as pequenas empresas que conseguiram sobreviver às semanas fechadas patinam na tentativa de recuperar perdas e conquistar um consumidor com menos poder de compra. De outro, preços de itens básicos lá em cima e o monstro da fome assombrando cada vez mais famílias. O cenário é de dificuldade; as ajudas, quando vêm, nem sempre são suficientes; e, com alguns exemplos próximos na porta de casa, cresce a pressão para que o Município desenvolva algum programa de “socorro” aos montenegrinos em dificuldade.
Desafio
A situação cobra de Zanatta e sua equipe uma análise minuciosa da situação; que seja responsável mas, ao mesmo tempo, rápida. E não é tarefa fácil. Quando candidato, nosso prefeito foi um crítico da gestão Kadu Müller, especialmente no que tange ao auxílio dado às pequenas empresas ano passado, mas, na prática, não tem tido políticas tão diferentes de seu antecessor nesse quesito. Foram campanha de conscientização, continuidade aos programas de qualificação profissional, prorrogação de impostos, distribuição de alimentos e o, ainda em fase de negociação, subsídio para consultorias em negócios do Sebrae.
Convenhamos
Nada de errado com as iniciativas em prática. É sempre preciso destacar que, no enfrentamento do pior momento da pandemia, o governo fez um repasse expressivo de mais de R$ 1 milhão ao Hospital Montenegro. O reforço foi essencial no custeio dos leitos que atenderam, não só aos montenegrinos, mas a moradores de todo o Vale do Caí; e longe de qualquer auxílio pago à casa de saúde pelas demais prefeituras atendidas. Mas no que tange aos auxílios de assistência social e à economia, há quem pense que esteja faltando um algo a mais.
Exemplos
Há exemplos de políticas que poderiam ser copiadas por Zanatta. Um deles é o de São Sebastião do Caí. Lá, o Município criou programa de microcrédito para emprestar até R$ 5 mil com juros reduzidos a pequenos empresários que precisem fluxo de caixa para voltar a caminhar com as próprias pernas. Já teve promessa para Montenegro ter o mesmo. Há 22 dias, o prefeito montenegrino deu entrevista elogiando a iniciativa e dizendo que iria replicá-la por aqui. Anunciaria as regras de seu programa próprio “nos próximos dias”. Ainda nada.
Dali
Outro exemplo de perto veio de Harmonia. Por lá, ainda quando a bandeira (e a situação) estava preta, a Prefeitura criou programa de auxílio financeiro aos pequenos negócios. Pagou parte do aluguel das lojas, deu auxílio de R$ 150,00 por funcionários contratados e ainda devolveu aos empreendedores a parcela municipal do ICMS que eles tinham que recolher em um mês. Uma mostra de que, sim, dá pra se fazer algo.
De lá
A quem aponte ser injusto comparar, lado a lado, o volume de empresas de São Sebastião do Caí ou de Harmonia com o de Montenegro, pode-se olhar para o exemplo de um socorro um pouco mais distante. Não às empresas, mas diretamente às pessoas afetadas pela pandemia, a Prefeitura de Canoas criou seu auxílio emergencial municipal de R$ 200,00. O benefício está atrelado a curso de qualificação profissional e à prestação de 4 horas mensais de serviço ao Município. São trabalhos de limpeza, jardinagem e afins. Não estão os serviços urbanos, por aqui, ainda com déficit de mão de obra? Fica a dica Zanatta!
Daqui
Falando em dicas, vez ou outra aparecem indicações na mesa do prefeito que pedem, justamente, a criação de algum auxílio do tipo. Vêm da Câmara de Vereadores. Mas não passam de indicações, mesmo, sem projeto de execução ou análise de impacto quanto a sua aplicabilidade ou não. A mais recente veio do vereador Paulo Azeredo (PDT), que queria que a parte repassada à Prefeitura da arrecadação do pedágio federal da BR-386 formasse um fundo para ajudar os necessitados. Já caiu por terra. Azeredo ainda achava – como fizeram a comunidade acreditar quando o projeto era vendido em 2017 – que a praça renderia seus R$ 200 mil por mês ao Município. Na prática, não é nem um quarto disso; inviável para a ideia.
Infelizmente!
Lixo
Zanatta acerta ao revogar o processo licitatório que contrataria a coleta de lixo em Montenegro. Lançado em 2019, o edital estava parado após quatro pedidos de impugnação de empresas que não concordavam com as regras impostas para a realização do serviço. Ainda havia apontamentos de irregularidades feitos pelo Tribunal de Contas do Estado após auditoria do órgão. Agora, o processo começa do zero e, torcemos, do jeito certo.
– O que chama atenção é que, após pedidos do Ibiá, o governo municipal não divulgou o que o Tribunal de Contas pediu de mudanças no edital construído ainda pela gestão anterior. E não é nem por suposta falta de transparência, mas por falta de lógica mesmo. Os documentos divulgados à reportagem limitam-se à explicação de que foram solicitadas revisões no plano de trabalho e na tabela de custos. Não seria positivo ao prefeito mostrar o que está precisando corrigir?
– Talvez a resposta esteja na complexidade de um tema que faz o governo municipal pisar em ovos. Ocorreram muitas denúncias de irregularidades, na história da cidade, quanto aos contratos públicos da coleta de lixo. A mais recente rendeu até pedido de impeachment contra o ex-prefeito Kadu Müller (PP) quanto a supostos pagamentos de propina para o contrato – processo que foi arquivado por falta de evidências. Como em tudo, todo cuidado e responsabilidade é pouco.
– Enquanto a situação não é resolvida, a coleta segue ocorrendo mediante contratos emergenciais.
Na tribuna
É notável que os vereadores de Montenegro têm usado cada vez menos os seus quinze minutos de tribuna para falar com a comunidade nas sessões da Câmara. Talvez seja pelo horário menos nobre das sessões, que agora iniciam ainda durante a tarde. Talvez porque prefiram a liberdade de suas redes sociais para falar do andamento do trabalho dentro de suas próprias bolhas eleitorais. Por lá, a contestação pode ser excluída com um clique; e não é necessário ceder o tempo de fala como parte a algum insistente colega de plenário.
Fachini troca o PDT pelo PP
Após dez anos de partido, o empresário Ademir Fachini saiu do PDT para ingressar no Progressistas. A ficha foi assinada na noite dessa segunda-feira, dia 3. Presidente do partido em Montenegro, por ele, foi candidato a vice-prefeito ano passado na chapa formada com Percival de Oliveira, do Republicanos. Dizia-se um “algodão entre os cristais”, habilidade que foi bastante demandada enquanto, dentro do partido, havia discordância quanto a aliança que ficou com o 3º lugar no pleito de 2020. Atendendo a convites do PP, Fachini admite que houve desgastes em sua trajetória com o PDT, mas diz que está saindo agradecido e em busca do desafio “de militar num partido com características diferentes”. Coincidentemente, há dois anos, o PP recebia a filiação de Ari Müller, outro nome marcante da história do PDT. As justificativas para a troca eram bem parecidas.