A estrutura social está em constantes mudanças. Cada pessoa, à sua maneira, acompanha as alterações. O idoso também. Ele pode aprender novos papéis e abandonar os antigos. Mas de que maneira a sociedade colabora para que desempenhe com sucesso, é uma questão a pensar.
Por um lado, a aposentadoria por tempo de serviço expressa reconhecimento social. De certo modo, pretende preservar o idoso de maiores esforços, poupá-lo de tarefas desgastantes. Aparentemente é uma forma de premiá-lo pela vida produtiva, provendo-lhe amparo financeiro para que se dedique mais ao lazer e ao descanso.
Contudo, o idoso não é preparado para as perdas a que estará sujeito. Mesmo que a pensão de aposentado bastasse para as necessidades materiais, o que é raro, restará o vazio psicológico e social a preencher.
De maneira geral, o que mais aparece são desvantagens da nova situação. Aquele que detinha cargos de confiança é afastado e substituído por outro mais jovem e mais dinâmico; quem se considerava independente, responsável por si mesmo, torna-se dependente do Estado e da família. A família, da mesma forma, encontra-se em estado de stress e atarefada, pois está em plena fase de produção, demonstrando pouco tempo para conversar e ouvir os pais. Justo agora, que eles têm tanto para falar.
Desta maneira penso que o ideal seria oportunizar ao idoso a independência, resgatando seus valores, facilitando a adaptação nessa nova situação, sem deixar de lado a assistência necessária, tanto física como afetiva.
Pesquisas mostram que a incidência de doenças psicossomáticas e degenerativa são mais frequentes entre aposentados que não têm alguma atividade, do que aqueles que se mantêm ocupados por alguma escolha.
Portanto, temos que repensar os planos para eles. É benéfico que todo ser humano sinta-se participante da sociedade em que vive. Assim como é necessário receber do Estado, ao qual tanto colaborou, o retorno econômico para viver com dignidade seus anos de descompromisso.
Felizmente, nos dias de hoje, muitos idosos dizem estar na melhor idade. Com os filhos criados podem ausentar-se de casa, fazer parte de atividades de voluntário, participam da educação dos netos, que sempre é renovador, frequentam grupos de iguais, dançam, viajam.
Após a euforia dos meses iniciais de sentir-se descompromissados do trabalho, é importante que as pessoas procurem sua nova identidade e encontrem sua realização.