“Voar, voar… Subir, subir…”

Dia destes, li um texto, que tratava sobre nossas “zonas de conforto”.

Ele fazia um questionamento interessante: “Vale mais uma vida numa linha tênue de estabilidade, ou vale uma vida onde sou o responsável por direcionar meus próprios movimentos? ”

Com este questionamento, não pude deixar de pensar em Ícaro, um emblemático personagem mitológico.

Ícaro era filho de Dédalo, um engenhoso arquiteto e inventor, criador do labirinto do Minotauro. Para ele e seu filho fugirem das garras do rei Minos, constrói dois pares de asas. Antes do voo, faz duas advertências a Ícaro: não voar muito baixo, pois a água do mar poderia molhar as penas e emperrar as engrenagens; não voar muito alto, pois o calor do sol derreteria a cera que fixava as penas nas asas. Nos dois casos, isto significaria uma queda fatal.

Eles alçam voo. Quando Dédalo se dá conta, Ícaro já estava tão alto que não mais escuta seus gritos para que se afaste do sol. A queda é inevitável. Dédalo nada pode fazer.

Uma das questões centrais do mito é clara: as mesmas asas que nos fazem voar para a liberdade podem nos levar à queda, destas tantas que sofremos ao longo da vida, quando nos deixamos levar cegamente por um desejo.

Contrariando a voz do seu pai, que representa o arquétipo do velho sábio, e que lhe indica o caminho do meio, Ícaro é intoxicado pela sensação de liberdade e pelo deslumbramento da imagem solar.

Quem nunca foi tomado pela imagem que fez de alguém, de um amor ou de um bem material?  Muitas vezes, tal Ícaro, não nos damos conta de que o que necessitamos não está na imagem do que buscamos, mas na sua representação dentro de nós.

O mito também alerta sobre o peso de uma vida medíocre, sem sonhos, sem planos, sob o jugo de normas e convenções. Ícaro paga um alto preço!Não por ter arriscado, mas por não ter encontrado o equilíbrio necessário. E não há outro modo: é voando que se encontra o melhor ponto. Nossas escolhas tem a mesma representação deste voo iniciático de Ícaro: só há sensações, nenhuma certeza.

Então, não é o voo (ou sua ausência) que nos destrói, mas nossa inconsciência em relação a nós mesmos, no tempo e lugar onde estamos.

Seja qual for nossa escolha(permanecer na zona de conforto ou não), Ícaro sempre estará lá… Para mostrar, aos que optaram pela mudança, que o voo da vida é alimentado pelo sonho. Aos que desistiram de lutar por voos mais altos, questionará de forma impiedosa: de que serve, afinal, uma vida sem sentido?
Paz e bem!!!

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