Semana passada, a Prefeitura abriu cadastro pra famílias interessadas em viver no Residencial Cinco de Maio quando, na verdade, as unidades disponíveis ficam no Residencial Erico Veríssimo. A culpa do erro, aponta o secretário municipal de Habitação, Luís Fernando Ferreira, foi da Caixa e da enorme dificuldade de comunicação do Município com a autarquia. Serviu pra mostrar como é desorganizada a cadeia de agentes responsável por um tema tão importante como a habitação.
No meio dessa história, ficou claro também o quão problemático é o déficit habitacional em Montenegro; especialmente pras famílias de baixa renda. Apesar de o credenciamento aberto exigir critério de renda – excluindo, assim, os muitos que não têm ganhos pra comprovar – foi grande a procura pelos imóveis com financiamento subsidiado. Segundo a diretoria de Habitação, só entre quarta e quinta-feira já se acumulavam duzentas famílias cadastradas (quase dez por imóvel), mostrando que tem muita gente precisando.
Assim como se mostrou a demanda, se descortinou também a realidade complicada em que vive quem já foi contemplado por programas residenciais no passado. Bastou ser feito o anúncio que pipocaram diversos comentários de moradores do Residencial Cinco de Maio numa linha de “fujam enquanto é tempo!”. Dentre as denúncias sobre o empreendimento inaugurado em 2014 para famílias carentes, destacaram-se desordem, problemas estruturais, criminalidade, inadimplência e constantes ameaças de corte de água. O pior é que a situação não é só de lá. Outro exemplo marcante é o do Loteamento Bela Vista, no bairro Estação, também voltado a famílias vulneráveis. Ali, várias residências foram entregues com problemas estruturais que seguem até hoje. Por políticas públicas ineficazes, viver num lugar como aquele não é nada fácil. Basta olhar e ver.
A situação da última semana também trouxe à tona outra questão que, talvez, muita gente desconhecesse: a falta de controle desse déficit habitacional. O secretário Luís Fernando revelou que assumiu a pasta e encontrou a “lista da habitação” como um arquivo físico desorganizado e desatualizado. Acabou optando por iniciar do zero, de forma digital, a partir de 2021. Quer dizer que quem tinha se inscrito pra ser contemplado num eventual programa de habitação em data anterior terá que atualizar a sua situação cadastral junto a Secretaria de Habitação.
Pra não ficarmos só na crítica, hoje parece haver esforços pra mudar esse jogo. Iniciativas como a própria organização do cadastro, os novos programas sociais e as recentemente anunciadas tratativas pra criação do Loteamento Sítio Mariano mostram que há um esforço voltado à questão. Porém, ficou bem claro, há muito o que fazer, repensar e reorganizar.
Que estudo é esse?
Na manifestação de domingo, contra o pedágio, o prefeito do Caí, Júlio Campani, revelou que o Governo do Estado não sabia da rota alternativa que liga a ERS-122 à ERS-240. No percurso Serra-Capital, a via, que está pra ser asfaltada, tende a ser desvio aos novos pedágios de Capela de Santana e São Sebastião do Caí. Agora, pode levar à nova troca de local das praças. Campani contou que bastou uma rápida pesquisa no Google Maps para apresentar a rota ao secretário estadual de parcerias, Leonardo Busatto. Nos vários meses de estudo do Estado pra concessão, ela não tinha sido localizada.
Ficou guardado
Na nota oficial divulgada quando vazou o áudio da reunião com a Ecosul – a empresa da coleta de lixo que abandonou o serviço -, o Governo Zanatta se comprometeu a entregar à Câmara e ao Ministério Público todos os documentos da contratação da empresa e o áudio, na íntegra, gravado do encontro. Foi pra afastar dúvidas quanto a celeridade do processo. Chegou aos órgãos fiscalizadores milhares de páginas com as tratativas pra contratação. O aúdio, não.
