O vereador Paulo Azeredo (PDT) “brincou” na quinta-feira que merecia três vezes mais tempo de tribuna de tanto que os colegas de Legislativo falam dele. Parlamentar que mais se coloca como oposição ao governo, o pedetista não hesita em questionar ou apontar pontos da Administração que não considera corretos. É claro que, com isso, vira o foco dos ataques (ou das defesas, dependendo do ponto de vista de quem vê).
A bola da vez, que motivou o comentário, foram as críticas que o ex-prefeito fez à ponte que dá acesso ao Baixio, enfim reinaugurada mais de três anos depois do temporal que fez a estrutura original ceder. Paulo Azeredo entende que não precisaria ter sido feita uma nova ponte no local. Em sua percepção, a solução seria simples: conseguir um guincho, levantar o lado que cedeu e colocar calços embaixo para devolver o acesso à comunidade de forma rápida e barata. Ele também avalia que a obra feita tornou a passagem muito estreita e não oferece solução segura a pedestres e ciclistas. A base governista, então, dedicou boa parte da sessão à lembrar o vereador que ele, de fato, não é um engenheiro.
“Eu sou formado em eletrotécnica, então, se alguém vier discutir comigo sobre eletricidade e instalações, eu vou conseguir discutir de igual pra igual. Mas não tenho condições de discutir sobre uma ponte porque eu não sou profissional numa área de ponte”, declarou o presidente da Câmara, Juarez Vieira da Silva (PTB). Ele ainda frisou que é responsabilidade do prefeito seguir o projeto técnico de profissionais habilitados. “Infelizmente, quando foi prefeito, o senhor teve várias situações que está pagando até hoje; por pensamento próprio, e de não seguir o que um profissional da área determinou”, disse a Azeredo. Felipe Kinn (MDB) complementou: “Sabemos que o colega Paulo Azeredo paga, até hoje, por coisas irregulares que não deveriam ter sido feitas daquela forma.” Deve ter doído.
Valdeci Castro (Republicanos), que parece ter pego gosto pela prática, também foi lembrar de erros do Governo Azeredo na tribuna. Usou o caso dos contracheques, de 2013, quando servidores tiveram dados pessoais e financeiros expostos pela Administração; o que acarretou no pagamento de indenizações. Para o republicano, as críticas atuais que Paulo faz ao Governo Zanatta são motivadas por “um pouco de brabeza com o atual prefeito devido a alguma situação que aconteceram no passado.” Valdeci disse até que quer botar Azeredo e Zanatta numa sala pra tentar aparar as arestas no relacionamento. Seria bonito de ver!
Lembranças do passado à parte, será interessante ficar de olho para ver se, no futuro, os mesmos vereadores que criticam Paulo também não farão avaliações técnicas de obras e serviços das quais não sejam especialistas ou tenham formação. Uma questão de coerência! Justo apontar, também, que o projeto da ponte foi elaborado pela administração anterior e teve o recurso salvo pelo Governo Zanatta no último momento em função do atraso na execução. Garantiu o benefício para a cidade; e, agora, se ainda houver possibilidade de mudanças para privilegiar pedestres e ciclistas, que se promova a discussão. Já quanto a Azeredo, ainda que a “solução” proposta para a ponte seja questionável, é seu direito e função como vereador, mesmo, fiscalizar os atos do Executivo. Isso, por mais que o “ataquem”.
Aleluia
A assinatura do contrato com a empresa que vai pavimentar parte da rua Bélgica, no bairro Imigração (foto), feita na semana passada, chama atenção à demora nos trâmites dos contratos públicos. A maior parte da obra é paga com uma emenda da União apontada pelo deputado Pedro Westphalen (Progressistas) ainda no meio de 2019, há mais de dois anos. Claro que há uma parcela de culpa da pandemia, mas, com ela, também toda uma burocracia de análise de projeto na Caixa, autorização de crédito na Câmara, processo licitatório, pedidos de esclarecimento, impugnação…Uma novela.
Cadê?
O vereador Paulo Azeredo foi visitar o pátio da secretaria de Viação e Serviços Urbanos. Como o secretário responsável não estava, foi recebido e acompanhado por dois guardas municipais. Quis verificar a situação do lixo deixado no terreno da secretaria, que ainda não está resolvida. Agora, soube que os mesmos servidores que o receberam acabaram sendo transferidos de setor. Paulo acha que pode ter havido represália do governo à dupla que lhe atendeu na ausência do titular da pasta. Está buscando respostas.
A coluna questionou a Administração sobre o caso; que negou veementemente qualquer relação da transferência com a visita do vereador. O que ocorre, desde junho, é um rodízio dos guardas que, a cada mês, atuam em locais diferentes. “Nunca, em momento algum, houve transferências como ‘represálias’ políticas, o que seria indigno do comando da corporação e das lideranças da Secretaria de Viação e Serviços Urbanos”, frisou o governo.
Descaso com a Educação
O Governo Leite determinou que a ida dos estudantes às aulas presenciais passará a ser obrigatória, em todo o Estado, com o abrandamento da pandemia. Ao mesmo tempo, segue sem oferecer uma solução ao Colégio Polivalente que, há mais de um ano, está com várias salas sem energia elétrica. Teriam os estudantes que voltar pras aulas presenciais no escuro?
O vereador Talis Ferreira (PP) vem acompanhando de perto a pauta e fez fortes críticas ao governo estadual na tribuna semana passada. O parlamentar já ajudou a levar a demanda ao Ministério Público e teve várias reuniões com responsáveis sobre o tema. Diz que só recebeu explicações furadas. Nada de solução. E aí, governador?
De olho
O vereador Valdeci Castro elogiou a decisão da família de Aldana, falecido domingo, de não fazer o velório na Câmara de Vereadores após o desgastante processo de impeachment que “Paraguaio” viveu lá. Amigo pessoal e único defensor do ex-prefeito no Legislativo em meio à cassação, Valdeci já avisou esperar que, agora após a morte, os colegas por lá não se prestem a fazer homenagens vazias a Aldana. Quer coerência.
Mexeram com as remoções…
Normalmente bastante alinhado com o governo municipal por seu trabalho como servidor na Saúde, Sérgio Souza (PSB) surpreendeu ao disparar críticas contra o prefeito na última quinta-feira. Chegou a declarar que os funcionários públicos teriam virado incômodo para os políticos; e questionou a valorização dada aos servidores pela Administração. É que Souza descobriu um contrato de R$ 18 mil da Prefeitura com uma empresa terceirizada para o serviço de remoções. É onde ele atua há anos. O vereador entende que é um jeito para a Prefeitura não pagar as horas extras aos funcionários de carreira que já atuam no transporte de pacientes. Isso, ele vê como uma afronta.
Resposta
Questionada, a Administração Municipal esclareceu à coluna que o contrato com essa terceirizada existe desde 2019. Tem um formato de sobreaviso, sendo pago somente quando é utilizado até o limite dos R$ 18 mil mensais. É acionado só diante da necessidade de transferência de pacientes em situações emergenciais; fora do horário de expediente. “Manter uma estrutura própria exigiria o pagamento de horas extras em tempo integral, o que geraria um custo desnecessário. Trata-se, portanto, de zelar e aplicar bem as verbas públicas”, destacou.