Demorou, mas finalmente os produtores de frutas, de aves e de suínos do interior de Montenegro se uniram para demonstrar a sua força. E não podiam ter escolhido momento mais apropriado: a solenidade de abertura da safra de citros. O evento, em geral festivo, costuma levar para a zona rural políticos e autoridades que, às vezes, nem sabem a diferença entre uma bergamota e um limão, mas aproveitam a oportunidade para fazer promessas que esquecem logo depois do delicioso café colonial com que são recebidos. Desta vez, não. Na propriedade da família Kauer, em Santos Reis, eles foram os protagonistas. De forma pacífica e ordeira, mas muito firme, exigiram melhores estradas e resgataram um princípio básico da Democracia: não é o cidadão que serve ao governo, mas o governo que precisa servir ao cidadão.
Estradas e assistência
Com dezenas de faixas e cartazes, os agricultores fizeram basicamente dois pedidos: estradas de qualidade e técnicos para dar suporte à atividade primária. Por falta de máquinas, equipamentos e de gestão, as vias do interior nada mais são do que trilhos estreitos e esburacados, por onde o tráfego de carros e caminhões está se tornando impossível. Em algumas comunidades, o escoamento da safra é seriamente comprometido. Se não conseguirem vender a produção, não há renda e nem impostos, mas parece que nossas autoridades têm dificuldade de compreender algo tão lógico.
Impostos
Ao longo da estrada que leva até a propriedade da família Kauer, foi perfilada mais de uma centena de caminhões, máquinas e tratores. Nem todos estes veículos pagam IPVA, é verdade, mas uma grande parte dos seus altos custos é imposto embutido. Seguramente, 100% das aves e suínos são tributados e a maior parte das frutas também. Além disso, tudo que estas famílias recebem como pagamento pelo trabalho é gasto no comércio montenegrino. Então não cabe mais o discurso de que a geração de impostos na agropecuária é pequena para justificar o abandono.
No inverno?
Pressionado pelos produtores, o prefeito Kadu usou o mesmo discurso de sempre: falta de dinheiro. Também pediu 60 dias para mudar a realidade. Trata-se, infelizmente, de mais uma simples promessa. Se não houve manutenção das vias no verão, quando o sol e o calor deram condições a este trabalho, não será agora, em meio ao frio e à umidade do inverno, que ele ocorrerá.
Autocrítica
Convidado a subir ao palanque das autoridades, o presidente da Câmara Municipal, Cristiano Braatz (MDB), se recusou, supostamente em solidariedade aos produtores rurais. Errou! Ele estava lá como chefe do PODER LEGISLATIVO, para ouvir as cobranças. E apesar dos pedidos de providências que apresentam, talvez suas excelências não estejam fazendo tudo que podem. A situação merece, no mínimo, uma autocrítica.
O básico
Previsível que, em situações assim, alguns políticos procurem empurrar as responsabilidades para outros, mas o prefeito é, sim, o grande responsável pela situação em que as estradas se encontram. Há quase dois anos no poder, já houve tempo para recuperar o parque de máquinas, adquirir os equipamentos que faltavam, licenciar saibreiras ou até mesmo terceirizar alguns trabalhos. Talvez esteja faltando o básico: entregar a tarefa a quem entende do assunto. Para esse erro, não existe perdão.
Pouco tempo
Lamentável o comportamento do novo secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Ari Müller, após a manifestação dos produtores. Ele chegou ao evento com o crédito de quem assumiu a função há apenas duas semanas, mas em poucas horas incinerou esse “capital”. É que os produtores forçaram os políticos a retornarem à cidade pela estrada de Linha Catarina, uma das mais esburacadas do Município, para que experimentassem o que eles enfrentam diariamente. O prefeito e o secretário concordaram, mas Müller mudou de idéia e tentou furar o bloqueio para retornar por Campo do Meio.
Consequências
Com o veículo cercado por manifestantes, que o obrigaram a parar, o novo secretário perdeu as estribeiras. “Isso vai ter consequências”, afirmou, em tom ameaçador. A única “consequência” aceitável é a melhoria imediata das estradas, secretário.
Eleição
Nesta quarta-feira, dia 29, às 18h, o Partido Democrático Trabalhista realiza sua convenção. O evento ocorre na sala 10 do Edifício Riograndense, em frente à Praça Rui Barbosa. Filiados e simpatizantes farão a eleição do Diretório e, depois, da executiva municipal. Atualmente, o presidente da legenda é o vereador Erico Fernando Velten.
A vereador
Depois de muitas especulações sobre o seu futuro político, o ex-vereador Gustavo Zanatta decidiu ficar no Progressistas. Pré-candidato a prefeito até o momento em que a legenda decidiu abraçar Kadu Müller, que deve buscar a reeleição, Zanatta está disposto a recomeçar. A princípio, concorre à Câmara. Se o partido não precisar dele para o Executivo.
RAPIDINHAS
Condenado em ações por danos morais, o radialista Pedro Jalvi Machado da Rosa ficou algumas horas preso na semana passada. Ele deixou de fazer os pagamentos determinados pela Justiça e acabou sendo “recolhido”. Foi liberado no momento em que regularizou a situação.
O vereador Juarez Vieira da Silva (PTB) está lançando um aplicativo de celular para ficar ainda mais próximo dos seus eleitores. Pedidos, sugestões e fiscalização do trabalho parlamentar, de forma transparente, podem ser feitos com alguns cliques.
Nos bastidores, estaria sendo preparada uma mudança na Lei Orgânica do Município para que, em caso de vacância no cargo de prefeito, a escolha do substituto seja feita por eleição indireta pela Câmara de Vereadores.
Vereador Valdeci Alves de Castro (PSB) garante que foi convidado pela Administração a escolher uma secretaria para assumir assimn que tiver interesse. Disse que não aceitou e vai revelar o autor do convite na tribuna da Câmara.
Os secretários municipais da Fazenda, José Nestor Bernardes; da Indústria Comércio e Turismo, Elias da Rosa; da Saúde, Cristina Reinheimer; e o chefe de gabinete do prefeito, Rafael Riffel, são chamados pela oposição de “legião estrangeira”. Por morarem em Sapucaia do Sul, Porto Alegre e Pareci Novo.
Desconto no IPTU
A Câmara aprovou por unanimidade, na sessão de quinta-feira, um projeto de lei do vereador Neri de Mello Pena, o Cabelo (PTB), que concede desconto de até 90% no IPTU para pacientes de Câncer e outras doenças graves. A proposta tem alcance social indiscutível, mas chama a atenção que não tenha vindo acompanhada de um estudo de impacto financeiro, já que representa redução de receitas para o Município se for sancionada pelo prefeito.
Dois pesos – O comportamento de suas excelências é, no mínimo, curioso. Quando fazem uma lei que significa menos recursos nos cofres públicos, os vereadores votam no escuro. Já quando o governo quer diminuir gastos com pessoal, modificando o Plano de Carreira dos servidores, para que sobre mais dinheiro para investir, negam-se a fazê-lo antes de saber quanto será economizado.