O material que vazou havia sido gravado por um representante da empresa. Mas representantes da Administração também registraram o mesmo encontro; e é este o material disponível. Fontes próximas ao governo disseram à coluna que, apesar do compromisso feito na nota oficial, o prefeito teria achado prudente guardar a gravação pra si; e encaminhá-la apenas se solicitado. Ao que parece, houve receio de tornar o material público, tendo ele sido feito sem o conhecimento dos que estavam na reunião. Não faz muito que os presidentes do PTB e MDB entraram com representação no Conselho de Ética da Câmara contra o vereador Paulo Azeredo por este ter gravado e divulgado parte de uma reunião com o prefeito Zanatta sem ele saber.
Quem vem?
Alguns membros do Partido Progressistas estão preocupados com a possibilidade da sigla perder uma de suas três cadeiras na Câmara numa eventual eleição do vereador Talis Ferreira, pré-candidato à deputado estadual. É que, seguindo o resultado do pleito de 2020, a primeira suplente do partido é Sarita Silva, que já não é mais do PP e está filiada ao MDB. A segunda suplente, que segue progressista, é Fabrícia Souza; nome defendido pelo Progressistas para ocupar a cadeira de Talis no caso de sua saída. A assessoria jurídica do PP vem analisando a questão.
Na legislatura passada, ocorreu situação parecida. Sérgio Souza tinha ficado como suplente do PDT, mas, na janela partidária, migrou pro PSB. Quando Erico Velten, o titular, precisou se ausentar por problemas de saúde, os pedetistas até tentaram barrar a entrada de Sérgio, já na nova sigla, mas o Judiciário garantiu a posse do suplente com o argumento de que o eleito pode trocar de partido sem perder seu mandato. Porém, no caso, era apenas o tempo de um atestado médico. Agora, a situação pode colocar em jogo dois anos de cargo.
Bom dizer que, se vier a assumir a posição no Legislativo, Fabrícia Souza será a primeira vereadora negra da história de Montenegro.
Juro Zero
O Governo do Estado começa a operar hoje o seu programa Juro Zero. Nos moldes do ofertado a nível municipal, em Montenegro, vai custear os juros em empréstimos à pequenas empresas. Por aqui, há a expecativa de que a iniciativa do Município seja renovada este ano com condições mais atrativas de financiamentos. Aguardamos!
Sem cancha no Centenário
Secretário de Gestão e Planejamento do Governo Zanatta, Rafael Cruz confirmou que já há recurso reservado e área em vista pra compra de um espaço pra realização de rodeios e eventos campeiros em Montenegro. Ocorrerá, assim, a saída da cancha do Parque Centenário. “Os tradicionalistas merecem uma área melhor e adequada pra isso”, disse, em entrevista à Rádio Ibiá Web. Ele não confirmou onde é o local, mas sabe-se que a do Parque Tio Manduca vinha sendo avaliada.
A cancha no Centenário foi uma realização do governo de Paulo Azeredo (PDT), hoje vereador. A mudança, porém, não deve gerar nenhum novo embate entre o atual governo e o ex-prefeito. O pedetista mesmo, no ano passado, foi à tribuna sugerir que o Município conseguisse uma nova área para as competições tradicionalistas.
De fora
Presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Caí, o biólogo Rafael Altenhofen disse que só soube pela imprensa que a bacia havia sido contemplada no programa Avançar na Sustentabilidade, do governo do Estado, pra receber investimentos de revitalização. A entidade engloba representantes dos usuários da água de toda a bacia; num espaço de discussão técnica e deliberação a respeito da gestão dos recursos hídricos. Era de se esperar que fosse parte ativa das tratativas.
Altenhofen espera que, o quanto antes, a entidade seja chamada a conhecer o projeto; e apontou como foi genérica a apresentação do que deve ser feito. O anúncio saiu na quarta-feira, apenas com tópicos do que é previsto para a região. O Ibiá solicitou detalhes do investimento ao Estado, que limitou-se a responder que haveriam novos desdobramentos a serem comunicados “em breve”. O aporte anunciado pra Bacia do Rio Caí é de R$ 850 mil.