É impossível deixar passar a notícia do novo aumento nos pedágios da CSG na região. Sabemos que está tudo no contrato da concessão, que, por sinal, foi considerado quase um presente do governador à empresa. O que incomoda são os altos valores cobrados para se rodar 5, 10, 20 Km, diferente de outros, como o da CCR na BR-386, que é menos da metade do de Capela de Santana.
Focando nos benefícios para quem transita nestas estradas, até agora são bem poucos. O controlador na altura do bairro Panorama, para facilitar a passagem dos pedestres vai “ajudando” até que termine o prazo para colocação de uma passarela. A iluminação das rotatórias, necessária para evitar acidentes e tornar mais segura a travessia dos moradores do bairro Santo Antônio à noite, pelo jeito vai ficar mesmo para 2026.
O que poucas pessoas entendem é a razão do aumento. O custo da operação com funcionários e manutenção das cancelas não existe mais para a CSG. O pagamento da tarifa entra direto nas contas da concessionária. Se os motoristas não quitam a passagem, são multados sem direito a recorrer. E o pior: há relatos de pessoas que passam com tag e, muitas vezes, o sistema não reconhece, gerando a famosa multa. Reclamar pra quem?
Os vereadores foram unânimes na última sessão da Câmara no sentido de aprovar uma Moção de Repúdio que será enviada a Concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) e à Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (AGERGS), pelo o aumento da tarifa do pedágio na ERS-240.
O aumento de 5,36% foi autorizado pela AGERGS mediante a justificativa “de reposição das perdas inflacionárias, custos com ações de segurança viária e outras variáveis”. É provável que não dê em nada. O órgão que deveria proteger o consumidor parece estar anestesiado ou sonolento diante da saga imputada pelos serviços privatizados pelo Governo Leite. Não podemos esquecer o que a AEGEA/Corsan vem fazendo com a população de Montenegro.
Moradias no papel
Vereadora Josi Paz aproveitou seu espaço na tribuna da Câmara para divulgar “boas notícias” para a cidade na área habitacional. Na prática, fez um relatório dos programas em que o Município foi inscrito e contemplado pelo Estado e pela União. Somando todos os “ovos” que ainda estão dentro das “galinhas”, são mais de 500 casas e apartamentos. Infelizmente, ainda são de papel.
Quando o governo federal anunciou a compra de casas para as famílias que perderam tudo nas enchentes, muita gente ficou feliz e grata. A boa vontade, porém, não veio acompanhada de uma redução na burocracia. Sete meses depois da catástrofe, menos de 5% dos imóveis foi entregue.
E os rios?
Também o Estado se move de forma muito lenta em seu trabalho de combate aos efeitos das cheias. Foram necessários sete meses para que o programa Desassorear RS saísse do papel. A limpeza de córregos, valas, arroios e outros cursos de água deve começar nas próximas semanas. Quanto aos rios, nem previsão.
Ainda no ano passado, a Prefeitura de Montenegro aplicou cerca de R$ 3 milhões em recursos próprios em desobstrução de arroios. Vai receber mais R$ 1,5 milhão agora, em serviços do governo do Estado. O que mais preocupa a Administração, porém, é o Rio Caí, sobre o qual o Município não tem autonomia.
Frases da semana que passou
Como esse pessoal da Corsan é bonzinho. Eles ainda oferecem a possibilidade do parcelamento para essas coitadas dessas pessoas que recebem em casa como reféns, porque nada podem fazer com uma conta exorbitante que tem, muitas vezes, dobrado, triplicado, quadruplicado durante o mês.
Se não fosse a tragédia no Rio Grande do Sul, teríamos feito superávit pela primeira vez em muitas décadas
Fato inusitado
A 5ª sessão ordinária desta legislatura da Câmara de Vereadores vai entrar na história com um fato inusitado. Tudo transcorria normalmente até que, aos 27 minutos de sessão, a vereadora Fabrícia Souza pediu a interferência do presidente da Câmara Talis Ferreira, informando que era a quinta sessão que se sentia intimidada e perseguida por um homem que se encontrava no plenário. “Peço que o senhor tome alguma providência. Não me sinto confortável em meu local de trabalho”, relatou.
Talis prontamente perguntou à vereadora se ela queria a presença da Brigada Militar, e em seguida determinou que a BM fosse acionada. A sessão ficou suspensa por cerca de 40 minutos.
Com a presença da BM, foi registrada uma ocorrência por ameaça e perseguição. O indivíduo acusado da perseguição deixou o local a pedido dos policiais.
Divergências
É de conhecimento público que existe, posterior à campanha eleitoral de 2024, uma divergência ou desentendimento entre a vereadora e um vizinho, que vem se desdobrando em vários episódios, entre eles uma denúncia de crime eleitoral junto ao Ministério Público Eleitoral, da qual Fabrícia foi absolvida.
Questões pessoais são de fórum íntimo dos envolvidos. Não cabe a nenhum de nós fazer qualquer juízo de valor. O que acontece em local público, entretanto, passa a ser de domínio público.
O referido vizinho declarou à nossa reportagem que vai às sessões porque se interessa pela política do município: “E estarei em todas as sessões”, acrescentou. Quem assiste presencialmente às reuniões da Câmara confirma que ele não costumava frequentar o plenário da Câmara até o final da Legislatura passada.
Solidariedade
Todos os vereadores foram enfáticos ao oferecer apoio a Fabrícia. A Vereadora Josi Paz, Progressitas, na condição de presidente da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Defesa dos Direitos da Mulher, afirmou que o fato será discutido com o Jurídico para avaliar o que é possível fazer para proteger a vereadora.
Talis Ferreira garantiu que, como presidente da casa, não permitirá nenhum tipo de ação contra qualquer vereador ou vereadora. “Estamos aqui para legislar, fiscalizar e trabalhar pra comunidade e não para sermos intimidados,” afirmando que tomará as medidas cabíveis em lei para garantir a tranquilidade dos trabalhos legislativos.
Por essa ninguém esperava. Mas a atitude de Talis demarcou muito bem o que será feito caso qualquer situação constrangedora volte a acontecer.