Sobre os ciclos da vida

No texto anterior, apresentei uma breve ideia sobre a Teoria dos Setênios, do filósofo austríaco Rudolf Steiner. Um conceito que aborda o desenvolvimento humano através de ciclos de sete anos. Estes ciclos se equivaleriam a ciclos da natureza.
Mesmo que eles não correspondam fielmente aoChronos (o tempo cronológico), reforçam a ideia de um tempo ideal para o acontecimento de cada coisa. Este seria o Kairós (o tempo oportuno).
Psicologicamente, estes conceitos observados por Steiner, no final do séc. XIX, ainda são de extrema utilidade. Mesmo que as realidades culturais, por eleobservadas, reforcemcerto abismo entresua época e a atual, o sentido (ainda) estáemtentar perceber “os tempos” do nosso próprio ciclo.
A vida pode até não exigir uma adequação ao tempo, mas, psiquicamente, nos cobra algo por isto. O que é percebido, principalmente, pela consciência. Ou, melhor, pela sua falta.
A falta desta“consciência do nosso tempo”, como consequência, levaà parcialidade.
Nossa “consciência de tempo” deveria se dar através do “todo”. Isto se faz evidente, quando pensamos no contexto ocidental no qual estamos inseridos. Uma culturafundamentada e sustentada no Eu (ego).Nela, dificilmente, se pensa no “todo”. O que predomina, é a ótica do “tudo”.Então, pensar-se a partir da lógica do “todo”, seria uma atitude esperadaefundamentalà vida.
Se a primeira grande metade da existência, para a maioria das pessoas, gira em torno da realização dos desejos infantis,é nesta fase que se espera um heróiem ação.Ele busca batalhas e vitórias. Necessita provar seu valor, para si e para o mundo. Mas há a segunda metade. E ela se dá pelo reconhecimento do humano. Nem heróis, nem deuses. Há uma porção humana a ser resgatada e um legado a ser deixado.
Logo, os ciclos de Steiner levam a refletir sobre dois grandes momentos:ascensão e declínio. Na primeira fase, enquanto o Eu (Ego) se desenvolve, o espírito se dilui. Jána segunda, frente ao inevitáveldeclínio do corpo, cabe ao espírito dar sustento para equilíbrio natural da vida.
Fechar-se em si, em qualquer um dos ciclos,aponta parauma jornada incompleta. Uma vida que ficou (ou está ficando) pelo caminho. Alienadano paraíso infantil.
Mais importante que perceber um novo ciclo se iniciando é reconhecer quando outro se acaba. Todo tempo, em algum momento, seencerra.
Quanto mais nos distanciamos da natureza do nosso tempo, mais distantes estamos do melhor que podemos vir a ser naquele momento.

Paz e Bem!

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